A virtude da humildade
Opinião » 2016-05-20 » Jorge Carreira Maia"Foi isso que se viu com Rui Vitória. Foi isso que, contra todas as expectativas, lhe trouxe a glória. É nisso que todos nós deveríamos meditar. Não está na moda ser humilde."
Não quero deixar passar em claro a oportunidade, oferecida pela conquista do 35.º campeonato pelo Sport Lisboa e Benfica, para reflectir numa virtude que, no actual contexto cultural, parece ter sido completamente desvalorizada: a humildade. Se há um factor central no triunfo do clube da Luz, esse é a humildade, virtude encarnada na pessoa de Rui Vitória e que transbordou para toda a equipa e pessoal dirigente. Mesmo no momento da consagração, assistiu-se a grande contenção nas palavras e a nula vanglória.
A humildade significa o reconhecimento dos seus limites. Significa também a clara percepção de que, nos negócios humanos, aos quais o futebol pertence, nem tudo é controlável, e que uma parte do sucesso se deve, para além do trabalho duro, à fortuna, para falar à moda dos antigos romanos, ou à graça, se se quiser uma tonalidade mais cristã. O treinador do Benfica, sem nunca abdicar do empenho no que estava a fazer, pautou-se por uma atitude discreta e comedida. Evitou o pior dos males, aquele que os gregos diziam atrair, na figura das Erínias, a desgraça. Evitou a arrogância e a desmedida.
A humildade não é apenas uma virtude social, uma virtude onde a pessoa evita mostrar-se superior aos outros, sendo-o ou não. É também uma virtude pessoal que conduz ao reconhecimento de que não se é um deus e que, em tudo o que se faz, há uma enorme imperfeição. E é este reconhecimento da imperfeição das nossas obras que é o motor central para que se ultrapassem falhas, defeitos e limitações. Só aquele que tem a clara consciência da sua imperfeição julga ter de se ultrapassar.
Foi isso que se viu com Rui Vitória. Foi isso que, contra todas as expectativas, lhe trouxe a glória. É nisso que todos nós deveríamos meditar. Não está na moda ser humilde. O culto dos homens de sucesso é, por norma, o culto de egos inflacionados. As televisões e as redes sociais ajudam a essa inflação, divinizando, por curtos instantes, aquele que se deixa embalar no canto da sereia. O que a nossa sociedade precisa, porém, não é de gente com umbigo dilatado, mas de exemplos que nos ajudem a perceber que o caminho para melhorar passa pela humilde aceitação das suas imperfeições e limitações. Exemplos como o de Rui Vitória. Espero que não mude.
A virtude da humildade
Opinião » 2016-05-20 » Jorge Carreira MaiaFoi isso que se viu com Rui Vitória. Foi isso que, contra todas as expectativas, lhe trouxe a glória. É nisso que todos nós deveríamos meditar. Não está na moda ser humilde.
Não quero deixar passar em claro a oportunidade, oferecida pela conquista do 35.º campeonato pelo Sport Lisboa e Benfica, para reflectir numa virtude que, no actual contexto cultural, parece ter sido completamente desvalorizada: a humildade. Se há um factor central no triunfo do clube da Luz, esse é a humildade, virtude encarnada na pessoa de Rui Vitória e que transbordou para toda a equipa e pessoal dirigente. Mesmo no momento da consagração, assistiu-se a grande contenção nas palavras e a nula vanglória.
A humildade significa o reconhecimento dos seus limites. Significa também a clara percepção de que, nos negócios humanos, aos quais o futebol pertence, nem tudo é controlável, e que uma parte do sucesso se deve, para além do trabalho duro, à fortuna, para falar à moda dos antigos romanos, ou à graça, se se quiser uma tonalidade mais cristã. O treinador do Benfica, sem nunca abdicar do empenho no que estava a fazer, pautou-se por uma atitude discreta e comedida. Evitou o pior dos males, aquele que os gregos diziam atrair, na figura das Erínias, a desgraça. Evitou a arrogância e a desmedida.
A humildade não é apenas uma virtude social, uma virtude onde a pessoa evita mostrar-se superior aos outros, sendo-o ou não. É também uma virtude pessoal que conduz ao reconhecimento de que não se é um deus e que, em tudo o que se faz, há uma enorme imperfeição. E é este reconhecimento da imperfeição das nossas obras que é o motor central para que se ultrapassem falhas, defeitos e limitações. Só aquele que tem a clara consciência da sua imperfeição julga ter de se ultrapassar.
Foi isso que se viu com Rui Vitória. Foi isso que, contra todas as expectativas, lhe trouxe a glória. É nisso que todos nós deveríamos meditar. Não está na moda ser humilde. O culto dos homens de sucesso é, por norma, o culto de egos inflacionados. As televisões e as redes sociais ajudam a essa inflação, divinizando, por curtos instantes, aquele que se deixa embalar no canto da sereia. O que a nossa sociedade precisa, porém, não é de gente com umbigo dilatado, mas de exemplos que nos ajudem a perceber que o caminho para melhorar passa pela humilde aceitação das suas imperfeições e limitações. Exemplos como o de Rui Vitória. Espero que não mude.
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