6. O Partido Republicano em Alcanena (1907-1908)
Em Março de 1907 é decretado o início da greve académica em Coimbra, com a reprovação do candidato a Doutor José Eugénio Dias Ferreira, que em Janeiro, aderira ao PRP. A acção política de João Franco em relação à Universidade e a gradual influência republicana no meio académico, radicaliza a situação. Em 11 de Abril é aprovada uma lei de imprensa, cujo objectivo era conter os ataques dos republicanos e da dissidência progressista. Com o apoio de D. Carlos I, João Franco, em Maio, dissolve o parlamento sem marcar novas eleições, começando a governar à turca. A 27, é realizado um comício republicano em Lisboa, com a destacada presença de importantes figuras monárquicas. Subsequentemente, são dissolvidos os vários órgãos de administração local, como as câmaras municipais e juntas de paróquia, sendo substituídas por comissões administrativas. A censura à imprensa vai apertando, e no início de 1908, são presos vários dirigentes republicanos implicados numa conspiração para derrubar o regime: França Borges, João Chagas, Alfredo Leal, Vítor de Sousa, António José de Almeida e Luz de Almeida. No mesmo instante, sai a lume o Manifesto do Directório Republicano, em que se assumia ser importante «suprimir as opressões e não os homens do regime». A oposição ao Governo crescia, não só dentro do seio do PRP, como também da Maçonaria, da Carbonária e, até, dos partidos rotativistas da Monarquia Constitucional. Após a prisão dos aludidos dirigentes, Afonso Costa, José Maria de Alpoim, Ribeira Brava e Egas Moniz tomam o comando. A tentativa de golpe gorou, tendo sido detidos os seus conspiradores à excepção de Alpoim, que refugia-se e, em seguida, exila-se em Espanha. É intensificada a repressão, e a 31 de Janeiro é aprovado um decreto que previa a expulsão do país ou a deportação para as colónias de quem conspirasse contra a segurança do Estado. A 1 de Fevereiro dá-se o Regicídio, com a morte de D. Carlos e do seu filho D. Luís.
Local
Em 1907, o escultor Simões de Almeida (sobrinho), figura ligada aos quadros republicanos, muda-se para Alcanena. No comício republicano desse ano, o concelho de Torres Novas é representado por Augusto dos Santos Trincão, residente em Alcanena.1 Em 15 de Novembro, na sessão da Comissão Municipal Republicana, o directório composto por José Soares Isaac, António Namorado e Arnaldo de Carvalho, denuncia o «abandono» em que alguns membros deixaram a referida comissão, nomeadamente António Vassalo, Salles Vellez, João da Silva Costa e José Estevão Queiroz. Queiroz, na mesma sessão, é referido como um «trabalhador incansável pela causa da República, e desculpável por fazer parte da Comissão Paroquial de Alcanena, onde tem prestado grandes serviços».2 Por essa altura abre em Alcanena o Centro Escolar Republicano Dr. Anselmo Xavier, que em Dezembro, pela mão de Simões de Almeida, começa a leccionar português, francês e escrituração comercial.3 Atente-se que a figura do centro político formalmente como Centro Republicano Dr. Anselmo Xavier só iria surgir mais tarde. Entretanto, o notário Joaquim Albino da Silveira – moderado e mais tarde unionista –, é substituído na direcção do periódico O Povo de Alcanena. O jornal radicaliza-se, e em 13 de Fevereiro é suspenso, devido à sua posição perante o Regicídio. (Continua no próximo número).
?
1 Jornal Torrejano, nº1:177,
2 de Maio de 1907.
2 Jornal Torrejano, nº1:206,
21 de Novembro de 1907.
