Voltar à menoridade - jorge carreira maia
Cerca de 50% dos americanos entre os 18 e os 45 anos não acham que a democracia seja a melhor forma de governo. Metade das novas gerações está disponível para viver sob um regime autoritário. Isto nos Estados Unidos, uma das democracias mais antigas e consolidadas do planeta, uma nação intrinsecamente democrática, onde um complexo jogo de checks and balances tem por função limitar o poder dos três ramos de acção política, o executivo, o legislativo e o judicial, de modo a que nenhum deles possa exorbitar e pôr em causa a liberdade dos indivíduos, que é aquilo que está sempre em jogo numa democracia liberal. As novas gerações americanas estão cansadas da democracia. A atracção dos jovens pelo autoritarismo é uma tendência geral das democracias, incluindo a portuguesa. Haverá múltiplas causas para este fenómeno. Deixo de lado as que parecem mais óbvias. Centro-me em duas. A insipidez da democracia e o peso da liberdade.
Os regimes democráticos não propõem aventuras colectivas, não apresentam grandes desígnios que mobilizem as pessoas e dêem um sentido à vida. Cada qual tem a liberdade de encontrar um desígnio e um sentido para a sua vida, de a tornar mais sensata ou mais aventurosa, de acordo com a sua consciência. O desígnio das democracias é o de não impor qualquer desígnio às pessoas, deixando-as viver os seus próprios projectos, oferecendo-lhes apenas a aventura da sua própria liberdade. Esta insipidez democrática, contudo, não responde a uma certa pulsão existente nos seres humanos, enquanto jovens, para a aventura colectiva, para mergulhar na massa e deixar-se encantar pelos cantos de sereia dos desígnios colectivos, onde a individualidade se dissolve.
Um segundo motivo é a derrota do Iluminismo. Kant, à pergunta O que é o Iluminismo?, respondeu: “lluminismo é a saída do homem da sua menoridade de que ele próprio é culpado. A menoridade é a incapacidade de se servir do entendimento sem a orientação de outrem.” As novas gerações parecem, em parte, já não suportar o peso de serem responsáveis pelo seu destino. A liberdade tornou-se um fardo, porque dá a cada um a responsabilidade pelos seus êxitos e fracassos. Muitos povos evitaram esse fardo e entregaram-se sempre nas mãos de um déspota. Outros, porém, decidiram correr o risco da liberdade política e do regime democrático. Em lado nenhum se viveu melhor do que aí, mas parece que o fardo da liberdade está a ser demasiado pesado para parte das novas gerações. Querem continuar na menoridade e parecem precisar de alguém, um ditador, um déspota, que pense por elas. É isso que desejam e é isso que estão a preparar.
Voltar à menoridade - jorge carreira maia
Cerca de 50% dos americanos entre os 18 e os 45 anos não acham que a democracia seja a melhor forma de governo. Metade das novas gerações está disponível para viver sob um regime autoritário. Isto nos Estados Unidos, uma das democracias mais antigas e consolidadas do planeta, uma nação intrinsecamente democrática, onde um complexo jogo de checks and balances tem por função limitar o poder dos três ramos de acção política, o executivo, o legislativo e o judicial, de modo a que nenhum deles possa exorbitar e pôr em causa a liberdade dos indivíduos, que é aquilo que está sempre em jogo numa democracia liberal. As novas gerações americanas estão cansadas da democracia. A atracção dos jovens pelo autoritarismo é uma tendência geral das democracias, incluindo a portuguesa. Haverá múltiplas causas para este fenómeno. Deixo de lado as que parecem mais óbvias. Centro-me em duas. A insipidez da democracia e o peso da liberdade.
Os regimes democráticos não propõem aventuras colectivas, não apresentam grandes desígnios que mobilizem as pessoas e dêem um sentido à vida. Cada qual tem a liberdade de encontrar um desígnio e um sentido para a sua vida, de a tornar mais sensata ou mais aventurosa, de acordo com a sua consciência. O desígnio das democracias é o de não impor qualquer desígnio às pessoas, deixando-as viver os seus próprios projectos, oferecendo-lhes apenas a aventura da sua própria liberdade. Esta insipidez democrática, contudo, não responde a uma certa pulsão existente nos seres humanos, enquanto jovens, para a aventura colectiva, para mergulhar na massa e deixar-se encantar pelos cantos de sereia dos desígnios colectivos, onde a individualidade se dissolve.
