Sobre a geografia da extinção do futebol português, por João Carlos Lopes
Desporto » 2020-05-08
Portugal tem um PIB inferior ao da Catalunha, 212 mil M de euros para 228 mil M de euros. A Catalunha tem normalmente dois clubes na primeira liga espanhola de futebol.
Decorre que Portugal, com um quinto da população de Espanha, um sexto da de Itália e França, um oitavo da alemã e uma economia que acentua ainda mais a distância demográfica, não pode querer ter uma liga de futebol à dimensão, mesmo quantitativa, das desses países.
Portugal não tem tecido económico nem demografia para viabilizar uma liga com mais de 10 clubes profissionais com massa crítica, estruturas associativas e financeiras sustentáveis e mesmo esse cenário já seria algo inflacionado.
Os clubes portugueses (na sua mutação conhecida por SAD), com destaque para os três “grandes”, vivem há décadas numa bolha que a seu tempo rebentará com estrondo (o COVID 19 já deu uma ideia). Não são viáveis no actual modelo e sobretudo nas suas práticas de gestão, e num padrão financeiro suportado em receitas extraordinárias (comissões e vendas) e adiantadas (direitos televisivos), e em proveitos estruturais tendencialmente baixos.
Os clubes portugueses (na sua mutação conhecida por SAD), com destaque para os três “grandes”, não têm qualquer capacidade para sustentar as elevadas despesas e mordomias das administrações das SAD e outros gastos sumptuários e desregrados, nem tão pouco os níveis salariais dos jogadores, absolutamente desproporcionados à realidade do próprio futebol português e do país.
O quadro competitivo português, vigente há 70 anos, conduziu à desterritorialização do futebol, ausente em 90 por cento do país nas competições de primeiro e segundo nível, com igual tendência a agravar-se também no terceiro nível (Campeonato de Portugal).
O quadro competitivo do futebol português amplia, no próprio futebol, as assimetrias regionais que fazem de Portugal um país desigual; é um quadro competitivo exclusivista, em que os ocupantes do primeiro e segundo nível são basicamente sempre os mesmos, com algumas e fugazes intromissões.
O quadro competitivo do futebol português não integra, na sua lógica intrínseca (níveis, territorialidade) o elemento fundamental que é o horizonte, para os clubes, de uma possibilidade real de ascensão competitiva. Na maior parte dos casos e ultimamente, tais intromissões têm derivado de iniciativas de duvidosa solidez, quando não aventureirismos de contornos criminosos, que têm conduzido muitos clubes à decadência e à insolvência.
O quadro competitivo português dá conta de uma desproporcionada desigualdade territorial entre os clubes a norte e a sul, com origem nos anos posteriores a 1974, quando os municípios do norte de Portugal patrocinaram de forma desregulada e ostensivamente os clubes de futebol, enquanto os do sul genericamente recusaram essa política. Os poderes do futebol português não têm sido capazes de definir medidas tendentes a atenuar estas assimetrias de origem política.
Actualmente, o quadro competitivo de primeiro e segundo nível integra em si elementos que distorcem a verdade desportiva, de novo com origem em decisões políticas: os clubes das regiões autónomas são patrocinados, em milhões de euros por ano, por dinheiros públicos (para “promover as regiões”), mas os clubes de regiões com mais efeitos da interioridade (Beja, Évora, Portalegre, Castelo Branco, Guarda ou Bragança) não têm esse direito. As ligas são, por este motivo, campeonatos desportivamente viciados, porque dois ou três clubes que as integram são financiados por dinheiro público.
Neste contexto, nunca mais teremos, como tivemos, clubes de Évora, Portalegre ou Santarém no primeiro nível competitivo do futebol português (quiçá no segundo, nem tendencialmente no terceiro) que continuará na sua feição exclusivista centrado na região de Lisboa e nos eixos Aveiro/Porto/Braga e que levou à decadência de focos de grande expansão do futebol noutros tempos, casos de Setúbal (Barreirense, CUF, Seixal, etc), do Oeste (Caldas, Marinhense, Peniche, Torreense), Portalegre (O Elvas, Estrela, Portalegrense), Évora (Lusitano, Juventude, U. Montemor), Santarém (U.Tomar, U. Santarém, Torres Novas), entre outros.
