• SOCIEDADE-  • CULTURA  • DESPORTO  • OPINIÃO
  Sexta, 26 Abril 2024    •      Directora: Inês Vidal; Director-adjunto: João Carlos Lopes    •      Estatuto Editorial    •      História do JT
   Pesquisar...
Seg.
 19° / 10°
Períodos nublados
Dom.
 18° / 6°
Períodos nublados com chuva fraca
Sáb.
 18° / 8°
Períodos nublados com chuva fraca
Torres Novas
Hoje  18° / 11°
Céu nublado com chuva fraca
       #Alcanena    #Entroncamento    #Golega    #Barquinha    #Constancia 

O drama dos partidos de poder

Opinião  »  2018-12-07  »  Jorge Carreira Maia

"O poder para PSD e PS não é um instrumento, mas o fim em si mesmo, adaptando-se à volubilidade do eleitorado, na ânsia de encontrar maiorias absolutas."

A crise em que se arrasta o principal partido da oposição, o PSD, é sintomática da natureza dos partidos de poder em Portugal. São fortes e sólidos quando estão no poder; são frágeis e à beira da desagregação quando a governação lhes foge. Também nisto, o PSD e o PS são partidos irmãos. Quando estão no poder, a distribuição de lugares serena os ímpetos dos barões, sossega os ardores das bases e aquieta os rompantes dos caciques locais, aqueles que, na verdade, mantêm o partido vivo nos piores momentos.

Enquanto esteve no poder com Passos Coelho, o PSD dava a imagem de um partido pronto para todos os combates, falava com voz tonitruante e dava a ideia de ser uma espécie de dono político do país. Por seu lado, o PS vivia em guerra civil, que conduziu ao homicídio político de António José Seguro, o que não foi suficiente para António Costa ganhar as eleições. O que perdeu o PSD e salvou o PS foi a aritmética esquerda – direita, a qual, pela primeira vez, gerou um governo, ainda por cima estável. No entanto, não nos devemos iludir. Nem o PSD está à beira do fim, nem o PS está sólido e saudável. O que se passa é que o PSD está fora do poder e o PS, dentro. Basta que a ocupação do poder mude, para que o drama que atinge o PSD seja transferido para o PS.

Isto diz muito da natureza destes dois partidos, os quais nunca tiveram princípios ideológicos reais. O PSD, um partido do centro-direita e da direita, adoptou, por oportunismo político, uma designação de esquerda (sim, a social-democracia é de esquerda). Por seu lado, o PS, contrariamente aos seus irmãos estrangeiros, não tem qualquer ligação ao movimento reformista das classes trabalhadoras. É uma organização assente nas profissões liberais, por vezes com laivos de jacobinismo oratório, sem um contacto real com as velhas tradições da social-democracia europeia. Em momentos mais exaltados fala em socialismo democrático, apenas como efeito retórico.

Os dois principais partidos portugueses são, deste modo, organizações cimentadas apenas pelo poder. O poder para PSD e PS não é um instrumento, mas o fim em si mesmo, adaptando-se à volubilidade do eleitorado, na ânsia de encontrar maiorias absolutas. Em caso de ausência dessa maioria, ambos recorrem a alianças que os mantenham no comando do país, para que bases, caciques e barões durmam tranquilos e, se possível, gratos. O facto dos dois principais partidos portugueses não possuírem, no seu núcleo, uma tradição política real, torna-os, dramaticamente, vulneráveis quando estão na oposição, e é um factor de fragilização da democracia portuguesa.

 

 

 Outras notícias - Opinião


O miúdo vai à frente »  2024-04-25  »  Hélder Dias

Família tradicional e luta do bem contra o mal - jorge carreira maia »  2024-04-24  »  Jorge Carreira Maia

A publicação do livro Identidade e Família – Entre a Consistência da Tradição e os Desafios da Modernidade, apresentado por Passos Coelho, gerou uma inusitada efervescência, o que foi uma vitória para os organizadores desta obra colectiva.
(ler mais...)


