Pornografia na sala de aula
"Um encarregado de educação, nos EUA, queixou-se de que os alunos foram expostos a pornografia, numa aula sobre arte do Renascimento."
Um encarregado de educação queixou-se da nudez a que os alunos, de 11 e 12 anos, de uma escola pública da Florida (EUA), tinham sido sujeitos, numa aula sobre a arte do Renascimento. Foram expostos a pornografia, argumentou (ver aqui). Tratava-se de reproduções da estátua de David e da pintura A Criação de Adão, ambas de Miguel Ângelo, bem como de O Nascimento de Vénus, de Sandro Botticelli. A definição de pornografia é disputada, mas a proposta por Caroline West, na entrada “Pornography and Censorship”, da Stanford Encyclopaedia of Philosophy, é uma definição aceitável: Pornografia é material sexualmente explícito (verbal ou pictórico) que é principalmente concebido para produzir excitação sexual nos espectadores. A alegação do encarregado de educação é manifestamente falsa, pois as obras em questão estão longe de preencherem os critérios da definição de pornografia.
Podemos pensar que se tratou de um caso de excesso doentio de puritanismo, um episódio sem relevo. Seria cair no erro. A directora da escola pública foi obrigada a apresentar a demissão. O incidente é revelador de um profundo conflito, de natureza política, que está a atravessar as sociedades ocidentais, embora, de momento, seja mais explícito nos EUA ou no Brasil. O que está em jogo é a relação muito tensa entre uma parte da sociedade que adopta valores liberais, não apenas na economia, mas no modo de vida, onde a liberdade individual é o bem supremo a respeitar, e outra parte dessa mesma sociedade que tem uma perspectiva comunitarista conservadora, que se sente perdida num mundo onde os valores liberais predominam, nomeadamente, os que se relacionam com a sexualidade. Para se perceber esta posição vale a pena ler um livro de Rod Dreher, The Benedict Option. A Strategy for Christians in a Post-Christian Nation.
Este tipo de conservadorismo comunitarista é um dos elementos estruturais daquilo a que os cientistas políticos Roger Eatwell e Matthew Goodwin denominam como nacional-populismo e que está por detrás de políticos como Donald Trump, e parte substancial dos Republicanos, de Jair Bolsonaro e de inúmeros movimentos e partidos políticos na Europa, entre eles o Chega. A radicalização política a que se assiste não se funda em problemas da distribuição de rendimentos, embora estes façam parte da equação, mas num conflito cultural sobre o modo como se deve organizar a sociedade, de que o episódio da interpretação da arte renascentista como pornografia é um reflexo. A questão que se coloca é a de saber até que ponto as comunidades políticas e a liberdade individual como bem último são compatíveis.
Pornografia na sala de aula
Um encarregado de educação, nos EUA, queixou-se de que os alunos foram expostos a pornografia, numa aula sobre arte do Renascimento.
Um encarregado de educação queixou-se da nudez a que os alunos, de 11 e 12 anos, de uma escola pública da Florida (EUA), tinham sido sujeitos, numa aula sobre a arte do Renascimento. Foram expostos a pornografia, argumentou (ver aqui). Tratava-se de reproduções da estátua de David e da pintura A Criação de Adão, ambas de Miguel Ângelo, bem como de O Nascimento de Vénus, de Sandro Botticelli. A definição de pornografia é disputada, mas a proposta por Caroline West, na entrada “Pornography and Censorship”, da Stanford Encyclopaedia of Philosophy, é uma definição aceitável: Pornografia é material sexualmente explícito (verbal ou pictórico) que é principalmente concebido para produzir excitação sexual nos espectadores. A alegação do encarregado de educação é manifestamente falsa, pois as obras em questão estão longe de preencherem os critérios da definição de pornografia.
