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A capa rasgada de São Martinho, por Inês Vidal

Sociedade  »  2019-11-21 

Sou uma ribatejana fajuta. Nasci numa cidade que poderia estar em qualquer ponto do país, sem grandes raízes, vínculos ou características que a tornem parte indissociável de sítio algum. Sou daqui, como poderia ser de outro local. Sou ribatejana como poderia ser minhota, sou portuguesa como poderia ser castelhana, sou do centro como poderia ser do norte. Não há Mondego que me limite o caminho, não houve mouros que me definissem a alma. Admito que tudo aquilo que sou possa ser influenciado por todo este ambiente que me rodeia, mas prefiro não me limitar a ser daqui. Escolho o mundo.

Mas já estou a divagar. Não sou ribatejana de gema, como dizia. Não gosto de touradas, de água-pé só às vezes, e cavalos, esses, apenas quando os vejo cavalgar na planície, carregando cowboys rebeldes que mascam tabaco, com as suas cafeteiras de inox usado penduradas na sela.

Aqui mesmo ao lado, na Golegã, vive-se o São Martinho à boa moda ribatejana. Pelo menos, à moda do que é suposto ser um ribatejano de gema nos dias que correm. Foram buscar-se as raízes ribatejanas de outrora e a elas se juntou um pincelar moderno, “bem”, a roçar o chique. E assim se tornou um São Martinho, que deveria homenagear o santo que do alto do seu cavalo rasgou a sua capa para a partilhar com um mendigo num dia frio de Inverno, numa festa de élites, onde se contam as amazonas mais chiques, as samarras mais bonitas e os chapéus com as plumas mais vistosas. Nem todos nos sentimos bem no São Martinho da Golegã. É fácil até sentirmo-nos a mais, por nos sentirmos tão menos do que os que tão bem e bonitos parecem, num tempo em que o parecer parece valer mais do que o ser.

Não deixa de ser irónico que essas tais samarras, dress code praticamente obrigatório da feira do cavalo da Golegã, nos cheguem da casa Peixoto, de Penafiel. Penafiel, essa cidade do distrito do Porto que também por esta altura se engalana para homenagear São Martinho, numa festa que à maioria de nós não diz nada. Nunca ouvimos falar. Passa-nos ao lado.

A vida levou-me lá por estes dias. A mim, que desde sempre me lembro de fugir do São Martinho na minha região. Reticente de início, preconceituosa à partida pela única forma como havia visto comemorar a efeméride, acabei por ir. A verdade é que em Penafiel se respira um santo diferente e não deixa de ser fascinante para quem gosta de pensar as pessoas, ver como a mesma causa pode ser vivida de formas tão diferentes.

Em Penafiel abre-se o vinho novo, não faltam as castanhas ou o cariz religioso que a efeméride acarreta e por cá está meio adormecido. A festa sai à rua durante mais de uma semana e com ela as pessoas. Muitas. E são as pessoas que fazem a festa de Penafiel, pessoas como eu e quem me lê, sem pretensões a mais nada do que a ser pessoas, pessoas iguais àquelas que São Martinho ajudou naquele dia em que o Inverno se tornou Verão. Em Penafiel, louvam-se as raízes, orgulhosamente, sem nada que as desvirtue, sem quaisquer intenções de as tornar em raízes que não foram.

Não sei se a explicação para tamanha diferença será geográfica, se o norte difere assim tanto do sul, se as pessoas se moldam de tal forma aos sítios onde nascem, se há efectivamente um regionalismo que se torna visível nestas práticas básicas do nosso quotidiano.

Não sei se será um rio que se atravessa, suficiente para justificar a diferença abismal entre duas festas com o mesmo nome e apenas um coração. Mas a verdade é que não poderia haver festividades mais separadas entre si, qual capa rasgada de São Martinho.

 

 

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