O campeonato de Portugal, por seu lado, é um purgatório competitivo: sem público, sem receitas, sem “territórios de rivalidade” e de interesse para os adeptos, é um autêntico cemitério para a maioria dos clubes dos distritais que a ele acedem, e um pesadelo para os que, por enquanto, ainda o aguentam. O campeonato de Portugal é, na realidade, uma não existência, uma máquina trituradora das últimas energias do futebol das vilas e pequenas cidades.
Todo este cenário de assimetrias e diacronismos é mais visível se aproximarmos a análise e constatarmos que, dividindo o país em duas metades norte/sul utilizando como fronteira o centro geográfico do país, o paralelo 39 41’ à latitude de Vila de Rei (porque algum critério se tem de utilizar), facilmente verificamos que:
- No actual campeonato da Primeira Liga, militam 12 equipas a norte e 5 a sul (exceptuam-se sempre, na análise, as equipas das regiões autónomas). As equipas do sul são 29% do total.
- Desde 1934/35 até à época de 2019/2020, as 37 equipas a norte que disputaram a primeira divisão totalizam 666 presenças, enquanto as 32 a sul contam com 566 presenças (ver Público, 19 de Dezembro de 2019), e esta diferença só não é arrasadora porque há várias equipas a sul, hoje arredadas dos palcos principais do futebol português, que contam com muitas presenças e equilibram as contas, iludindo a situação actual (Barreirense 24, CUF, 23; Atlético, 24, Lusitano, 14).
- Na actual Segunda Liga, encontramos 9 equipas a norte e 6 a sul. As equipas a sul são 40% do total.
- No actual Campeonato de Portugal, decompondo as séries, contamos 44 equipas a norte (séries A, B e parte da C) e 23 a sul (parte da C e série D). As equipas a sul perfazem apenas 34% do total das que disputam este campeonato.
Todo este quadro competitivo, com o seu historial e a sua lógica de desadequação gradual ao território, conduz a que o futebol português de primeiro nível seja, há anos e anos, quase sempre um assunto exclusivo emanado dos clubes de três associações
(Lisboa, Porto e Braga), com intromissões residuais das de Setúbal, Aveiro e Algarve.
O futebol português de primeiro nível joga-se numa estreitíssima faixa do território, um território hiperlitoralizado (por incrível que pareça, Braga, a 49Km, Tondela, a 58KM, são as cidades mais distantes do mar), e tudo o resto acontece em dois ou três eixos litorâneos de reduzida dimensão geográfica.
Assim, o futebol português de primeiro nível não permite a renovação de protagonistas e a participação mais alargada dos clubes das regiões fora deste apartheid competitivo, que há muito não o alcançam nem algum dia alcançarão, a continuarmos assim: é preciso recuarmos 20 anos para vermos uma equipa de Portalegre na primeira divisão (SC Campomaiorense), quase 40 para termos visto outra da mesma região (O Elvas), mais de 50 para a presença de uma de Santarém (U.Tomar) ou mais de 60 para termos assistido a um emblema de Évora na primeira divisão (Lusitano GC). E foi isto, assinalando, é claro, uma espreitadela fugaz do Sporting da Covilhã, há mais de 20 anos, e outra recente do GD Chaves, também de fugida, passados que tinham sido 21 anos.
Pese embora a falta de viabilidade associativa e financeira de boa parte das equipas da primeira Liga, de uma segunda liga que na verdade é apenas semi-profissional e com assistências a jogos na ordem das poucas centenas de espectadores, para além de desportivamente duvidosa devido à participação das equipas B (que distorcem a competição e deveriam ser remetidas para uma prova específica), o nível mais baixo do futebol português, o futebol das regiões e da maioria das associações, aquele que se encontra num cenário próximo da extinção, esse é, ainda assim, a maior vítima de todo este edifício em ruínas.
A solução para estancar este estado de coisas, temos disso uma enorme convicção, é a extinção do Campeonato de Portugal e a devolução dessas equipas às circunscrições dos campeonatos distritais, devolvendo às regiões e às associações distritais quadros competitivos com alguma densidade, entusiasmo competitivo capaz de efeitos multiplicadores decorrentes da proximidade e da facilidade de deslocação de adeptos, da tradição de rivalidade entre os emblemas, da maior facilidade organizativa (em parcerias FPF/associações).
Dos 18 campeonatos+2 da regiões autónomas (20 campeões), que manteriam a categoria de campeonatos nacionais sairiam 4 séries de 5 para apurar os quatro que disputariam, querendo, as duas vagas de acesso à segunda liga, ela sim e neste pressuposto, dividida em duas séries norte/sul.
