Viagens pelo centro político - jorge carreira maia
França: a perda do centro. As eleições presidenciais deram a vitória a Emmanuel Macron, um político centrista. Quando as democracias liberais funcionam razoavelmente, existem dois centros. Um inclinado à esquerda e outro à direita. Não existe, em França, um centro para se opor ao de Macron. Existe uma extrema-direita forte e uma esquerda radical tão ou mais forte. Neste momento, não é impossível que uma coligação em torno de Mélenchon ganhe as próximas eleições legislativas. Caso isso aconteça, podem emergir dois cenários. Ou a governação segue o destino do Syriza grego e se afirma no centro-esquerda, ou se mantém fiel aos princípios que defende actualmente, e a França estará metida num sarilho. Alemanha: os equívocos do centro. Não há no caso da Alemanha um problema de representação política ao centro, pois tanto o centro-direita como o centro-esquerda são fortes. A invasão da Ucrânia, porém, tornou manifesto o equívoco em que o centro político alemão navegava. Subestimou a ameaça e tratou a Federação Russa como se fosse uma potência liberal e respeitadora dos valores liberais. Ninguém, no centro político alemão, dorme de consciência tranquila. Confundir o desejo com a realidade tem um alto preço. Resta saber que efeitos isso terá no futuro do centro político germânico.
Inglaterra: a estabilidade do centro. Depois das facécias radicais que conduziram ao interminável drama do Brexit, a Inglaterra voltou ao seu jogo político habitual. À erosão dos conservadores, centro-direita, corresponde o reforço dos trabalhistas, centro esquerda. As sondagens não apontam para nenhum drama, nem se prevê ameaças estruturais à democracia e ao Estado de direito. A estabilidade do centro, na sua natureza bicéfala, é o ponto central da estabilidade democrática.
Espanha e Portugal: o centro coxo. Em Espanha, o centro-esquerda, PSOE, já não consegue governar sem aliança com o Unidas Podemos (UP). O que parece estar a passar-se é que o UP se está a aproximar do centro, numa emulação do Syriza grego. O principal problema vem da direita. Neste momento, não será possível em Espanha um governo de direita sem a inclusão da extrema-direita. Não se prevê, de momento, que o Vox possa seguir uma aproximação ao centro-direita equivalente à do UP, ao centro-esquerda. A situação em Portugal está firme à esquerda, onde o centro é capaz de gerar soluções governativas sólidas. O problema está à direita e o peso que a extrema-direita poderá vir a ter. Por isso, as próximas eleições no PSD são muito importantes para o partido, mas também apara democracia liberal em Portugal.
Viagens pelo centro político - jorge carreira maia
França: a perda do centro. As eleições presidenciais deram a vitória a Emmanuel Macron, um político centrista. Quando as democracias liberais funcionam razoavelmente, existem dois centros. Um inclinado à esquerda e outro à direita. Não existe, em França, um centro para se opor ao de Macron. Existe uma extrema-direita forte e uma esquerda radical tão ou mais forte. Neste momento, não é impossível que uma coligação em torno de Mélenchon ganhe as próximas eleições legislativas. Caso isso aconteça, podem emergir dois cenários. Ou a governação segue o destino do Syriza grego e se afirma no centro-esquerda, ou se mantém fiel aos princípios que defende actualmente, e a França estará metida num sarilho. Alemanha: os equívocos do centro. Não há no caso da Alemanha um problema de representação política ao centro, pois tanto o centro-direita como o centro-esquerda são fortes. A invasão da Ucrânia, porém, tornou manifesto o equívoco em que o centro político alemão navegava. Subestimou a ameaça e tratou a Federação Russa como se fosse uma potência liberal e respeitadora dos valores liberais. Ninguém, no centro político alemão, dorme de consciência tranquila. Confundir o desejo com a realidade tem um alto preço. Resta saber que efeitos isso terá no futuro do centro político germânico.
Inglaterra: a estabilidade do centro. Depois das facécias radicais que conduziram ao interminável drama do Brexit, a Inglaterra voltou ao seu jogo político habitual. À erosão dos conservadores, centro-direita, corresponde o reforço dos trabalhistas, centro esquerda. As sondagens não apontam para nenhum drama, nem se prevê ameaças estruturais à democracia e ao Estado de direito. A estabilidade do centro, na sua natureza bicéfala, é o ponto central da estabilidade democrática.
Espanha e Portugal: o centro coxo. Em Espanha, o centro-esquerda, PSOE, já não consegue governar sem aliança com o Unidas Podemos (UP). O que parece estar a passar-se é que o UP se está a aproximar do centro, numa emulação do Syriza grego. O principal problema vem da direita. Neste momento, não será possível em Espanha um governo de direita sem a inclusão da extrema-direita. Não se prevê, de momento, que o Vox possa seguir uma aproximação ao centro-direita equivalente à do UP, ao centro-esquerda. A situação em Portugal está firme à esquerda, onde o centro é capaz de gerar soluções governativas sólidas. O problema está à direita e o peso que a extrema-direita poderá vir a ter. Por isso, as próximas eleições no PSD são muito importantes para o partido, mas também apara democracia liberal em Portugal.
![]() Imagino que as últimas eleições terão sido oportunidade para belos e significativos encontros. Não é difícil pensar, sem ficar fora da verdade, que, em muitas empresas, patrões e empregados terão ambos votado no Chega. |
![]() "Hire a clown, get a circus" * Ele é antissistema. Prometeu limpar o aparelho político de toda a corrupção. Não tem filtros e, como o povo gosta, “chama os bois pelo nome”, não poupando pessoas ou entidades. |
![]() A eleição de um novo Papa é um acontecimento sempre marcante, apesar de se viver, na Europa, em sociedades cada vez mais estranhas ao cristianismo. Uma das grandes preocupações, antes, durante e após a eleição de Leão XIV, era se o sucessor de Francisco seria conservador ou progressista. |
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![]() Agora que nos estamos a aproximar, no calendário católico, da Páscoa, talvez valha a pena meditar nos versículos 36, 37 e 38, do Capítulo 18, do Evangelho de João. Depois de entregue a Pôncio Pilatos, Jesus respondeu à pergunta deste: Que fizeste? Dito de outro modo: de que és culpado? Ora, a resposta de Jesus é surpreendente: «O meu reino não é deste mundo. |