Caminho de Abril - maria augusta torcato »  2024-04-22  »  Maria Augusta Torcato

Olho para o meu caminho e fico contente. Acho mesmo que fiz o caminho de Abril. O caminho que Abril representa. No entanto, a realidade atual e os desafios diários levam-me a desejar muito que este caminho não seja esquecido, não por querer que ele se repita, mas para não nos darmos conta, quase sem tempo de manteiga nos dentes, que estamos, outra vez, lá muito atrás e há que fazer de novo o caminho com tudo o que isso implica e que hoje seria incompreensível e inaceitável.
(ler mais...)


As eleições e o triunfo do pensamento mágico - jorge carreira maia »  2024-04-10  »  Jorge Carreira Maia

Existe, em Portugal, uma franja pequena do eleitorado que quer, deliberadamente, destruir a democracia, não suporta os regimes liberais, sonha com o retorno ao autoritarismo. Ao votar Chega, fá-lo racionalmente. Contudo, a explosão do eleitorado do partido de André Ventura não se explica por esse tipo de eleitores.
(ler mais...)


Eleições "livres"... »  2024-03-18  »  Hélder Dias

Este é o meu único mundo! - antónio mário santos »  2024-03-08  »  António Mário Santos

Comentava João Carlos Lopes , no último Jornal Torrejano, de 16 de Fevereiro, sob o título Este Mundo e o Outro, partindo, quer do pessimismo nostálgico do Jorge Carreira Maia (Este não é o meu mundo), quer da importância da memória, em Maria Augusta Torcato, para resistir «à névoa que provoca o esquecimento e cegueira», quer «na militância política e cívica sempre empenhada», da minha autoria, num país do salve-se quem puder e do deixa andar, sempre à espera dum messias que resolva, por qualquer gesto milagreiro, a sua raiva abafada de nunca ser outra coisa que a imagem crónica de pobreza.
(ler mais...)


Plantação intensiva: do corte à escovinha e tudo em fila aos horizontes metalificados - maria augusta torcato »  2024-03-08  »  Maria Augusta Torcato

Não sei se por causa das minhas origens ou simplesmente da minha natureza, há em mim algo, muito forte, que me liga a árvores, a plantas, a flores, a animais, a espaços verdes ou amarelos e amplos ou exíguos, a serras mais ou menos elevadas, de onde as neblinas se descolam e evolam pelos céus, a pedras, pequenas ou pedregulhos, espalhadas ou juntinhas e a regatos e fontes que jorram espontaneamente.
(ler mais...)


A crise das democracias liberais - jorge carreira maia »  2024-03-08  »  Jorge Carreira Maia

A crise das democracias liberais, que tanto e a tantos atormenta, pode residir num conflito entre a natureza humana e o regime democrático-liberal. Num livro de 2008, Democratic Authority – a philosophical framework, o filósofo David.
(ler mais...)


A carne e os ossos - pedro borges ferreira »  2024-03-08  »  Pedro Ferreira

Existe um paternalismo naqueles que desenvolvem uma compreensão do mundo extensiva que muitas vezes não lhes permite ver os outros, quiçá a si próprios, como realmente são. A opinião pública tem sido marcada por reflexões sobre a falta de memória histórica como justificação do novo mundo intolerante que está para vir, adivinho eu, devido à intenção de voto que se espera no CHEGA.
(ler mais...)


O Flautista de Hamelin... »  2024-02-28  »  Hélder Dias
 Mais lidas - Opinião (últimos 30 dias)
»  2024-04-22  »  Maria Augusta Torcato Caminho de Abril - maria augusta torcato
»  2024-04-24  »  Jorge Carreira Maia Família tradicional e luta do bem contra o mal - jorge carreira maia
»  2024-04-25  »  Hélder Dias O miúdo vai à frente
»  2024-04-10  »  Jorge Carreira Maia As eleições e o triunfo do pensamento mágico - jorge carreira maia