Não temos dúvidas que esta solução faria regressar a grande festa do futebol às regiões (assim designamos, por facilidade de linguagem, os distritos, que continuam a projectar a única lógica regional existente), às regiões que o vêem minguar e desaparecer a olhos vistos perante a tristeza e o desânimo dos adeptos da bola, que outrora deram sentido ao futebol das vilas e cidades de todo o país e ajudaram a construir a história de centenas de clube que desenvolveram o futebol em Portugal.
Não se trata de despromover o “campeonato de Portugal” ou de alguma forma menorizar esse escalão, na medida em que ele, sendo uma vítima da situação, é a máquina destrutiva do futebol português não profissional. Antes pelo contrário. Trata-se de recuperar, para cenários mais promissores, as energias de algumas dezenas de clubes que conduzirão a efeitos multiplicadores.
Para a maioria das associações de futebol, a lutar contra terríveis adversidades (falta de recursos, de massa crítica, escala) algumas com dificuldades, a médio prazo, para organizar um campeonato por escassez de clubes, tal solução poderia trazê-las ao protagonismo e peso funcional na estrutura do futebol português que já tiveram até às décadas de 50 e 60 do século passado.
Continuando as coisas como estão, o futebol português há-de transformar-se numa modalidade exclusivista e fechada, afastada geograficamente de 90% do território nacional e ausente das populações que constituem o país. A distância, as dificuldades financeiras para as deslocações e o cansaço, afastarão os adeptos da maioria do país dos palcos onde se joga o futebol português de primeiro nível.
Até porque a identificação identitária das populações com os “clubes grandes” está rapidamente a esvanecer-se à medida que eles estão a transformar-se em entrepostos comerciais e entidades sem qualquer ligação simbólica a um passado, já demasiado longínquo, num presente em que a fluidez não reconstrói esse passado, antes o dissolve e o retira à memória colectiva. Pelo caminho, destrói-se um país de futebol.
PS – Infelizmente, a ir para a frente a proposta de Fernando Gomes, de reformulação dos quadros competitivos anunciada há dias por um jornal desportivo, vem aí o caos, o esfrangalhamento do que resta do chamado “campeonato de Portugal” e a extinção, a curto prazo, do futebol distrital na maioria dos distritos do país
Sobre a geografia da extinção do futebol português, por João Carlos Lopes
Desporto » 2020-05-08Portugal tem um PIB inferior ao da Catalunha, 212 mil M de euros para 228 mil M de euros. A Catalunha tem normalmente dois clubes na primeira liga espanhola de futebol.
Decorre que Portugal, com um quinto da população de Espanha, um sexto da de Itália e França, um oitavo da alemã e uma economia que acentua ainda mais a distância demográfica, não pode querer ter uma liga de futebol à dimensão, mesmo quantitativa, das desses países.
Portugal não tem tecido económico nem demografia para viabilizar uma liga com mais de 10 clubes profissionais com massa crítica, estruturas associativas e financeiras sustentáveis e mesmo esse cenário já seria algo inflacionado.
Os clubes portugueses (na sua mutação conhecida por SAD), com destaque para os três “grandes”, vivem há décadas numa bolha que a seu tempo rebentará com estrondo (o COVID 19 já deu uma ideia). Não são viáveis no actual modelo e sobretudo nas suas práticas de gestão, e num padrão financeiro suportado em receitas extraordinárias (comissões e vendas) e adiantadas (direitos televisivos), e em proveitos estruturais tendencialmente baixos.
Os clubes portugueses (na sua mutação conhecida por SAD), com destaque para os três “grandes”, não têm qualquer capacidade para sustentar as elevadas despesas e mordomias das administrações das SAD e outros gastos sumptuários e desregrados, nem tão pouco os níveis salariais dos jogadores, absolutamente desproporcionados à realidade do próprio futebol português e do país.
O quadro competitivo português, vigente há 70 anos, conduziu à desterritorialização do futebol, ausente em 90 por cento do país nas competições de primeiro e segundo nível, com igual tendência a agravar-se também no terceiro nível (Campeonato de Portugal).
O quadro competitivo do futebol português amplia, no próprio futebol, as assimetrias regionais que fazem de Portugal um país desigual; é um quadro competitivo exclusivista, em que os ocupantes do primeiro e segundo nível são basicamente sempre os mesmos, com algumas e fugazes intromissões.
