4. O Partido Republicano (1905)
Em 1905, um governo Progressista presidido por José Luciano de Castro – o 25.º desde a Regeneração –, toma conta dos destinos de Portugal. Exonerado a 27 de Dezembro do mesmo ano, dá lugar a outro, novamente presidido por Luciano de Castro. Cai em Março de 1906, e é substituído por um Regenerador, presidido por Hintze Ribeiro.
Local
No final de 1094, é eleito o executivo que iria tomar conta dos destinos municipais no biénio 1905-1907.1 Um executivo de cariz progressista, com algumas afinidades republicanas, vindas de Alcanena. De Alcanena, na vereação efectiva, estava Augusto dos Santos Trincão, que em 1907 se assume ao lado dos republicanos. Nos substitutos, estavam António da Silva Courinha, regenerador e João Vieira Santa Marta, natural do Covão do Coelho, regedor da freguesia de Minde2 e mais tarde, membro do Partido Democrático. Estava a exercer funções de juiz de paz de Alcanena, José Estevão Queirós, o histórico republicano da localidade. Com apenas 99 votos, a lista eleita para a Junta de Paróquia é uma lista republicana, apesar de não se assumir ligada ao PRP. Era composta por, efectivos – João dos Santos Lindim (industrial), José Ramos Lopes (industrial), António Maria Ribeiro (farmacêutico) e Luiz da Silva (industrial); substitutos – António Joaquim Machado Baptista (capitalista), Júlio Duarte dos Santos (industrial), António Vieira Alexandre (industrial) e António dos Santos Moita (industrial).3 Em 12 de Abril de 1905, são nomeados os regedores para Alcanena: José dos Santos Goucho (regedor) e Domingos Caetano (regedor substituto).4 No mesmo mês, noticia-se a abertura de um centro republicano em Torres Novas.5 Em 1906, ainda não existia. Com a nomeação do administrador do concelho João Paulo Amado da Cunha e Vasconcellos, no mesmo ano, a Comissão Municipal Republicana pediu a filiação no PRP. Segundo Canais Rocha, «[...] por qualquer lapso, passado um ano ainda não constava no mapa nacional. Em contrapartida, a Comissão Paroquial de Alcanena, organizada pela Comissão Municipal de Torres Novas, já fazia parte do referido mapa.»6
1905 é um ano crucial neste ensaio. É o ano primeir o do início conciso e forte do PRP em Alcanena e no concelho. São vários, os acontecimentos, que se dão nesse ano. Se os 3 primeiros anos do século XX não nos dizem nada acerca do republicanismo, a viragem de 1904 para 1905 – conforme as fontes que existem e se conhecem – é profunda. Para este artigo, impõem-se duas questões para entendermos como funcionava o jogo político local: progressistas convertem-se em republicanos? Ou, os já republicanos, alinhavam com os progressistas? E porquê? É o que iremos discutir nos próximos números.
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1 Jornal Torrejano, n.º 1:048, 10 de Novembro de 1904.
2 Anuário Comercial de Portugal, 1906, p. 1987.
3 AMTN, livros de registo de mapas estatísticos, 1905.
4 AMTN, livros de registos de autos de posse e termos de juramento, 1905-1911, cota 1643, fls. 3.
5 Jornal Torrejano, n.º, 6 de Abril de 1905.
6 ROCHA, Francisco Canais – Para a História do Movimento Operário em Torres Novas durante a Monarquia e a I República. Torres Novas: Município de Torres Novas, 2009. p. 99.
4. O Partido Republicano (1905)
Em 1905, um governo Progressista presidido por José Luciano de Castro – o 25.º desde a Regeneração –, toma conta dos destinos de Portugal. Exonerado a 27 de Dezembro do mesmo ano, dá lugar a outro, novamente presidido por Luciano de Castro. Cai em Março de 1906, e é substituído por um Regenerador, presidido por Hintze Ribeiro.
