Voltar a pensar
"O que resta, neste momento, à esquerda? Converter-se como o Syriza, agora, e os socialistas, há muito? Fazer como o Partido Comunista e o Bloco de Esquerda e desistirem de qualquer projecto de poder e permanecerem como consciência crítica externa ao sistema de poder?"
A vitória do Syriza nas eleições de domingo passado tem um sabor amargo. Não porque essa vitória seja em si um mal para os gregos. O sabor amargo deriva de outra coisa. O Syriza chega agora ao poder como qualquer outro partido, sem um programa de ruptura, sem nenhuma ilusão sobre uma outra maneira de fazer as coisas e, ainda por cima, com uma enorme carga de sacrifícios imposta pela União Europeia. Seja como for, vale a pena tentar perceber por que motivo os gregos, apesar da alteração radical de políticas do Syriza, insistiram em dar-lhe a vitória.
Em primeiro lugar, os gregos, na sua generalidade, não querem abandonar a zona Euro. Parecem mesmo dispostos a suportar a maior das ignomínias para lá permanecer. Contrariamente ao seu antigo ministro das Finanças, Yanis Varoufakis (um académico brilhante), Alexis Tsipras (que se está a revelar um político brilhante) percebeu o pulsar do eleitorado, mesmo quando esse mesmo eleitorado votou no referendo como votou. E como homem político, ele comportou-se de acordo com o que poderia ser o caminho para consolidar o poder.
Em segundo lugar, muitos gregos vêm nele não o grande líder de uma qualquer revolução mas alguém que pode regenerar o sistema político. Tsipras é eleito não para acabar com o capitalismo na Grécia mas para o regenerar. Os gregos cansaram-se não da economia de mercado mas da corrupção e das manobras do establishment político pré-Syriza. De certa maneira, os gregos, ao eleger o Syriza, parecem sonhar com uma sociedade não da Europa do sul mas da Europa do norte.
Se houve um momento em que a esquerda europeia – refiro-me à esquerda não comprometida com a Internacional Socialista – imaginou que havia um outro caminho possível que não aquele que está a ser trilhado dentro da União Europeia, a experiência do Syriza teve o condão – um amargo condão – de mostrar que isso não passa de uma ilusão. A vitória do Syriza no domingo passado é uma das mais terríveis e pesadas derrotas que a esquerda sofreu. E tem sofrido muitas.
O que resta, neste momento, à esquerda? Converter-se como o Syriza, agora, e os socialistas, há muito? Fazer como o Partido Comunista e o Bloco de Esquerda e desistirem de qualquer projecto de poder e permanecerem como consciência crítica externa ao sistema de poder? Uma das possibilidades será assumir que poder e esquerda são incompatíveis. Há ainda uma outra possibilidade. Abandonar de vez uma visão da política derivada da Revolução Industrial e pensar como os ideais políticos que sustentam a esquerda podem ganhar corpo no mundo do século XXI, no mundo da tecnologia da informação. Há que voltar a pensar.
Voltar a pensar
O que resta, neste momento, à esquerda? Converter-se como o Syriza, agora, e os socialistas, há muito? Fazer como o Partido Comunista e o Bloco de Esquerda e desistirem de qualquer projecto de poder e permanecerem como consciência crítica externa ao sistema de poder?
A vitória do Syriza nas eleições de domingo passado tem um sabor amargo. Não porque essa vitória seja em si um mal para os gregos. O sabor amargo deriva de outra coisa. O Syriza chega agora ao poder como qualquer outro partido, sem um programa de ruptura, sem nenhuma ilusão sobre uma outra maneira de fazer as coisas e, ainda por cima, com uma enorme carga de sacrifícios imposta pela União Europeia. Seja como for, vale a pena tentar perceber por que motivo os gregos, apesar da alteração radical de políticas do Syriza, insistiram em dar-lhe a vitória.
Em primeiro lugar, os gregos, na sua generalidade, não querem abandonar a zona Euro. Parecem mesmo dispostos a suportar a maior das ignomínias para lá permanecer. Contrariamente ao seu antigo ministro das Finanças, Yanis Varoufakis (um académico brilhante), Alexis Tsipras (que se está a revelar um político brilhante) percebeu o pulsar do eleitorado, mesmo quando esse mesmo eleitorado votou no referendo como votou. E como homem político, ele comportou-se de acordo com o que poderia ser o caminho para consolidar o poder.
Em segundo lugar, muitos gregos vêm nele não o grande líder de uma qualquer revolução mas alguém que pode regenerar o sistema político. Tsipras é eleito não para acabar com o capitalismo na Grécia mas para o regenerar. Os gregos cansaram-se não da economia de mercado mas da corrupção e das manobras do establishment político pré-Syriza. De certa maneira, os gregos, ao eleger o Syriza, parecem sonhar com uma sociedade não da Europa do sul mas da Europa do norte.
Se houve um momento em que a esquerda europeia – refiro-me à esquerda não comprometida com a Internacional Socialista – imaginou que havia um outro caminho possível que não aquele que está a ser trilhado dentro da União Europeia, a experiência do Syriza teve o condão – um amargo condão – de mostrar que isso não passa de uma ilusão. A vitória do Syriza no domingo passado é uma das mais terríveis e pesadas derrotas que a esquerda sofreu. E tem sofrido muitas.
O que resta, neste momento, à esquerda? Converter-se como o Syriza, agora, e os socialistas, há muito? Fazer como o Partido Comunista e o Bloco de Esquerda e desistirem de qualquer projecto de poder e permanecerem como consciência crítica externa ao sistema de poder? Uma das possibilidades será assumir que poder e esquerda são incompatíveis. Há ainda uma outra possibilidade. Abandonar de vez uma visão da política derivada da Revolução Industrial e pensar como os ideais políticos que sustentam a esquerda podem ganhar corpo no mundo do século XXI, no mundo da tecnologia da informação. Há que voltar a pensar.
![]() "Hire a clown, get a circus" * Ele é antissistema. Prometeu limpar o aparelho político de toda a corrupção. Não tem filtros e, como o povo gosta, “chama os bois pelo nome”, não poupando pessoas ou entidades. |
![]() A eleição de um novo Papa é um acontecimento sempre marcante, apesar de se viver, na Europa, em sociedades cada vez mais estranhas ao cristianismo. Uma das grandes preocupações, antes, durante e após a eleição de Leão XIV, era se o sucessor de Francisco seria conservador ou progressista. |
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![]() Gisèle Pelicot vive e cresceu em França. Tem 71 anos. Casou-se aos 20 anos de idade com Dominique Pelicot, de 72 anos, hoje reformado. Teve dois filhos. Gisèle não sabia que a pessoa que escolheu para estar ao seu lado ao longo da vida a repudiava ao ponto de não suportar a ideia de não lhe fazer mal, tudo isto em segredo e com a ajuda de outros homens, que, como ele, viviam vidas aparentemente, parcialmente e eticamente comuns. |
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