3. O Partido Republicano (1890-1905)
Opinião » 2014-11-07 » Gabriel Feitor
Estamos num período de indignação. A cedência ao Ultimatum de 1890 provoca um mau estar geral entre os portugueses. A queda do governo progressista obriga à formação de outro, desta vez Regenerador. Os republicanos aproveitam a onda de um patriotismo magoado e capitalizam sinergias com isso. Em 20 de Agosto de 1890, era assinado o Tratado de Londres entre Portugal e a Grã-Bretanha, que definia os limites territoriais de Angola e Moçambique. É motivo de novos conflitos e por consequente, da queda do governo. Em Outubro, toma posse um governo extrapartidário de unidade nacional, presidido por João Crisóstomo. A progressiva propaganda republicana dá origem a uma tentativa falhada de uma revolução no Porto, em 31 de Janeiro de 1891. Volta-se ao rotativismo, depois dos governos de unidade nacional. Nas eleições de 1895, o PRP decreta uma abstenção e não concorre até 1899, ano em que elege 3 deputados. Entre 1900 e 1905 não elege nenhum deputado, apesar da sua votação aumentar.
1890 marcou de forma indelével o início do fim da monarquia constitucional e dos seus pilares base.
Local
São dois os eventos que marcam os últimos vinte anos da centúria de XIX em Alcanena: a fundação do Centro Instrutivo (1892) e a chegada do comboio (1893). A fundação do Centro Instrutivo de Alcanena, pela elite da freguesia, identifica-se como uma resposta dos alcanenenses ao Clube Torrejano. Os seus objectivos, expressos nos estatutos, não diferenciavam muito as duas agremiações: «[...] difundir [...] a instrução pelos sócios, para o que haverá uma biblioteca e um gabinete reservado de leitura [...]».1
Neste período entre 1890 e 1905, dá-se um período de estagnação na difusão do republicanismo na localidade, que só voltará a preponderar no prelúdio do séc. XX, desta vez dentro do Centro Instrutivo. Não é de estranhar. A nível nacional, o PRP decreta abstenções e, nalgumas situações, alinha com os Progressistas. Nas eleições de 1897, vence na assembleia de Alcanena o candidato progressista Augusto César Claro da Rica, com 311 votos, contra os 3 de Dantas Baracho. José Augusto Mota2 e Cândido dos Santos Moita3, são nomeados para o cargo de regedor durante o governo regenerador. José Estevão Queirós4(regedor substituto) e Domingos Caetano5 (regedor), durante o governo progressista. José Estevão Queirós não chega a permanecer 4 meses no cargo, evidenciando assim algumas fracturas que iriam decidir a sua futura identidade política. Porém, quer os regeneradores, quer os progressistas de Alcanena, apenas os grandes proprietários não aderiram ao PRP, assim como à República já numa fase ulterior.
?
1 Estatutos do Centro Instrutivo de Alcanena. 1892. Processo acessível no rol de documentação do antigo Governo Civil de Santarém.
2 AMTN, livros de registos de autos de posse e termos de juramento, 1889-1895, cota 1641, fls. 18 v.º.
3 Ibid., 1895-1901, cota 1642, fls. 2 v.º.
4 Ibid., fls. 19.
5 Ibid., fls. 23.
3. O Partido Republicano (1890-1905)
Opinião » 2014-11-07 » Gabriel FeitorEstamos num período de indignação. A cedência ao Ultimatum de 1890 provoca um mau estar geral entre os portugueses. A queda do governo progressista obriga à formação de outro, desta vez Regenerador. Os republicanos aproveitam a onda de um patriotismo magoado e capitalizam sinergias com isso. Em 20 de Agosto de 1890, era assinado o Tratado de Londres entre Portugal e a Grã-Bretanha, que definia os limites territoriais de Angola e Moçambique. É motivo de novos conflitos e por consequente, da queda do governo. Em Outubro, toma posse um governo extrapartidário de unidade nacional, presidido por João Crisóstomo. A progressiva propaganda republicana dá origem a uma tentativa falhada de uma revolução no Porto, em 31 de Janeiro de 1891. Volta-se ao rotativismo, depois dos governos de unidade nacional. Nas eleições de 1895, o PRP decreta uma abstenção e não concorre até 1899, ano em que elege 3 deputados. Entre 1900 e 1905 não elege nenhum deputado, apesar da sua votação aumentar.
1890 marcou de forma indelével o início do fim da monarquia constitucional e dos seus pilares base.
