Emancipar a direita da esquerda? - jorge carreira maia
"Imaginemos que radicais de esquerda afirmam que é tempo de a esquerda ser esquerda e de se libertar da tutela da direita."
Está em curso um conjunto de manobras para integrar o Chega, de André Ventura, numa possível alternativa de direita ao governo de centro-esquerda de António Costa. Ao mesmo tempo, assiste-se a diversas proclamações de pessoas ligadas à direita onde se afirma ser tempo de a direita ser aquilo que quer ser e não aquilo que a esquerda quer que ela seja. Em resumo, afirma-se que os diversos projectos políticos do centro-direita não representam a direita, mas aquilo que a esquerda permite que a direita seja. Este tipo de proclamações entusiasma algumas pessoas, talvez mais do que deveria, mas é um sintoma de um perigoso caminho de degradação da vida política e uma tentativa de romper o pacto que une os portugueses.
Imaginemos um cenário ao contrário. Imaginemos que radicais de esquerda afirmam que é tempo de a esquerda ser esquerda e de se libertar da tutela da direita. Fará sentido? Podemos crer que sim. É um facto que tanto o BE e o PCP, para não falar do PS, toleram, convivem e praticam políticas que são tradicionalmente de direita. Admitem a democracia liberal, a economia de mercado, a existência de propriedade privada dos meios de produção, a liberdade religiosa. Nenhum destes itens fez parte da esquerda original. O que aconteceu é que estes partidos, não deixando de ser de esquerda, sentiram necessidade de participar no consenso político para que a sociedade funcione. Militantes radicais de esquerda encontrarão razões para afirmar que a esquerda que existe – PS, PCP e BE – é apenas aquilo que a direita permite que ela seja. Podem afirmar que chegou a hora de a esquerda se libertar da tutela da direita.
O que certas correntes de direita – onde o Chega é um elemento central – pretendem é o mesmo que estes militantes radicais de esquerda: destruir o consenso tácito que permite à nossa sociedade funcionar e à generalidade das pessoas encontrar um lugar nela. É evidente que a direita democrática é condicionada pela esquerda, mas não o é mais nem menos do que a esquerda democrática o é pela direita. Este duplo condicionamento é o melhor que nos pode acontecer, pois evita que tenhamos de suportar o que há de pior na direita e o que há de pior na esquerda, e em ambas há coisas muito más. Quando o Chega fala em pôr fim à terceira República, a que nasceu com o 25 de Abril, propõe-se destruir o pacto que permite a Portugal ser um país politicamente moderado e civilizado, onde direita e esquerda se limitam mutuamente. Será que os portugueses querem que direita e esquerda se libertem da tutela uma da outra e fiquem entregues aos seus terríveis demónios?
Emancipar a direita da esquerda? - jorge carreira maia
Imaginemos que radicais de esquerda afirmam que é tempo de a esquerda ser esquerda e de se libertar da tutela da direita.
Está em curso um conjunto de manobras para integrar o Chega, de André Ventura, numa possível alternativa de direita ao governo de centro-esquerda de António Costa. Ao mesmo tempo, assiste-se a diversas proclamações de pessoas ligadas à direita onde se afirma ser tempo de a direita ser aquilo que quer ser e não aquilo que a esquerda quer que ela seja. Em resumo, afirma-se que os diversos projectos políticos do centro-direita não representam a direita, mas aquilo que a esquerda permite que a direita seja. Este tipo de proclamações entusiasma algumas pessoas, talvez mais do que deveria, mas é um sintoma de um perigoso caminho de degradação da vida política e uma tentativa de romper o pacto que une os portugueses.
Imaginemos um cenário ao contrário. Imaginemos que radicais de esquerda afirmam que é tempo de a esquerda ser esquerda e de se libertar da tutela da direita. Fará sentido? Podemos crer que sim. É um facto que tanto o BE e o PCP, para não falar do PS, toleram, convivem e praticam políticas que são tradicionalmente de direita. Admitem a democracia liberal, a economia de mercado, a existência de propriedade privada dos meios de produção, a liberdade religiosa. Nenhum destes itens fez parte da esquerda original. O que aconteceu é que estes partidos, não deixando de ser de esquerda, sentiram necessidade de participar no consenso político para que a sociedade funcione. Militantes radicais de esquerda encontrarão razões para afirmar que a esquerda que existe – PS, PCP e BE – é apenas aquilo que a direita permite que ela seja. Podem afirmar que chegou a hora de a esquerda se libertar da tutela da direita.
O que certas correntes de direita – onde o Chega é um elemento central – pretendem é o mesmo que estes militantes radicais de esquerda: destruir o consenso tácito que permite à nossa sociedade funcionar e à generalidade das pessoas encontrar um lugar nela. É evidente que a direita democrática é condicionada pela esquerda, mas não o é mais nem menos do que a esquerda democrática o é pela direita. Este duplo condicionamento é o melhor que nos pode acontecer, pois evita que tenhamos de suportar o que há de pior na direita e o que há de pior na esquerda, e em ambas há coisas muito más. Quando o Chega fala em pôr fim à terceira República, a que nasceu com o 25 de Abril, propõe-se destruir o pacto que permite a Portugal ser um país politicamente moderado e civilizado, onde direita e esquerda se limitam mutuamente. Será que os portugueses querem que direita e esquerda se libertem da tutela uma da outra e fiquem entregues aos seus terríveis demónios?
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![]() “Pobre é o discípulo que não excede o seu mestre” Leonardo da Vinci
Mais do que rumor, é já certo que a IA é capaz de usar linguagem ininteligível para os humanos com o objectivo de ser mais eficaz. |
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![]() "Hire a clown, get a circus" * Ele é antissistema. Prometeu limpar o aparelho político de toda a corrupção. Não tem filtros e, como o povo gosta, “chama os bois pelo nome”, não poupando pessoas ou entidades. |
![]() A eleição de um novo Papa é um acontecimento sempre marcante, apesar de se viver, na Europa, em sociedades cada vez mais estranhas ao cristianismo. Uma das grandes preocupações, antes, durante e após a eleição de Leão XIV, era se o sucessor de Francisco seria conservador ou progressista. |
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