Local
No final de 1094, é eleito o executivo que iria tomar conta dos destinos municipais no biénio 1905-1907.1 Um executivo de cariz progressista, com algumas afinidades republicanas, vindas de Alcanena. De Alcanena, na vereação efectiva, estava Augusto dos Santos Trincão, que em 1907 se assume ao lado dos republicanos. Nos substitutos, estavam António da Silva Courinha, regenerador e João Vieira Santa Marta, natural do Covão do Coelho, regedor da freguesia de Minde2 e mais tarde, membro do Partido Democrático. Estava a exercer funções de juiz de paz de Alcanena, José Estevão Queirós, o histórico republicano da localidade. Com apenas 99 votos, a lista eleita para a Junta de Paróquia é uma lista republicana, apesar de não se assumir ligada ao PRP. Era composta por, efectivos – João dos Santos Lindim (industrial), José Ramos Lopes (industrial), António Maria Ribeiro (farmacêutico) e Luiz da Silva (industrial); substitutos – António Joaquim Machado Baptista (capitalista), Júlio Duarte dos Santos (industrial), António Vieira Alexandre (industrial) e António dos Santos Moita (industrial).3 Em 12 de Abril de 1905, são nomeados os regedores para Alcanena: José dos Santos Goucho (regedor) e Domingos Caetano (regedor substituto).4 No mesmo mês, noticia-se a abertura de um centro republicano em Torres Novas.5 Em 1906, ainda não existia. Com a nomeação do administrador do concelho João Paulo Amado da Cunha e Vasconcellos, no mesmo ano, a Comissão Municipal Republicana pediu a filiação no PRP. Segundo Canais Rocha, «[...] por qualquer lapso, passado um ano ainda não constava no mapa nacional. Em contrapartida, a Comissão Paroquial de Alcanena, organizada pela Comissão Municipal de Torres Novas, já fazia parte do referido mapa.»6
1905 é um ano crucial neste ensaio. É o ano primeir o do início conciso e forte do PRP em Alcanena e no concelho. São vários, os acontecimentos, que se dão nesse ano. Se os 3 primeiros anos do século XX não nos dizem nada acerca do republicanismo, a viragem de 1904 para 1905 – conforme as fontes que existem e se conhecem – é profunda. Para este artigo, impõem-se duas questões para entendermos como funcionava o jogo político local: progressistas convertem-se em republicanos? Ou, os já republicanos, alinhavam com os progressistas? E porquê? É o que iremos discutir nos próximos números.
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1 Jornal Torrejano, n.º 1:048, 10 de Novembro de 1904.
2 Anuário Comercial de Portugal, 1906, p. 1987.
3 AMTN, livros de registo de mapas estatísticos, 1905.
4 AMTN, livros de registos de autos de posse e termos de juramento, 1905-1911, cota 1643, fls. 3.
5 Jornal Torrejano, n.º, 6 de Abril de 1905.
6 ROCHA, Francisco Canais – Para a História do Movimento Operário em Torres Novas durante a Monarquia e a I República. Torres Novas: Município de Torres Novas, 2009. p. 99.
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Em 2012, o psicólogo social Jonathan Haidt publicou a obra A Mente Justa: Porque as Pessoas Boas não se Entendem sobre Política e Religião. Esta obra é fundamental porque nos ajuda a compreender um dos dramas que assolam os países ocidentais, cujas democracias se estruturam, ainda hoje, pela dicotomia esquerda–direita. |
![]() Imagino que as últimas eleições terão sido oportunidade para belos e significativos encontros. Não é difícil pensar, sem ficar fora da verdade, que, em muitas empresas, patrões e empregados terão ambos votado no Chega. |
![]() "Hire a clown, get a circus" * Ele é antissistema. Prometeu limpar o aparelho político de toda a corrupção. Não tem filtros e, como o povo gosta, “chama os bois pelo nome”, não poupando pessoas ou entidades. |
![]() A eleição de um novo Papa é um acontecimento sempre marcante, apesar de se viver, na Europa, em sociedades cada vez mais estranhas ao cristianismo. Uma das grandes preocupações, antes, durante e após a eleição de Leão XIV, era se o sucessor de Francisco seria conservador ou progressista. |
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