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Morreu Manuel Piranga Faria, um homem grande

Sociedade  »  2020-06-28 

Morreu na madrugada de hoje, domingo, na sua casa de Lapas, Manuel Piranga Faria, uma das personalidades marcantes da comunidade torrejana das últimas décadas.

Nascido em Lapas em 29 de Julho de 1932, desde muito jovem enveredou pela participação cívica, integrando a acção social e cultural católica junto da juventude trabalhadora por via da militância na JOC e na LOC (Liga Operária Católica). Aos 15 anos, já pertencia aos corpos sociais da filarmónica da sua terra.

Profissionalmente foi marçano e aprendiz de serralheiro, mas distinguiu-se ao serviço da Empresa Industrial de Electricidade do Almonda, de que era quadro responsável, mantendo-se em lugar de relevo ao nível da gerência depois da integração da empresa na EDP, a seguir ao 25 de Abril.

Foi também sindicalista e politicamente esteve sempre ligado ao Partido Socialista. Foi autarca na sua freguesia e passado algum tempo transformou-se numa figura de referência do PS em Torres Novas, tendo sido várias vezes candidato a presidente da câmara durante o reinado do PSD à frente da autarquia torrejana, cumprindo os mandatos de vereador.

Para além da militância católica na juventude, durante cerca décadas esteve ligado também ao CRIT, ao Clube Desportivo de Torres Novas, à Sociedade Musical União e Trabalho, de Lapas, aos Bombeiros Voluntários Torrejanos, ao Clube Juventude de Lapas e à LOC.

Mas é com António Rodrigues que faz uma parceria de cumplicidade pessoal e amizade política que os levariam a percorrer caminhos comuns durante cerca de 20 anos. Manuel Piranga foi 12 anos chefe de gabinete de António Rodrigues, desempenhou o cargo de presidente da assembleia municipal num dos mandatos do anterior presidente da câmara e acompanhou Rodrigues na sua aventura à frente do Desportivo.

Ele que já tinha sido presidente da direcção do Clube Desportivo de Torres Novas em 1978, foi durante anos vice-presidente dos “amarelos” na presidência de António Rodrigues, assumindo a liderança do clube em 1999 para uma longo período em que foi o homem do leme do CDTN, até finais de 2005.

Em 28 de Setembro de 2007, durante a reunião da Assembleia Municipal, anunciou que iria renunciar ao cargo de presidente daquele órgão autárquico por motivos pessoais. Entã com 75 anos e cerca de 30 anos de trabalho efectivo na política, este afastamento ditaria “o terminar da vida política activa”, como disse na altura ao JT.

No mês de Novembro seguinte, foi alvo de uma homenagem que juntou centenas de amigos na quinta das Carrascosas, organiazada por um grupo de pessoas ligadas ao Partido Socialista, numa “homenagem  apartidária e ao homem e não ao político”, como então se escreveu.

Deu muito do seu trabalho voluntário à Rádio Local de Torres Novas, de que se despediu, já cansado, há poucos anos.
Era cooperante da Cooperativa Editora Jornal Torrejano, seguindo sempre com interesse o percurso deste jornal.

À família, em especial aos seus cinco filhos, e aos socialistas torrejanos, o JT envia condolências, em respeito pelo exemplo de vida de um homem que deixa saudades em todos nós.

J.C.L.


RECUPERAMOS, AQUI, UMA EXCELENTE ENTREVISTA DE MANUEL PIRANGA A INÊS VIDAL, em 2007, por ocasião do abandono da vida política:

Manuel Piranga na hora do adeus à política
“Vou estar mais disponível para prestar atenção à minha família e à minha terra”

Manuel Piranga, ainda presidente da Assembleia Municipal, anunciou que vai renunciar ao cargo e pôr um ponto final na carreira política. Pelo caminho ficaram 61 anos de actividade associativa sem interregno, 35 anos de vida política e 45 de profissão. O JT faz aqui o balanço possível deste tempo que dedicou a Torres Novas.

