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6. O Partido Republicano em Alcanena (1906)

Opinião  »  2015-02-06  »  Gabriel Feitor

Se a vinda de alguns republicanos para Alcanena foi preponderante na difusão dos seus ideais, os contactos dos industriais de Alcanena com a capital, favoreceram a sua adesão. De Alcanena, a 25 de Março de 1906, vão assistir ao comício republicano em Santarém José Estevão Queirós e Joaquim Ramos da Balbina.1 No mês seguinte, a 22, sai a lume o primeiro periódico de Alcanena: O Povo de Alcanena. A equipa era formada por Joaquim Albino da Silveira, director; José Estevão Queirós, administrador; João dos Santos Lindim, proprietário; e Manuel Marques Moreno, editor responsável. Apesar da nota inicial afirmar não se tratar de um jornal político, ele vai dar voz à pretensão dos alcanenenses e do republicanismo no concelho. No mesmo mês, é eleita a primeira Comissão Municipal do PRP em Torres Novas, numa «[...] reunião muito concorrida e animada [...]».2 Os órgãos ficaram constituídos por Joaquim de Sousa Santos, presidente; António Namorado, Arnaldo de Carvalho, José Estevão Queirós, António Vassalo, João da Silva Costa e José Soares Isaac; todos vogais.3 Lembremos as movimentações menos visíveis, através do Centro Instrutivo de Alcanena, em que um dos seus fundadores foi extremamente importante para o que se sucedeu, o professor primário António Rodrigues Teixeira. Como vimos anteriormente e segundo Canais Rocha, a Comissão Paroquial do PRP em Alcanena foi fundada em 1906.4 Em 2 de Agosto, o administrador do concelho João Paulo Amado oficia Domingos Caetano, nomeando-o regedor da freguesia.5 Dois dias depois, Domingos Caetano informa o administrador que irá ser realizado um comício republicano em Alcanena. João Paulo Amado remete-lhe resposta em ofíci «Não tendo os promotores do comício republicano a que se refere o telegrama de V.ª Sª. de hoje dado cumprimento ao disposto na Lei para tal fim não pode elle realizar-se devendo portanto V.ª S.ª intimidar oportunamente na presença de duas testemunhas idóneas a sua dissolução na pessoa que elle presidir devendo no caso de desobediência enviar-me a competente participação para os efeitos do artigo 177 e seus parágrafos do código penal»; «ou seja comício ou qualquer espécie de reunião pública para fins políticos queira V.ª S.ª cumprir meu ofício n.º 274, devendo intimar perante testemunhas idóneas na ocasião de comessar essa reunião o presidente da mesma a dissolve-la pelos motivos expostos no meu referido officio. V.ª S.ª deverá assegurar ordem pública e respeito pelo princípio da auctoridade devendo também partcipar-me todas as ocorrências que porventura se deêm. Para o auxiliar seguem por minha ordem e ficam ao seu dispôr, devendo regressar logo que os seus serviços não sejam precizos os guardas n.º 22, 18 e 46 da polícia civil d’este Districto.»6 No dia 7, o administrador pede ao regedor para proceder à investigação de quem provocou tumultos quando Domingos Caetano foi dissolver o comíci «constando n’esta administração no dia 5 do corrente na occasião em que foi mandado dissolver a reunião republicana que estava para se realisar n’esse logar alguns indivíduos soltaram gritos subversivos contra as instituições vigentes queira V.ª S.ª proceder às necessárias averiguações indicando-me os nomes d’esses indivíduos e bem assim pessoas que possam de depor sobre esse facto.»7)

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1 O Povo de Alcanena, n.º 1, 22 de Abril de 1906.

2 Jornal Torrejano, n.º 1:137, 26 de Abril de 1906.

3 Ibidem.

4 Cf. ROCHA, Francisco Canais – Para a História do Movimento Operário em Torres Novas durante a Monarquia e a I República. Torres Novas: Município de Torres Novas, 2009. p. 99.

5 AMTN, Administração do Concelho, livro de registo de correspondência expedida pela 2.ª repartição desta administração para as diversas autoridades, 1904-1907, n.º 1524, ofício n.º 269.

6 Ibid., ofício n.º 274 e 275.

7 Ibid., ofício n.º 282.

 

 

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