Os ingleses, o PSD, o Brasil e a senhora Merkel - jorge carreira maia
" Um problema para a Europa. Em breve, Angela Merkel abandonará o cargo de Chanceler."
A invasão inglesa. Depois da impotência no controlo nos festejos dos adeptos sportinguistas, tivemos agora direito à invasão inglesa, motivada também pelo futebol. Adeptos do Chelsea e do Manchester City acharam por bem eximir-se ao cumprimento das regras a que os cafres estão sujeitos. As autoridades, por seu turno, decidiram apostar na falta de comparência. Não me refiro à polícia, claro. Refiro-me aos responsáveis políticos. Talvez tenham tido medo de pôr em causa a mais velha aliança do mundo ou então recearam um novo ultimato inglês. Se foi um destes casos, só podemos louvar o talento político do Ministro da Administração Interna, caso tenhamos um.
A zanga do PSD. Decorreu mais um congresso do Chega, um partido político dirigido por um candidato a pastor evangélico. Consta que o espectáculo não foi edificante. O mais notável foi a zanga do PSD. Durante os dias de congresso, o PSD e Rui Rio foram bombos da festa. Como quem não se sente não é filho de boa gente, o PSD sentiu-se, zangou-se e não foi ao encerramento do congresso. Ora, o PSD anda tão embevecido com a nova maravilha que ainda não notou que o grande inimigo do Chega é o próprio PSD. O partido de Ventura não tem qualquer capacidade para penetrar no eleitorado de esquerda. Como o CDS é uma sombra fantasmática do que foi, resta ao Chega tentar devorar o PSD, para liquidar a direita democrática. Costa ri seráfico, mas o riso de Costa é tão idiota quanto a normalização do Chega empreendida pelo PSD.
Talvez esteja a acordar. Refiro-me ao Brasil. Depois de terem eleito Bolsonaro, um político completamente impreparado e que vive num universo paralelo, dominado pelas mais extraordinárias fantasias, os brasileiros começam a perceber o preço da brincadeira. A gestão da pandemia é apenas o caso mais notório de um descalabro com consequências nacionais e internacionais, devido ao peso que o Brasil tem no mundo, bem como na floresta da Amazónia, uma das vítimas do bolsonarismo.
Um problema para a Europa. Em breve, Angela Merkel abandonará o cargo de Chanceler. De todos os políticos democráticos do mundo ocidental, ela é a mais consistente, a mais estruturada, mas também a mais humilde e sóbria. Ela é, por outro lado, um exemplo de líder que acredita nos valores democráticos. Nunca tergiversou sobre eles, nunca se aliou com o diabo – isto é, a extrema-direita – por uma questão de poder. Nunca abandonou os princípios, mesmo quando isso poderia ter consequências para o seu poder. Aqueles que acreditam na democracia liberal e no projecto europeu vão ter muitas saudades da senhora Merkel.
Os ingleses, o PSD, o Brasil e a senhora Merkel - jorge carreira maia
Um problema para a Europa. Em breve, Angela Merkel abandonará o cargo de Chanceler.
A invasão inglesa. Depois da impotência no controlo nos festejos dos adeptos sportinguistas, tivemos agora direito à invasão inglesa, motivada também pelo futebol. Adeptos do Chelsea e do Manchester City acharam por bem eximir-se ao cumprimento das regras a que os cafres estão sujeitos. As autoridades, por seu turno, decidiram apostar na falta de comparência. Não me refiro à polícia, claro. Refiro-me aos responsáveis políticos. Talvez tenham tido medo de pôr em causa a mais velha aliança do mundo ou então recearam um novo ultimato inglês. Se foi um destes casos, só podemos louvar o talento político do Ministro da Administração Interna, caso tenhamos um.
A zanga do PSD. Decorreu mais um congresso do Chega, um partido político dirigido por um candidato a pastor evangélico. Consta que o espectáculo não foi edificante. O mais notável foi a zanga do PSD. Durante os dias de congresso, o PSD e Rui Rio foram bombos da festa. Como quem não se sente não é filho de boa gente, o PSD sentiu-se, zangou-se e não foi ao encerramento do congresso. Ora, o PSD anda tão embevecido com a nova maravilha que ainda não notou que o grande inimigo do Chega é o próprio PSD. O partido de Ventura não tem qualquer capacidade para penetrar no eleitorado de esquerda. Como o CDS é uma sombra fantasmática do que foi, resta ao Chega tentar devorar o PSD, para liquidar a direita democrática. Costa ri seráfico, mas o riso de Costa é tão idiota quanto a normalização do Chega empreendida pelo PSD.
Talvez esteja a acordar. Refiro-me ao Brasil. Depois de terem eleito Bolsonaro, um político completamente impreparado e que vive num universo paralelo, dominado pelas mais extraordinárias fantasias, os brasileiros começam a perceber o preço da brincadeira. A gestão da pandemia é apenas o caso mais notório de um descalabro com consequências nacionais e internacionais, devido ao peso que o Brasil tem no mundo, bem como na floresta da Amazónia, uma das vítimas do bolsonarismo.
Um problema para a Europa. Em breve, Angela Merkel abandonará o cargo de Chanceler. De todos os políticos democráticos do mundo ocidental, ela é a mais consistente, a mais estruturada, mas também a mais humilde e sóbria. Ela é, por outro lado, um exemplo de líder que acredita nos valores democráticos. Nunca tergiversou sobre eles, nunca se aliou com o diabo – isto é, a extrema-direita – por uma questão de poder. Nunca abandonou os princípios, mesmo quando isso poderia ter consequências para o seu poder. Aqueles que acreditam na democracia liberal e no projecto europeu vão ter muitas saudades da senhora Merkel.
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Em 2012, o psicólogo social Jonathan Haidt publicou a obra A Mente Justa: Porque as Pessoas Boas não se Entendem sobre Política e Religião. Esta obra é fundamental porque nos ajuda a compreender um dos dramas que assolam os países ocidentais, cujas democracias se estruturam, ainda hoje, pela dicotomia esquerda–direita. |
![]() Imagino que as últimas eleições terão sido oportunidade para belos e significativos encontros. Não é difícil pensar, sem ficar fora da verdade, que, em muitas empresas, patrões e empregados terão ambos votado no Chega. |
![]() "Hire a clown, get a circus" * Ele é antissistema. Prometeu limpar o aparelho político de toda a corrupção. Não tem filtros e, como o povo gosta, “chama os bois pelo nome”, não poupando pessoas ou entidades. |
![]() A eleição de um novo Papa é um acontecimento sempre marcante, apesar de se viver, na Europa, em sociedades cada vez mais estranhas ao cristianismo. Uma das grandes preocupações, antes, durante e após a eleição de Leão XIV, era se o sucessor de Francisco seria conservador ou progressista. |
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» 2025-07-03
» Jorge Carreira Maia
Direita e Esquerda, uma questão de sabores morais |