Podemos pensar que se tratou de um caso de excesso doentio de puritanismo, um episódio sem relevo. Seria cair no erro. A directora da escola pública foi obrigada a apresentar a demissão. O incidente é revelador de um profundo conflito, de natureza política, que está a atravessar as sociedades ocidentais, embora, de momento, seja mais explícito nos EUA ou no Brasil. O que está em jogo é a relação muito tensa entre uma parte da sociedade que adopta valores liberais, não apenas na economia, mas no modo de vida, onde a liberdade individual é o bem supremo a respeitar, e outra parte dessa mesma sociedade que tem uma perspectiva comunitarista conservadora, que se sente perdida num mundo onde os valores liberais predominam, nomeadamente, os que se relacionam com a sexualidade. Para se perceber esta posição vale a pena ler um livro de Rod Dreher, The Benedict Option. A Strategy for Christians in a Post-Christian Nation.
Este tipo de conservadorismo comunitarista é um dos elementos estruturais daquilo a que os cientistas políticos Roger Eatwell e Matthew Goodwin denominam como nacional-populismo e que está por detrás de políticos como Donald Trump, e parte substancial dos Republicanos, de Jair Bolsonaro e de inúmeros movimentos e partidos políticos na Europa, entre eles o Chega. A radicalização política a que se assiste não se funda em problemas da distribuição de rendimentos, embora estes façam parte da equação, mas num conflito cultural sobre o modo como se deve organizar a sociedade, de que o episódio da interpretação da arte renascentista como pornografia é um reflexo. A questão que se coloca é a de saber até que ponto as comunidades políticas e a liberdade individual como bem último são compatíveis.
![]() 1. Santo António era, na verdade, uma pequena aldeia, um alinhamento de casas que se foi somando ao longo da medieval “estrada de Alcorochel”, bem na periferia da vila. No final do século XX, a gente mais velha ainda dizia que ia à vila, que começava a meio da ladeira de Santiago. |
![]() Fartei-me de andar à boleia quando era novo. Havia a teoria de que duas pessoas seriam o ideal para nos fazermos à estrada, que só uma era aborrecido e três já seria gente a mais para fazer parar um carro. Em A Arte da Viagem-Uma Poética da Geografia, o filósofo francês Michel Onfray diz o mesmo para o acto de viajar em geral, com o qual concordo em parte, pois há situações em que viajar sozinho tem as suas vantagens (o sentido de observação é dez vezes maior), embora outras em que a ausência tem o peso de uma desoladora presença. |
![]() A cidade apresenta-se engalanada. Assinala-se a feira da época, uma vez mais integrada na época da Idade Moderna Portuguesa (séc. XVI), ainda no reinado de D. João III. Talvez por influência da igualdade do género, e quando da comemoração do 130. |
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Gostamos de ver as coisas a acontecer. Gostamos de cidades dinâmicas, hipóteses e oportunidades. Gostamos do poder de escolha e de ter a possibilidade de optar, seja pelo sim ou pelo não, por fazer ou ficar a ver. |
![]() No Público online de 28 de Maio, há uma entrevista interessante a Mohan Mohan, antigo gestor da Procter & Gamble, uma multinacional detentora de inúmeros marcas bem conhecidas dos consumidores portugueses. A entrevista tem um curioso título: Se os gestores fossem movidos por valores, não teríamos a crise que enfrentamos hoje. |
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![]() Vertendo a prosápia para politicamente correcto, e como assegura dito antigo, mais depressa se apanha uma pessoa dada a fantasias e à deturpação da realidade do que um cidadão com deficiência ao nível da locomoção. |
![]() Há Palladio para além de Vicenza, mas pensar em Vicenza é pensar em Palladio, Andrea Palladio, o grande arquitecto do Renascimento Italiano. Daí não aceitar o sacrilégio de ir de comboio de Pádua a Verona sem pôr os pés, mas sobretudo os olhos, em Vicenza. |
![]() Acredito que o calor súbito destrambelhe o mais avisado. As mudanças bruscas de temperatura acompanhadas de ventos em assobiadelas enlouquecidas, desatinam os mais precautos, já de si com os nervos a desmalharam a teia da lucidez, após anos de grande aperto, como os da pandemia covídica. |
» 2023-06-08
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Uma Paladina Cidade - josé ricardo costa |