O trabalho começou cedo?
Comecei aos 13 anos como aprendiz nos Armazéns do Chiado, mas como não gostava, fui trabalhar para uma oficina de serralharia civil, em Lapas. Dois anos depois fui para a Casa Nery e aos 18 comecei a trabalhar na Empresa Industrial de Electricidade do Almonda. O gerente achou que eu tinha condições para ser chefe dos cobradores da central eléctrica e isso mexeu muito comigo. Na altura era um bom aluno e não pude estudar mais. Depois a empresa foi integrada na EDP e ai trabalhei até me reformar. Desempenhei diversos cargos, entre os quais o de responsável pelos escritórios de Torres Novas, Alcanena, Golegã, Chamusca e Entroncamento.

E onde surge a vida associativa?
Também aos 13 anos, na SMUT. O presidente, António Filomeno Emílio, achou que eu tinha jeito para colaborar com ele e lá estive. Fomos uma boa equipa e aquela foi das melhores fases que a associação passou e aí estive 10 anos. Entretanto, como no piso de cima existia o Montepio, fui eleito secretário da colectividade. Isto com 15 anos. Depois daí, a pessoa que fazia a escrita viu que eu tinha jeito e fiquei eu a fazê-la durante outros 15.

Foi também sindicalista?
Houve uma coisa que para mim foi fundamental para esta vida longa que eu tive no associativismo, que foi a base que me deu a JOC (Juventude Operária Católica) e a LOC. Deu-me bons alicerces para estar na sociedade e na vida colectiva. A doutrina social da igreja é riquíssima e ensina uma pessoa a saber estar.
Tive também a oportunidade de estar nos sindicatos, ainda no tempo da outra senhora. A Intersindical nasceu estava eu em Santarém. Fazia parte do Sindicato dos Empregado de Escritório e Caixeiros do Distrito de Santarém. Continuei na vida sindical depois do 25 de Abril, na União dos Sindicatos e como representante dos trabalhadores torrejanos na Comissão Administrativa do Hospital.

Não podemos esquecer a passagem pelo Desportivo?
Fui a convite de António Rodrigues, há 16 anos, ainda ele não tinha aderido à política. Foi um trabalho colossal que fizemos no futebol. Já lá tinha estado antes, quando o clube passou por uma crise após o 25 de Abril e não havia direcção. Foi eleita uma comissão administrativa, da qual eu fui presidente. Ninguém queria aceitar porque o clube tinha umas dívidas. Vim de lá muito satisfeito porque deixei as dívidas a zero. Algo que não aconteceu desta vez.
Comecei como secretário, vice-presidente para tesouraria, depois para a área administrativa. Dois ou três anos depois, Rodrigues foi para a Câmara e eu fique presidente. Não fomos felizes. Houve um bom trabalho feito, como a relva e a iluminação do estádio, conseguido com o apoio da Câmara. Numa altura em que achávamos que estavam reunidas as condições para o Torres Novas dar o salto, a nível qualitativo e quantitativo, as coisas correram mal. Fomos induzidos em erro por uns pseudo-profissionais da bola que vieram enterrar o clube, que levou algum tempo a endireitar e os reflexos estão ainda aí. Dizem que o clube está no lugar certo, mas não está. O clube tem direito a estar pelo menos no nacional. Foi uma experiência longa e dolorosa.