3 Almanaque Republicano.
6. O Partido Republicano em Alcanena (1907-1908)
Em Março de 1907 é decretado o início da greve académica em Coimbra, com a reprovação do candidato a Doutor José Eugénio Dias Ferreira, que em Janeiro, aderira ao PRP. A acção política de João Franco em relação à Universidade e a gradual influência republicana no meio académico, radicaliza a situação. Em 11 de Abril é aprovada uma lei de imprensa, cujo objectivo era conter os ataques dos republicanos e da dissidência progressista. Com o apoio de D. Carlos I, João Franco, em Maio, dissolve o parlamento sem marcar novas eleições, começando a governar à turca. A 27, é realizado um comício republicano em Lisboa, com a destacada presença de importantes figuras monárquicas. Subsequentemente, são dissolvidos os vários órgãos de administração local, como as câmaras municipais e juntas de paróquia, sendo substituídas por comissões administrativas. A censura à imprensa vai apertando, e no início de 1908, são presos vários dirigentes republicanos implicados numa conspiração para derrubar o regime: França Borges, João Chagas, Alfredo Leal, Vítor de Sousa, António José de Almeida e Luz de Almeida. No mesmo instante, sai a lume o Manifesto do Directório Republicano, em que se assumia ser importante «suprimir as opressões e não os homens do regime». A oposição ao Governo crescia, não só dentro do seio do PRP, como também da Maçonaria, da Carbonária e, até, dos partidos rotativistas da Monarquia Constitucional. Após a prisão dos aludidos dirigentes, Afonso Costa, José Maria de Alpoim, Ribeira Brava e Egas Moniz tomam o comando. A tentativa de golpe gorou, tendo sido detidos os seus conspiradores à excepção de Alpoim, que refugia-se e, em seguida, exila-se em Espanha. É intensificada a repressão, e a 31 de Janeiro é aprovado um decreto que previa a expulsão do país ou a deportação para as colónias de quem conspirasse contra a segurança do Estado. A 1 de Fevereiro dá-se o Regicídio, com a morte de D. Carlos e do seu filho D. Luís.
Local
Em 1907, o escultor Simões de Almeida (sobrinho), figura ligada aos quadros republicanos, muda-se para Alcanena. No comício republicano desse ano, o concelho de Torres Novas é representado por Augusto dos Santos Trincão, residente em Alcanena.1 Em 15 de Novembro, na sessão da Comissão Municipal Republicana, o directório composto por José Soares Isaac, António Namorado e Arnaldo de Carvalho, denuncia o «abandono» em que alguns membros deixaram a referida comissão, nomeadamente António Vassalo, Salles Vellez, João da Silva Costa e José Estevão Queiroz. Queiroz, na mesma sessão, é referido como um «trabalhador incansável pela causa da República, e desculpável por fazer parte da Comissão Paroquial de Alcanena, onde tem prestado grandes serviços».2 Por essa altura abre em Alcanena o Centro Escolar Republicano Dr. Anselmo Xavier, que em Dezembro, pela mão de Simões de Almeida, começa a leccionar português, francês e escrituração comercial.3 Atente-se que a figura do centro político formalmente como Centro Republicano Dr. Anselmo Xavier só iria surgir mais tarde. Entretanto, o notário Joaquim Albino da Silveira – moderado e mais tarde unionista –, é substituído na direcção do periódico O Povo de Alcanena. O jornal radicaliza-se, e em 13 de Fevereiro é suspenso, devido à sua posição perante o Regicídio. (Continua no próximo número).
?
1 Jornal Torrejano, nº1:177,
2 de Maio de 1907.
2 Jornal Torrejano, nº1:206,
21 de Novembro de 1907.
3 Almanaque Republicano.
![]() Apresentados os candidatos à presidência da Câmara de Torres Novas, a realizar nos finais de Setembro, ou na primeira quinzena de Outubro, restam pouco mais de três meses (dois de férias), para se conhecer ao que vêm, quem é quem, o que defendem, para o concelho, na sua interligação cidade/freguesias. |
![]() O nosso major-general é uma versão pós-moderna do Pangloss de Voltaire, atestando que, no designado “mundo livre”, estamos no melhor possível, prontos para a vitória e não pode ser de outro modo. |
![]() “Pobre é o discípulo que não excede o seu mestre” Leonardo da Vinci
Mais do que rumor, é já certo que a IA é capaz de usar linguagem ininteligível para os humanos com o objectivo de ser mais eficaz. |
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Em 2012, o psicólogo social Jonathan Haidt publicou a obra A Mente Justa: Porque as Pessoas Boas não se Entendem sobre Política e Religião. Esta obra é fundamental porque nos ajuda a compreender um dos dramas que assolam os países ocidentais, cujas democracias se estruturam, ainda hoje, pela dicotomia esquerda–direita. |
![]() Imagino que as últimas eleições terão sido oportunidade para belos e significativos encontros. Não é difícil pensar, sem ficar fora da verdade, que, em muitas empresas, patrões e empregados terão ambos votado no Chega. |
![]() "Hire a clown, get a circus" * Ele é antissistema. Prometeu limpar o aparelho político de toda a corrupção. Não tem filtros e, como o povo gosta, “chama os bois pelo nome”, não poupando pessoas ou entidades. |
![]() A eleição de um novo Papa é um acontecimento sempre marcante, apesar de se viver, na Europa, em sociedades cada vez mais estranhas ao cristianismo. Uma das grandes preocupações, antes, durante e após a eleição de Leão XIV, era se o sucessor de Francisco seria conservador ou progressista. |
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