O desafio à ordem liberal - jorge carreira maia
Opinião » 2024-05-25 » Jorge Carreira Maia
Assistimos, nos dias de hoje, ao maior desafio que, desde o fim da Segunda Guerra Mundial, foi colocado à cosmovisão liberal. Esta visão do mundo não diz respeito apenas à economia. Ela é, fundamentalmente, uma perspectiva assente nos direitos individuais e em regimes pluralistas. A ordem liberal é aquela em que a liberdade individual é o fundamento da vida em sociedade. Esta visão é uma coisa recente na história da humanidade. Foi-se estruturando, lentamente, na Europa e na América, a partir dos séculos XVII e XVIII. Enfrentou, no século XX, grandes desafios, entre eles as ideologias antiliberais do fascismo, do nazismo e do comunismo. A ordem liberal venceu as primeiras duas em 1945 (fim da Segunda Guerra Mundial) e a terceira em 1989 (queda do Muro de Berlim).
Como é que uma ordem internacional e uma visão do mundo triunfantes parecem decair de modo tão rápido? A Europa e a América liberais terão interiorizado a ideia de fim da história e pensado que o destino dos povos não livres seria o de acederem, com o tempo, a regimes assentes nos direitos indivíduos, na economia de mercado e em democracias representativas. Em 1979, a revolução iraniana fora um aviso que não foi lido no que tinha de anunciador. Foram precisos vinte anos e o ataque às Torres Gémeas para se começar a vislumbrar que a cosmovisão liberal estava sob ataque. A partir daí, foi nascendo uma coligação de potências pouco interessadas nos direitos individuais e na democracia representativa. Com uma novidade. A principal potência despótica não é a de uma economia atrasada, apenas preocupada com a dimensão militar. A China é uma grande potência económica e tecnológica, capaz de fazer frente ao mundo ocidental a todos os níveis.
Ao mesmo tempo que a coligação dos regimes despóticos enfrenta os regimes liberais na arena internacional, no interior das democracias, explorando a liberdade que aí reina, afirmam-se movimentos que, ideologicamente, estão muito mais próximas das potências despóticas do que da cosmovisão liberal. Esta está a ser desafiada não apenas na dimensão geopolítica, onde perde continuamente influência, mas também no interior dos países democráticos pelos partidos e movimentos populistas. A confusão em que parece que vivemos não é outra coisa senão a guerra de uma muito ampla coligação de potências e movimentos contra as liberdades individuais e a visão liberal do mundo e das relações sociais. O que está em jogo é a substituição de um modo de vida, o nosso, onde a liberdade é o bem supremo, por outro onde a liberdade de cada um tem escasso ou nulo valor.
O desafio à ordem liberal - jorge carreira maia
Opinião » 2024-05-25 » Jorge Carreira MaiaAssistimos, nos dias de hoje, ao maior desafio que, desde o fim da Segunda Guerra Mundial, foi colocado à cosmovisão liberal. Esta visão do mundo não diz respeito apenas à economia. Ela é, fundamentalmente, uma perspectiva assente nos direitos individuais e em regimes pluralistas. A ordem liberal é aquela em que a liberdade individual é o fundamento da vida em sociedade. Esta visão é uma coisa recente na história da humanidade. Foi-se estruturando, lentamente, na Europa e na América, a partir dos séculos XVII e XVIII. Enfrentou, no século XX, grandes desafios, entre eles as ideologias antiliberais do fascismo, do nazismo e do comunismo. A ordem liberal venceu as primeiras duas em 1945 (fim da Segunda Guerra Mundial) e a terceira em 1989 (queda do Muro de Berlim).
Como é que uma ordem internacional e uma visão do mundo triunfantes parecem decair de modo tão rápido? A Europa e a América liberais terão interiorizado a ideia de fim da história e pensado que o destino dos povos não livres seria o de acederem, com o tempo, a regimes assentes nos direitos indivíduos, na economia de mercado e em democracias representativas. Em 1979, a revolução iraniana fora um aviso que não foi lido no que tinha de anunciador. Foram precisos vinte anos e o ataque às Torres Gémeas para se começar a vislumbrar que a cosmovisão liberal estava sob ataque. A partir daí, foi nascendo uma coligação de potências pouco interessadas nos direitos individuais e na democracia representativa. Com uma novidade. A principal potência despótica não é a de uma economia atrasada, apenas preocupada com a dimensão militar. A China é uma grande potência económica e tecnológica, capaz de fazer frente ao mundo ocidental a todos os níveis.