Mas a política surge muito antes desse convite?
Fernando Cunha “ensaboou-me a cabeça” para a política e acedi, porque vi no Cunha um homem que se interessava pelas coisas de Torres Novas e não pelo poder. Foi isso que ele incutiu em mim. Fui então secretário da Junta de Freguesia de Lapas, cargo de que abdiquei com o 25 de Abril. Nas primeiras eleições para as autarquias fui eleito presidente de Junta e depois o partido entendeu que eu deveria ir para a Câmara Municipal.
Foi então candidato à Câmara Municipal?
Fui candidato à Câmara por duas vezes, pois não havia ninguém que o quisesse ser. Tinham medo de perder. Mas perder o quê se não tínhamos nada? Da segunda vez só não ganhámos porque o meu partido não foi coeso a nível local. Tenho uma certa mágoa disso, mas paciência.
No tempo em que fomos oposição, fui vereador. Nessa época, levei muita tareia do meu partido por não votar contra algumas propostas do PSD. Procurava avaliar as propostas, conhecer os factos junto dos técnicos da Câmara e, uma vez dentro dos elementos, chamava a atenção ao Casimiro Pereira (?) e Arnaldo Santos, para alterações que considerava construtivas. Depois abstinha-me. Não podia votar a favor, porque ainda “levava mais” do meu partido, mas também não votava contra porque não discordava das propostas.

De todos estes cargos qual o que o preencheu mais?
Sem dúvida o que vivi enquanto profissional na Central Eléctrica. Após o 25 de Abril, tinha a central 60 trabalhadores, percebi que uma facção mais esquerdista queria fazer uma comissão de trabalhadores. Antecipei-me e assumi esse processo. Foi extraordinário: conseguimos que a gerência, uma vez que era iminente a integração da central na EDP, equiparasse, mais ou menos, os nossos ordenados com os da Electricidade de Portugal. Conseguimos que nos passassem a pagar o mesmo que os funcionários da EDP ganhavam no ano anterior. A comissão fez um trabalho espectacular. Se não, podia ter acontecido um caso semelhante ao da António Alves. Foi uma experiência espectacular, uma riqueza profunda. Todos os meus amigos diziam que eu não ia conseguir, mas eu nunca desisti.
Também o papel de chefe de gabinete foi gratificante. Mesmo quando não conseguíamos resolver os problemas às pessoas, elas saíam satisfeitas, porque eram bem atendidas. Ainda hoje faço questão de dizer às pessoas que tenho a minha ideologia política, mas à entrada da porta da Câmara fica sempre o meu casaco partidário. Atendo as pessoas de igual modo e ninguém pode dizer o contrário. Entendo que a política, uma vez escolhida a equipa, tem que trabalhar em uníssono. Também a primeira vitória do PS para a Câmara Municipal, na qual estive profundamente envolvido, foi dos momentos que mais gozo me deu.

E qual o mais útil para a comunidade?
Todos eles. Está agora a ser-me feita uma homenagem. Mas porquê? Se a minha formação, que a acção católica me deu, me obriga a dar tudo o que tenho em prol dos outros, eu não tenho direito a homenagens. Eu tenho é o dever de responder às necessidades que encontro à minha volta. Sou actualmente catequista na minha terra. Se cada um der tudo o que tem, o mundo melhorará. Mas se as pessoas acham que eu mereço, aceito com agrado. É gratificante que se tenham lembrado de mim.

Abandona a vida política e associativa de consciência tranquila?
Sem dúvida que vou com a consciência tranquila, mas também com a certeza que cometi asneiras ao longo da vida. Tenho um hábito de rever diariamente o meu dia. Recolho para pensar, vejo a minha vida e os meus erros e procuro melhorar. E sei que não podia ter feito mais. Como? A minha mulher é uma mulher extraordinária, que criou 5 filhos quase sempre na minha ausência. Mas eles souberam interpretar a minha actividade e hoje tenho 5 filhos maravilhosos, 10 netos e as noras também.

Preside apenas a mais uma reunião da AM?
Na próxima reunião da Assembleia Municipal, que deverá decorrer ainda este mês, irei concretizar o pedido de renúncia e caberá àquele órgão eleger novo presidente. A partir dai vou gozar a vida com a minha mulher, com quem comemoro 50 anos de casado para o ano.
Vou entreter-me na vida hortícola e depois logo se verá. Não vou parar, não consigo. Continuarei com a LOC e a catequese. Até ter forças. Vou estar mais disponível para prestar atenção à minha família e à minha terra.
Inês Vidal

 

 

 

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