O quadro competitivo do futebol português não integra, na sua lógica intrínseca (níveis, territorialidade) o elemento fundamental que é o horizonte, para os clubes, de uma possibilidade real de ascensão competitiva. Na maior parte dos casos e ultimamente, tais intromissões têm derivado de iniciativas de duvidosa solidez, quando não aventureirismos de contornos criminosos, que têm conduzido muitos clubes à decadência e à insolvência.
O quadro competitivo português dá conta de uma desproporcionada desigualdade territorial entre os clubes a norte e a sul, com origem nos anos posteriores a 1974, quando os municípios do norte de Portugal patrocinaram de forma desregulada e ostensivamente os clubes de futebol, enquanto os do sul genericamente recusaram essa política. Os poderes do futebol português não têm sido capazes de definir medidas tendentes a atenuar estas assimetrias de origem política.
Actualmente, o quadro competitivo de primeiro e segundo nível integra em si elementos que distorcem a verdade desportiva, de novo com origem em decisões políticas: os clubes das regiões autónomas são patrocinados, em milhões de euros por ano, por dinheiros públicos (para “promover as regiões”), mas os clubes de regiões com mais efeitos da interioridade (Beja, Évora, Portalegre, Castelo Branco, Guarda ou Bragança) não têm esse direito. As ligas são, por este motivo, campeonatos desportivamente viciados, porque dois ou três clubes que as integram são financiados por dinheiro público.
Neste contexto, nunca mais teremos, como tivemos, clubes de Évora, Portalegre ou Santarém no primeiro nível competitivo do futebol português (quiçá no segundo, nem tendencialmente no terceiro) que continuará na sua feição exclusivista centrado na região de Lisboa e nos eixos Aveiro/Porto/Braga e que levou à decadência de focos de grande expansão do futebol noutros tempos, casos de Setúbal (Barreirense, CUF, Seixal, etc), do Oeste (Caldas, Marinhense, Peniche, Torreense), Portalegre (O Elvas, Estrela, Portalegrense), Évora (Lusitano, Juventude, U. Montemor), Santarém (U.Tomar, U. Santarém, Torres Novas), entre outros.
O campeonato de Portugal, por seu lado, é um purgatório competitivo: sem público, sem receitas, sem “territórios de rivalidade” e de interesse para os adeptos, é um autêntico cemitério para a maioria dos clubes dos distritais que a ele acedem, e um pesadelo para os que, por enquanto, ainda o aguentam. O campeonato de Portugal é, na realidade, uma não existência, uma máquina trituradora das últimas energias do futebol das vilas e pequenas cidades.
Todo este cenário de assimetrias e diacronismos é mais visível se aproximarmos a análise e constatarmos que, dividindo o país em duas metades norte/sul utilizando como fronteira o centro geográfico do país, o paralelo 39 41’ à latitude de Vila de Rei (porque algum critério se tem de utilizar), facilmente verificamos que:
- No actual campeonato da Primeira Liga, militam 12 equipas a norte e 5 a sul (exceptuam-se sempre, na análise, as equipas das regiões autónomas). As equipas do sul são 29% do total.
- Desde 1934/35 até à época de 2019/2020, as 37 equipas a norte que disputaram a primeira divisão totalizam 666 presenças, enquanto as 32 a sul contam com 566 presenças (ver Público, 19 de Dezembro de 2019), e esta diferença só não é arrasadora porque há várias equipas a sul, hoje arredadas dos palcos principais do futebol português, que contam com muitas presenças e equilibram as contas, iludindo a situação actual (Barreirense 24, CUF, 23; Atlético, 24, Lusitano, 14).
- Na actual Segunda Liga, encontramos 9 equipas a norte e 6 a sul. As equipas a sul são 40% do total.
- No actual Campeonato de Portugal, decompondo as séries, contamos 44 equipas a norte (séries A, B e parte da C) e 23 a sul (parte da C e série D). As equipas a sul perfazem apenas 34% do total das que disputam este campeonato.
Todo este quadro competitivo, com o seu historial e a sua lógica de desadequação gradual ao território, conduz a que o futebol português de primeiro nível seja, há anos e anos, quase sempre um assunto exclusivo emanado dos clubes de três associações
(Lisboa, Porto e Braga), com intromissões residuais das de Setúbal, Aveiro e Algarve.
O futebol português de primeiro nível joga-se numa estreitíssima faixa do território, um território hiperlitoralizado (por incrível que pareça, Braga, a 49Km, Tondela, a 58KM, são as cidades mais distantes do mar), e tudo o resto acontece em dois ou três eixos litorâneos de reduzida dimensão geográfica.