Ao mesmo tempo que a coligação dos regimes despóticos enfrenta os regimes liberais na arena internacional, no interior das democracias, explorando a liberdade que aí reina, afirmam-se movimentos que, ideologicamente, estão muito mais próximas das potências despóticas do que da cosmovisão liberal. Esta está a ser desafiada não apenas na dimensão geopolítica, onde perde continuamente influência, mas também no interior dos países democráticos pelos partidos e movimentos populistas. A confusão em que parece que vivemos não é outra coisa senão a guerra de uma muito ampla coligação de potências e movimentos contra as liberdades individuais e a visão liberal do mundo e das relações sociais. O que está em jogo é a substituição de um modo de vida, o nosso, onde a liberdade é o bem supremo, por outro onde a liberdade de cada um tem escasso ou nulo valor.
É um banco, talvez, feliz! - maria augusta torcato » 2024-11-14 » Maria Augusta Torcato É um banco, talvez, feliz! Era uma vez um banco. Não. É um banco e um banco, talvez, feliz! E não. Não é um banco dos que nos desassossegam pelo que nos custam e cobram, mas dos que nos permitem sossegar, descansar. |
Mérito e inveja - jorge carreira maia » 2024-11-14 » Jorge Carreira Maia O milagre – a eventual vitória de Kamala Harris nas eleições norte-americanas – esteve longe, muito longe, de acontecer. Os americanos escolheram em consciência e disseram claramente o que queriam. Não votaram enganados ou iludidos; escolheram o pior porque queriam o pior. |
O vómito » 2024-10-26 » Hélder Dias |
30 anos: o JT e a política - joão carlos lopes » 2024-09-30 » João Carlos Lopes Dir-se-ia que três décadas passaram num ápice. No entanto, foram cerca de 11 mil dias iguais a outros 11 mil dias dos que passaram e dos que hão-de vir. Temos, felizmente, uma concepção e uma percepção emocional da história, como se o corpo vivo da sociedade tivesse os mesmos humores da biologia humana. |
Não tenho nada para dizer - carlos tomé » 2024-09-23 » Carlos Tomé Quando se pergunta a alguém, que nunca teve os holofotes apontados para si, se quer ser entrevistado para um jornal local ou regional, ele diz logo “Entrevistado? Mas não tenho nada para dizer!”. Essa é a resposta que surge mais vezes de gente que nunca teve possibilidade de dar a sua opinião ou de contar um episódio da sua vida, só porque acha que isso não é importante, Toda a gente está inundada pelos canhenhos oficiais do que é importante para a nossa vida e depois dessa verdadeira lavagem ao cérebro é mais que óbvio que o que dizem que é importante está lá por cima a cagar sentenças por tudo e por nada. |
Três décadas a dar notícias - antónio gomes » 2024-09-23 » António Gomes Para lembrar o 30.º aniversário do renascimento do “Jornal Torrejano”, terei de começar, obrigatoriamente, lembrando aqui e homenageando com a devida humildade, o Joaquim da Silva Lopes, infelizmente já falecido. |
Numa floresta de lobos o Jornal Torrejano tem sido o seu Capuchinho Vermelho - antónio mário santos » 2024-09-23 » António Mário Santos Uma existência de trinta anos é um certificado de responsabilidade. Um jornal adulto. Com tarimba, memória, provas dadas. Nasceu como uma urgência local duma informação séria, transparente, num concelho em que a informação era controlada pelo conservadorismo católico e o centrismo municipal subsidiado da Rádio Local. |
Trente Glorieuses - carlos paiva » 2024-09-23 » Carlos Paiva Os gloriosos trinta, a expressão original onde me fui inspirar, tem pouco que ver com longevidade e muito com mudança, desenvolvimento, crescimento, progresso. Refere-se às três décadas pós segunda guerra mundial, em que a Europa galopou para se reconstruir, em mais dimensões que meramente a literal. |
30 anos contra o silêncio - josé mota pereira » 2024-09-23 » José Mota Pereira Nos cerca de 900 anos de história, se dermos como assente que se esta se terá iniciado com as aventuras de D. Afonso Henriques nesta aba da Serra de Aire, os 30 anos de vida do “Jornal Torrejano”, são um tempo muito breve. |
A dimensão intelectual da extrema-direita - jorge carreira maia » 2024-09-23 » Jorge Carreira Maia Quando se avalia o crescimento da extrema-direita, raramente se dá atenção à dimensão cultural. Esta é rasurada de imediato pois considera-se que quem apoia o populismo radical é, por natureza, inculto, crente em teorias da conspiração e se, por um acaso improvável, consegue distinguir o verdadeiro do falso, é para escolher o falso e escarnecer o verdadeiro. |
» 2024-11-14
» Maria Augusta Torcato
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» 2024-11-14
» Jorge Carreira Maia
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