A bicicleta - rui anastácio
"Chegou a hora de os homens de hoje respeitarem o trabalho dos homens de ontem."
No meu concelho há uma terra onde tenho alguns bons amigos. Essa terra chama-se Vila Moreira. Foi lá que encontrei o meu primeiro trabalho. Tinha então 15 anos e uma bicicleta amarela que me levava a quase todos os sítios onde queria ir.
Naquela manhã de Junho, tinha decidido que iria comprar a máquina fotográfica que tinha visto no Sr. Fernando da papelaria, custava 60 contos, uma pequena fortuna para mim. Pelo menos 3 meses de trabalho, 10 horas por dia, 6 dias por semana. A decisão estava tomada, nada me iria deter. As sirenes das fábricas acabavam de tocar e eu já lá estava. Eu e a minha bicicleta. O reboliço das entradas nas fábricas tinha terminado. Avistei ao longe um senhor já com alguma idade, vinha numa pasteleira preta. Certamente ele saberia onde eu poderia encontrar trabalho.
Quando nos cruzámos, trocámos olhares e eu ganhei coragem. O senhor sabe onde poderei arranjar trabalho? O menino vá ali àquela fábrica do lado esquerdo que eles têm trabalho. E tinham. Descobri, mais tarde, que o senhor era o dono da fábrica e que curiosamente andava de bicicleta como eu. Nessa altura, levava-se 10 minutos a arranjar trabalho em Vila Moreira.
Hoje, quando passo em Vila Moreira, fico com um sabor amargo na boca. A “Vila” morreu e já quase ninguém olha por ela, longe vão os dourados anos 80. Mergulhada numa profunda crise social, só as inúmeras fabricas semi-abandonadas nos fazem lembrar a dinâmica económica de outros tempos.
As crises sempre foram e sempre serão um enorme desafio. É necessária uma total reinvenção do território, preservando as memórias e avançando em direcção ao futuro.
Vila Moreira necessita de um profundo plano de revitalização sócio económica, necessita de uma visão arrojada, afinal a “Vila” está a 10 minutos da A1.
Claro que toda aquela zona industrial, caótica, terá de ser total ou parcialmente demolida. Claro que, quer o território quer as pessoas, terão de se reinventar. Sangue, muito sangue novo, terá que ser injectado nestes territórios. Outrora muito foi construído com sangue, suor e lágrimas.
Chegou a hora de respeitar o trabalho de tantos. Chegou a hora de os homens de hoje respeitarem o trabalho dos homens de ontem.
A bicicleta - rui anastácio
Chegou a hora de os homens de hoje respeitarem o trabalho dos homens de ontem.
No meu concelho há uma terra onde tenho alguns bons amigos. Essa terra chama-se Vila Moreira. Foi lá que encontrei o meu primeiro trabalho. Tinha então 15 anos e uma bicicleta amarela que me levava a quase todos os sítios onde queria ir.
Naquela manhã de Junho, tinha decidido que iria comprar a máquina fotográfica que tinha visto no Sr. Fernando da papelaria, custava 60 contos, uma pequena fortuna para mim. Pelo menos 3 meses de trabalho, 10 horas por dia, 6 dias por semana. A decisão estava tomada, nada me iria deter. As sirenes das fábricas acabavam de tocar e eu já lá estava. Eu e a minha bicicleta. O reboliço das entradas nas fábricas tinha terminado. Avistei ao longe um senhor já com alguma idade, vinha numa pasteleira preta. Certamente ele saberia onde eu poderia encontrar trabalho.
Quando nos cruzámos, trocámos olhares e eu ganhei coragem. O senhor sabe onde poderei arranjar trabalho? O menino vá ali àquela fábrica do lado esquerdo que eles têm trabalho. E tinham. Descobri, mais tarde, que o senhor era o dono da fábrica e que curiosamente andava de bicicleta como eu. Nessa altura, levava-se 10 minutos a arranjar trabalho em Vila Moreira.
Hoje, quando passo em Vila Moreira, fico com um sabor amargo na boca. A “Vila” morreu e já quase ninguém olha por ela, longe vão os dourados anos 80. Mergulhada numa profunda crise social, só as inúmeras fabricas semi-abandonadas nos fazem lembrar a dinâmica económica de outros tempos.
As crises sempre foram e sempre serão um enorme desafio. É necessária uma total reinvenção do território, preservando as memórias e avançando em direcção ao futuro.
Vila Moreira necessita de um profundo plano de revitalização sócio económica, necessita de uma visão arrojada, afinal a “Vila” está a 10 minutos da A1.
Claro que toda aquela zona industrial, caótica, terá de ser total ou parcialmente demolida. Claro que, quer o território quer as pessoas, terão de se reinventar. Sangue, muito sangue novo, terá que ser injectado nestes territórios. Outrora muito foi construído com sangue, suor e lágrimas.
Chegou a hora de respeitar o trabalho de tantos. Chegou a hora de os homens de hoje respeitarem o trabalho dos homens de ontem.
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Em 2012, o psicólogo social Jonathan Haidt publicou a obra A Mente Justa: Porque as Pessoas Boas não se Entendem sobre Política e Religião. Esta obra é fundamental porque nos ajuda a compreender um dos dramas que assolam os países ocidentais, cujas democracias se estruturam, ainda hoje, pela dicotomia esquerda–direita. |
![]() Imagino que as últimas eleições terão sido oportunidade para belos e significativos encontros. Não é difícil pensar, sem ficar fora da verdade, que, em muitas empresas, patrões e empregados terão ambos votado no Chega. |
![]() "Hire a clown, get a circus" * Ele é antissistema. Prometeu limpar o aparelho político de toda a corrupção. Não tem filtros e, como o povo gosta, “chama os bois pelo nome”, não poupando pessoas ou entidades. |
![]() A eleição de um novo Papa é um acontecimento sempre marcante, apesar de se viver, na Europa, em sociedades cada vez mais estranhas ao cristianismo. Uma das grandes preocupações, antes, durante e após a eleição de Leão XIV, era se o sucessor de Francisco seria conservador ou progressista. |
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» 2025-07-03
» Jorge Carreira Maia
Direita e Esquerda, uma questão de sabores morais |