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Gaiola - inês vidal

Sociedade  »  2021-07-04 

Falta-me mundo. Falta mundo a todos os que aqui acabam por cair. Sinto-me, também eu, a secar, a andar em círculos na minha própria vida e na dos que me rodeiam.

 

Em Março ou Abril de 2002, concorri a uma vaga para jornalista do Jornal Torrejano. Procuravam uma jornalista boa. Se não fosse jornalista, azar, desde que fosse boa. Era qualquer coisa desse género. Eu nem boa, nem jornalista, mas arrisquei sem fé. Passava então os meus dias no Porto, onde estudava. Concorri ao lugar sem qualquer esperança ou expectativa. Vivia mentalizada de que nunca iria arranjar emprego na minha área, já que a taxa de desemprego era, à data e à semelhança do que acontece ainda hoje, gigante. Um pessimismo agravado pelas muitas exigências do tal anúncio de emprego.

Numa sexta-feira à tarde, quando me deslocava para Torres Novas para mais um fim-de-semana, recebi uma chamada. Era o João, que dizia ter recebido o meu currículo e que, antes de mais, queria esclarecer uma coisa: “Vives no Porto. Tens a certeza de que queres voltar para Torres Novas?”. Um visionário, ou a experiência a falar por si... Esta pergunta acompanha-me até hoje, vinda das mais variadas fontes, incluindo de mim própria, e continua a acordar-me nos meus piores pesadelos.

Na altura, feliz por haver afinal uma leve esperança de vir a ser jornalista, não percebi bem a imensidão da pergunta. Era jovem, utópica e crente.... Hoje, vinte anos depois, gostava que o João me voltasse a colocar essa mesma questão. A resposta, provavelmente, seria outra e não deixaria de lha retribuir: “João, tem a certeza de que quer voltar para Torres Novas?”

Pensando do ponto de vista emocional - ou será racional, nem sei bem - não mudaria nada, já que tenho plena consciência de que a decisão que tomei naquele dia ditou a vida que tenho hoje. Mas vinte anos depois, não tenho dúvidas de que aquela decisão matou todo um outro lado que eu poderia ter sido ou feito, fosse qual fosse, melhor ou pior, nunca saberei...

Quando voltamos a Torres Novas, mesmo se já tivermos tido a sorte de espreitar mundo, dificilmente saímos. Acomodamo-nos, andamos em círculo entre as mesmas pessoas e lugares, numa trajectória quase claustrofóbica que depois de nos apanhar, não nos larga mais. Não sei explicar o porquê deste fenómeno, mas a verdade é que o problema é voltar, porque difícil será sair.

Comecei a escrever esta deprimente divagação enquanto olhava para os pássaros que prendo na minha varanda. Cantam, aparentemente felizes, enquanto esvoaçam dentro daqueles sempre mesmos limites, onde se cruzam sempre com os mesmos pássaros, que são eles próprios tão poucos. Tentam convencer-me de que são felizes e de que não sabem viver de outra forma que não assim, enjaulados. Ao que eu pergunto se nós, que caímos um dia nesta gaiola apertada, circular, onde nos cruzamos sempre com as mesmas caras e lugares, saberemos voltar a usar as asas que um dia utilizámos para voar.

Falta-me mundo. Falta mundo a todos os que aqui acabam por cair. Sinto-me, também eu, a secar, a andar em círculos na minha própria vida e na dos que me rodeiam, a perder mundo e a visão que apenas ele me consegue dar dele próprio. Nem o muito ar da serra me impede de asfixiar aqui, nesta gaiola aparentemente, mas enganadoramente, arejada.

Questionamo-nos inúmeras vezes sobre onde andará a juventude, a renovação das gentes, quando idealizamos ver Torres Novas a avançar de aldeia para um lugar no globo. Não entendemos porque estamos envelhecidos, porque não há empreendedores, quadros ou criativos que se assumam, que se cheguem à frente, que peguem Torres Novas com a palma das duas mãos. É fácil de ver: muitos percebem à primeira quando lhes perguntam se têm a certeza de que querem mesmo voltar para Torres Novas. Os que não percebem e voltam, acabam por secar também, envoltos na inércia que esta terra nos enraíza.

Quando focamos o nosso discurso, ou ouço alguém focar o seu - algo tão corrente em ano de eleições autárquicas - na necessidade de atrair os jovens de volta à terra, não sei se ria se chore. O conceito é bom, a ideia vende, mas enquanto não nos dedicarmos a dar mundo aos que já cá vivem, não vale a pena atrair mais ninguém para esta claustrofóbica espiral sem fim.

 



 

 

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