Um segundo motivo é a derrota do Iluminismo. Kant, à pergunta O que é o Iluminismo?, respondeu: “lluminismo é a saída do homem da sua menoridade de que ele próprio é culpado. A menoridade é a incapacidade de se servir do entendimento sem a orientação de outrem.” As novas gerações parecem, em parte, já não suportar o peso de serem responsáveis pelo seu destino. A liberdade tornou-se um fardo, porque dá a cada um a responsabilidade pelos seus êxitos e fracassos. Muitos povos evitaram esse fardo e entregaram-se sempre nas mãos de um déspota. Outros, porém, decidiram correr o risco da liberdade política e do regime democrático. Em lado nenhum se viveu melhor do que aí, mas parece que o fardo da liberdade está a ser demasiado pesado para parte das novas gerações. Querem continuar na menoridade e parecem precisar de alguém, um ditador, um déspota, que pense por elas. É isso que desejam e é isso que estão a preparar.
![]() Gisèle Pelicot vive e cresceu em França. Tem 71 anos. Casou-se aos 20 anos de idade com Dominique Pelicot, de 72 anos, hoje reformado. Teve dois filhos. Gisèle não sabia que a pessoa que escolheu para estar ao seu lado ao longo da vida a repudiava ao ponto de não suportar a ideia de não lhe fazer mal, tudo isto em segredo e com a ajuda de outros homens, que, como ele, viviam vidas aparentemente, parcialmente e eticamente comuns. |
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![]() Deveria seguir-se a demolição do prédio que foi construído em cima do rio há mais de cinquenta anos e a libertação de terrenos junto da fábrica velha Estamos em tempo de cheias no nosso Rio Almonda. |
![]() Enquanto penso em como arrancar com este texto, só consigo imaginar o fartote que Joana Marques, humorista, faria com esta notícia. Tivesse eu jeito para piadas e poderia alvitrar já aqui duas ou três larachas, envolvendo papel higiénico e lavagem de honra, que a responsável pelo podcast Extremamente Desagradável faria com este assunto. |
![]() Chegou o ano do eleitorado concelhio, no sistema constitucional democrático em que vivemos, dizer da sua opinião sobre a política autárquica a que a gestão do município o sujeitou. O Partido Socialista governa desde as eleições de 12 de Dezembro de 1993, com duas figuras que se mantiveram na presidência, António Manuel de Oliveira Rodrigues (1994-2013), Pedro Paulo Ramos Ferreira (2013-2025), com o reforço deste último ter sido vice-presidente do primeiro nos seus três mandatos. |
![]() Coloquemos a questão: O que se está a passar no mundo? Factualmente, temos, para além da tragédia do Médio Oriente, a invasão russa da Ucrânia, o sólido crescimento internacional do poder chinês, o fenómeno Donald Trump e a periclitante saúde das democracias europeias. |
![]() Nos últimos dias do ano veio a revelação da descoberta de mais um trilho de pegadas de dinossauros na Serra de Aire. Neste canto do mundo, outras vidas que aqui andaram, foram deixando involuntariamente o seu rasto e na viagem dos tempos chegaram-se a nós e o passado encontra-se com o presente. |
![]() É um banco, talvez, feliz! Era uma vez um banco. Não. É um banco e um banco, talvez, feliz! E não. Não é um banco dos que nos desassossegam pelo que nos custam e cobram, mas dos que nos permitem sossegar, descansar. |
![]() O milagre – a eventual vitória de Kamala Harris nas eleições norte-americanas – esteve longe, muito longe, de acontecer. Os americanos escolheram em consciência e disseram claramente o que queriam. Não votaram enganados ou iludidos; escolheram o pior porque queriam o pior. |
» 2025-03-13
Gisèle Pelicot é uma mulher comum - joão ribeiro e raquel batista |
» 2025-03-12
» Hélder Dias
Fantoche... |
» 2025-03-12
» Hélder Dias
Ferreira... renovado |