A Associação de Reformados e Pensionistas de Torres Novas (ARPE) foi criada há 20 anos pela mão e Francisco Canais Rocha e mais uma equipa de sete elementos, dos quais apenas dois estão vivos. Esta organização nasceu, como tantas outras, com intuito de orientar a sua actividade para os mais velhos, dando-lhes oportunidades, ao nível da formação - através da criação da universidade da terceira idade -, do lazer e da inclusão social, em alguns casos.

“A ARPE foi criada para dar apoio a pessoas mais carenciadas e com poucos recursos, razão pela qual as quotas são muito baixas. Eram a 50 cêntimos. Pessoas que, por exemplo, nunca faziam passeios”, começar por recordar Judite Maia, presidente da direcção da ARPE.

Nestes 20 anos a associação funcionou na Garagem dos Claras, passando temporariamente para um edifício junto à antiga Império, no Largo do Paço e, finalmente, mudou-se para a Quinta da Lezíria, para um espaço cedido pela câmara municipal.

Embora reconheça a boa vontade da autarquia torrejana em encontrar soluções, Judite Maia, não esconde o desejo de ver construída uma sede própria, também junto à Quinta da Lezíria. “Temos o projecto exposto junto a uma janela para que todos o possam ver”, anuncia a dirigente.

Fala com o coração perto da boca e, habitualmente, não tem papas na língua. É, aliás, por isso, que há colegas de direcção que lhe pedem para ser mais contida nas palavras. Mas a frontalidade é uma característica sua e é com essa frontalidade que diz que o espaço que a ARPE tem actualmente não é adequado a uma organização como a associação de reformados.

Tem muitos lanços de escadas que dificultam o acesso aos pisos superiores por parte das pessoas com mobilidade reduzida e, no Verão, o calor é difícil de suportar. O sol entra pelas enormes vidraças e o calor generaliza-se pelo edifício. “Até podíamos ligar o ar condicionado mas depois não temos dinheiro para pagar as despesas com a energia”, ressalva.

A ARPE já concorreu duas vezes a programas de apoio para construção do Centro Social Torrejano mas nunca obteve a resposta desejada. Actualmente, não tem qualquer perspectiva para quando a nova sede possa começar a ser construída. “É muito difícil. Soube de uma instituição que não conseguiu financiamento para um projecto seu por uma diferença de 20 cêntimos. Acho que nunca vamos conseguir”...

O Centro Social Torrejano é um projecto pensado para três valências principais: Centro de Dia, Centro de Convívio e Apoio Domiciliário.

Actualmentea ARPE é uma associação com muitos associados: tem mais de 2 mil sócios efectivos perto de 900 auxiliares: Os efectivos são sócios reformados e os auxiliares não são reformados. Inicialmente não tinham os mesmos direitos que os efectivos; por exemplo não tinham direito de voto na assembleia-geral, mas já podem, assim como concorrer aos órgãos sociais - apenas não podem ter maioria.

À parte desta e de uma ou outra alteração os estatutos mantém-se os mesmos desde a fundação da ARPE. “As regras foram definidas pelo Francisco Canais Rocha. Era uma pessoa com muita experiência em associativismo e foi ele que iniciou outras associações de reformados como a de Alcanena ou de Alpiarça.

Universidade é um dos rostos mais visíveis do projecto
As universidades da terceira idade surgiram em França na década de 70 do século passado, e rapidamente generalizaram-se ao resto da Europa, chegando a Portugal em 1976, com a criação da Universidade Internacional da Terceira Idade de Lisboa.

A Utiarpe arrancou em 1997, sensivelmente um ano depois de da associação ter sido criada, com 40 alunos e,no início, promoveu aulas de alfabetização para sócios que nunca tinham ido à escola.

Já teve mais de 100 mas o número reduziu um pouco. O leque de disciplinas é vasto: leccionam-se vários níveis de línguas (Alemão, Espanhol, Inglês) e ainda História de Arte, Informática, Lígua e Literatura Portuguesa ou Psicologia Social, bem como disciplinas práticas como Arraiolos, que tem apenas um aluno inscrito, ou  Oficina de Teatro.

Há aulas que decorrem na escola Maria Lamas e, ao abrigo de um protocolo entre o Agrupamento e ARPE, há professores que completam o horário com as aulas da Utiartpe.

A universidade da terceira idade é uma resposta social que visa a formação de sócios de forma não-formal e sem fins de certificação. A grande mais-valia é dotar os associados de mais conhecimento, afinal, o saber não ocupa lugar.

Para além dos passeios mensais e de bailes, noites de fado e outras iniciativas que ARPE organiza na sua sede, têm sido realizadas diversas iniciativas em colaboração com a Unidade de Cuidados Continuados de Torres Novas. Sessões temáticas sobre prevenção de quedas, prevenção de AVC, entre outras.