Local
São dois os eventos que marcam os últimos vinte anos da centúria de XIX em Alcanena: a fundação do Centro Instrutivo (1892) e a chegada do comboio (1893). A fundação do Centro Instrutivo de Alcanena, pela elite da freguesia, identifica-se como uma resposta dos alcanenenses ao Clube Torrejano. Os seus objectivos, expressos nos estatutos, não diferenciavam muito as duas agremiações: «[...] difundir [...] a instrução pelos sócios, para o que haverá uma biblioteca e um gabinete reservado de leitura [...]».1
Neste período entre 1890 e 1905, dá-se um período de estagnação na difusão do republicanismo na localidade, que só voltará a preponderar no prelúdio do séc. XX, desta vez dentro do Centro Instrutivo. Não é de estranhar. A nível nacional, o PRP decreta abstenções e, nalgumas situações, alinha com os Progressistas. Nas eleições de 1897, vence na assembleia de Alcanena o candidato progressista Augusto César Claro da Rica, com 311 votos, contra os 3 de Dantas Baracho. José Augusto Mota2 e Cândido dos Santos Moita3, são nomeados para o cargo de regedor durante o governo regenerador. José Estevão Queirós4(regedor substituto) e Domingos Caetano5 (regedor), durante o governo progressista. José Estevão Queirós não chega a permanecer 4 meses no cargo, evidenciando assim algumas fracturas que iriam decidir a sua futura identidade política. Porém, quer os regeneradores, quer os progressistas de Alcanena, apenas os grandes proprietários não aderiram ao PRP, assim como à República já numa fase ulterior.
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1 Estatutos do Centro Instrutivo de Alcanena. 1892. Processo acessível no rol de documentação do antigo Governo Civil de Santarém.
2 AMTN, livros de registos de autos de posse e termos de juramento, 1889-1895, cota 1641, fls. 18 v.º.
3 Ibid., 1895-1901, cota 1642, fls. 2 v.º.
4 Ibid., fls. 19.
5 Ibid., fls. 23.
Eleições "livres"... » 2024-03-18 » Hélder Dias |
Este é o meu único mundo! - antónio mário santos » 2024-03-08 » António Mário Santos Comentava João Carlos Lopes , no último Jornal Torrejano, de 16 de Fevereiro, sob o título Este Mundo e o Outro, partindo, quer do pessimismo nostálgico do Jorge Carreira Maia (Este não é o meu mundo), quer da importância da memória, em Maria Augusta Torcato, para resistir «à névoa que provoca o esquecimento e cegueira», quer «na militância política e cívica sempre empenhada», da minha autoria, num país do salve-se quem puder e do deixa andar, sempre à espera dum messias que resolva, por qualquer gesto milagreiro, a sua raiva abafada de nunca ser outra coisa que a imagem crónica de pobreza. |
Plantação intensiva: do corte à escovinha e tudo em fila aos horizontes metalificados - maria augusta torcato » 2024-03-08 » Maria Augusta Torcato Não sei se por causa das minhas origens ou simplesmente da minha natureza, há em mim algo, muito forte, que me liga a árvores, a plantas, a flores, a animais, a espaços verdes ou amarelos e amplos ou exíguos, a serras mais ou menos elevadas, de onde as neblinas se descolam e evolam pelos céus, a pedras, pequenas ou pedregulhos, espalhadas ou juntinhas e a regatos e fontes que jorram espontaneamente. |
A crise das democracias liberais - jorge carreira maia » 2024-03-08 » Jorge Carreira Maia A crise das democracias liberais, que tanto e a tantos atormenta, pode residir num conflito entre a natureza humana e o regime democrático-liberal. Num livro de 2008, Democratic Authority – a philosophical framework, o filósofo David. |
A carne e os ossos - pedro borges ferreira » 2024-03-08 » Pedro Ferreira Existe um paternalismo naqueles que desenvolvem uma compreensão do mundo extensiva que muitas vezes não lhes permite ver os outros, quiçá a si próprios, como realmente são. A opinião pública tem sido marcada por reflexões sobre a falta de memória histórica como justificação do novo mundo intolerante que está para vir, adivinho eu, devido à intenção de voto que se espera no CHEGA. |
O Flautista de Hamelin... » 2024-02-28 » Hélder Dias |
Este mundo e o outro - joão carlos lopes » 2024-02-22 Escreve Jorge Carreira Maia, nesta edição, ter a certeza de que este mundo já não é o seu e que o mundo a que chamou seu acabou. “Não sei bem qual foi a hora em que as coisas mudaram, em que a megera da História me deixou para trás”, vai ele dizendo na suas palavras sempre lúcidas e brilhantes, concluindo que “vivemos já num mundo tenebroso, onde os clowns ainda não estão no poder, mas este já espera por eles, para que a História satisfaça a sua insaciável sede de sangue e miséria”. |
2032: a redenção do Planeta - jorge cordeiro simões » 2024-02-22 » Jorge Cordeiro Simões
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Avivar a memória - antónio gomes » 2024-02-22 » António Gomes Há dias atrás, no âmbito da pré-campanha eleitoral, visitei o lugar onde passei a maior parte da minha vida (47 anos), as oficinas da CP no Entroncamento. Não que tivesse saudades, mas o espaço, o cheiro e acima de tudo a oportunidade de rever alguns companheiros que ainda por lá se encontram, que ainda lá continuam a vender a sua força de trabalho, foi uma boa recompensa. |
Eleições, para que vos quero! - antónio mário santos » 2024-02-22 Quando me aborreço, mudo de canal. Vou seguindo os debates eleitorais televisivos, mas, saturado, opto por um filme no SYFY, onde a Humanidade tenta salvar com seus heróis americanizados da Marvel o planeta Terra, em vez de gramar as notas e as opiniões dos comentadores profissionais e partidocratas que se esfalfam na crítica ou no elogio do seu candidato de estimação. |
» 2024-02-28
» Hélder Dias
O Flautista de Hamelin... |
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