Assim, o futebol português de primeiro nível não permite a renovação de protagonistas e a participação mais alargada dos clubes das regiões fora deste apartheid competitivo, que há muito não o alcançam nem algum dia alcançarão, a continuarmos assim: é preciso recuarmos 20 anos para vermos uma equipa de Portalegre na primeira divisão (SC Campomaiorense), quase 40 para termos visto outra da mesma região (O Elvas), mais de 50 para a presença de uma de Santarém (U.Tomar) ou mais de 60 para termos assistido a um emblema de Évora na primeira divisão (Lusitano GC). E foi isto, assinalando, é claro, uma espreitadela fugaz do Sporting da Covilhã, há mais de 20 anos, e outra recente do GD Chaves, também de fugida, passados que tinham sido 21 anos.
Pese embora a falta de viabilidade associativa e financeira de boa parte das equipas da primeira Liga, de uma segunda liga que na verdade é apenas semi-profissional e com assistências a jogos na ordem das poucas centenas de espectadores, para além de desportivamente duvidosa devido à participação das equipas B (que distorcem a competição e deveriam ser remetidas para uma prova específica), o nível mais baixo do futebol português, o futebol das regiões e da maioria das associações, aquele que se encontra num cenário próximo da extinção, esse é, ainda assim, a maior vítima de todo este edifício em ruínas.
A solução para estancar este estado de coisas, temos disso uma enorme convicção, é a extinção do Campeonato de Portugal e a devolução dessas equipas às circunscrições dos campeonatos distritais, devolvendo às regiões e às associações distritais quadros competitivos com alguma densidade, entusiasmo competitivo capaz de efeitos multiplicadores decorrentes da proximidade e da facilidade de deslocação de adeptos, da tradição de rivalidade entre os emblemas, da maior facilidade organizativa (em parcerias FPF/associações).
Dos 18 campeonatos+2 da regiões autónomas (20 campeões), que manteriam a categoria de campeonatos nacionais sairiam 4 séries de 5 para apurar os quatro que disputariam, querendo, as duas vagas de acesso à segunda liga, ela sim e neste pressuposto, dividida em duas séries norte/sul.
Não temos dúvidas que esta solução faria regressar a grande festa do futebol às regiões (assim designamos, por facilidade de linguagem, os distritos, que continuam a projectar a única lógica regional existente), às regiões que o vêem minguar e desaparecer a olhos vistos perante a tristeza e o desânimo dos adeptos da bola, que outrora deram sentido ao futebol das vilas e cidades de todo o país e ajudaram a construir a história de centenas de clube que desenvolveram o futebol em Portugal.
Não se trata de despromover o “campeonato de Portugal” ou de alguma forma menorizar esse escalão, na medida em que ele, sendo uma vítima da situação, é a máquina destrutiva do futebol português não profissional. Antes pelo contrário. Trata-se de recuperar, para cenários mais promissores, as energias de algumas dezenas de clubes que conduzirão a efeitos multiplicadores.
Para a maioria das associações de futebol, a lutar contra terríveis adversidades (falta de recursos, de massa crítica, escala) algumas com dificuldades, a médio prazo, para organizar um campeonato por escassez de clubes, tal solução poderia trazê-las ao protagonismo e peso funcional na estrutura do futebol português que já tiveram até às décadas de 50 e 60 do século passado.
Continuando as coisas como estão, o futebol português há-de transformar-se numa modalidade exclusivista e fechada, afastada geograficamente de 90% do território nacional e ausente das populações que constituem o país. A distância, as dificuldades financeiras para as deslocações e o cansaço, afastarão os adeptos da maioria do país dos palcos onde se joga o futebol português de primeiro nível.
Até porque a identificação identitária das populações com os “clubes grandes” está rapidamente a esvanecer-se à medida que eles estão a transformar-se em entrepostos comerciais e entidades sem qualquer ligação simbólica a um passado, já demasiado longínquo, num presente em que a fluidez não reconstrói esse passado, antes o dissolve e o retira à memória colectiva. Pelo caminho, destrói-se um país de futebol.
PS – Infelizmente, a ir para a frente a proposta de Fernando Gomes, de reformulação dos quadros competitivos anunciada há dias por um jornal desportivo, vem aí o caos, o esfrangalhamento do que resta do chamado “campeonato de Portugal” e a extinção, a curto prazo, do futebol distrital na maioria dos distritos do país
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» 2024-11-23
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