Quando se pergunta a alguém, que nunca teve os holofotes apontados para si, se quer ser entrevistado para um jornal local ou regional, ele diz logo “Entrevistado? Mas não tenho nada para dizer!”.
Essa é a resposta que surge mais vezes de gente que nunca teve possibilidade de dar a sua opinião ou de contar um episódio da sua vida, só porque acha que isso não é imp... (ler mais...)
Não foi “E depois do adeus” nem a “Grândola” que me adormeceram nessa noite, mas sim “Non son degno di te” (“Não sou digno de ti”) de Gianni Morandi, suplicada por alguém depois de dizer a frase ao telefone da rádio, o romantismo italiano adocicando-me os ouvidos, embalando-me o sono num colchão renovado com a renovação das camisas de milho. ... (ler mais...)
1.Embora uma das imagens de marca do antigo regime fosse a opressão, felizmente existem histórias de resistência espalhadas por muitos locais. A resistência contra o fascismo não foi uma expressão meramente teórica, antes foi preenchida com muitos exemplos reais, episódios de coragem, gente de carne e osso que trocou as voltas ao destino, lutando contra ventos e marés.
Tamb&e... (ler mais...)
Aqui há um ano, prometeram que o homem ia voltar e ele voltou mesmo. Nessa altura o homem era o José Afonso, e a sua música ecoou tão simples e tão pura no auditório do Hotel dos Cavaleiros que os LaFontinha conseguiram o milagre de ressuscitar o genial autor de geniais canções, que agora querem tratar como um vulgar herói nacional grato ao poder, e cuja gratidão o poder rec... (ler mais...)
Casa Espanhol, uma das três lojas mais antigas de Torres Novas, fechou as suas portas no passado dia 30 de Maio. Torres Novas nunca mais será a mesma terra. Com este encerramento encerra-se uma determinada forma de estar na vida, a generosidade e a inteligência de conseguir estar quase 80 anos à frente de um estabelecimento comercial que marcou indelevelmente a vida da cidade.
Amolava facas e tesouras, consert... (ler mais...)
Quando saiu de casa, o Janota ia com a intenção de finalmente ter coragem de beber um chá e comer um duchese na Abidis, a pastelaria mais fina do burgo. Especialista em navalhas de ponta e mola, limpa-unhas, bilhetes falsos, ilusões cheias e carteiras vazias, as suas relações sociais e profissionais subiam até às subcaves de Alcântara e aos vendedores de vigésimos premiados. ... (ler mais...)
Sempre me arrependi de não ter aceitado o convite, faz agora 40 anos, do Victor Silvino para irmos à Nazaré na sua Vespa ver uma onda enorme que estava a chamar curiosos. Mas na altura a imagem que me apareceu de imediato à frente dos olhos, não foi a do mar em polvorosa, foi a do pendura da motorizada a esbardalhar-se todo pela serra abaixo quando o mais célebre chofer da biblioteca itinerante da Gulb... (ler mais...)
Como estava farta de ouvir dizer que a PIDE só tinha dado em alguns meliantes umas pancadinhas de-quando-em-vez que não faziam mal nenhum, num processo de branqueamento total do fascismo português, Aurora Rodrigues, antiga militante do MRPP e hoje procuradora da República, decidiu contar as suas histórias na prisão na época do Marcelo Caetano. E em 2011 editou o livro “Gente Comum – u... (ler mais...)
Durante muitos anos, mesmo muitos anos, o regime fascista vigorou neste país á beira-mar plantado. Saber como foi possível manter-se esse regime tanto tempo, perceber o que esteve na base dessa longevidade, que artimanhas criou para embalar as almas no melhor dos amparos criando a mais feliz das ilusões, e que modos utilizou na opressão e em mil e um mecanismos para subjugar os portugueses durante tantos anos... (ler mais...)
Os toros de madeira desciam pelo Tejo abaixo aproveitando a correnteza de todos os dias, galgando aluviões, espraiando-se pela areia nas margens ou pela água que invadia os campos e neles cavava húmus, a esperança de novas culturas, outras terras. No calmo calor das tardes desciam pelo Tejo toros abraçados vindos de Vila Nova da Barquinha carregados por juntas de bois pisando trilhos lamacentos de bostas.
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Aqui há uns anos, não muitos, o Bruno Aleixo, um boneco televisivo, um urso que só mexia a boca e revirava os olhos, fazia-nos rir e pensar quando mandava umas atoardas e se vangloriava de ler muito. Ele era anúncios, listas de supermercado, slogans que andavam espalhados por Coimbra, o preçário do café do Aires, algumas mensagens de telemóvel e mais umas dezenas de coisa. Quer dizer, por... (ler mais...)
Há pessoas que vivem toda a vida sem se dar por elas. No fundo parece que não calcam o mesmo chão, que não bebem o seu café na Praça, uma italiana com adoçante faxavor, parece que não andam cá por estas bandas, são como o homem invisível, por vezes só se vê o contorno do casaco, remetendo-se a um silêncio exasperante e a uma invisibilidade que nos a... (ler mais...)
Olha lá, não estou nada de acordo quando eles dizem que têm a melhor opinião. Melhor opinião em quê? Há melhores e piores opiniões? Ou há só opiniões? Para além de estarem a puxar lustro aos galões, toda a gente sabe que a melhor opinião é a do Marques Mendes, o grilo falante, o tipo sabe as calhandrices todas do PSD e casca na geringon&ccedi... (ler mais...)
Quando centenas de pintores e militantes anónimos davam cor às palavras de ordem e som às imagens de muitas lutas, estavam longe de sonhar que essas imagens eram verdadeira arte de emergência política e que se gravariam para sempre nas nossas memórias.
A história do 25 de Abril escre... (ler mais...)
» 2024-12-31
» José Mota Pereira
AINDA HÁ CALENDÁRIOS ? - josé mota pereira |