• SOCIEDADE-  • CULTURA  • DESPORTO  • OPINIÃO
  Quarta, 24 Abril 2024    •      Directora: Inês Vidal; Director-adjunto: João Carlos Lopes    •      Estatuto Editorial    •      História do JT
   Pesquisar...
Sáb.
 17° / 9°
Períodos nublados com chuva fraca
Sex.
 18° / 11°
Céu nublado com chuva fraca
Qui.
 20° / 11°
Céu nublado
Torres Novas
Hoje  24° / 10°
Períodos nublados
       #Alcanena    #Entroncamento    #Golega    #Barquinha    #Constancia 

Na Rota do Almonda: uma vergonha para o concelho, uma vergonha para o país

Sociedade  »  2022-06-04 

Por todo o interior deste país, as autarquias têm feito um esforço notável no aproveitamento paisagístico das suas linhas de água, transformando-as em zonas de lazer ou de passeio. Praias fluviais, áreas de lazer, passadiços, parques ribeirinhos, caminhos pedestres, uma variedade de soluções que têm como objectivo o aproveitamento do que, muitas vezes, não passa de pequenas ribeiras, mas em que a imaginação e o bom gosto conseguem fazer milagres.

Não é preciso falar do Alva, do Paiva ou do Alamal e outros exemplos que enchem de orgulho as pequena autarquias, câmaras de reduzidas posses, e as populações, que reconhecem o trabalho feito, para além de quem visita esses paradisíacos locais do interior do país.

Num pequeno raio de 50 ou 60 km à nossa volta temos muitos exemplos desses pequenos empreendimentos, a começar pelo Bonito, no Entroncamento, os Olhos de Água em Alcanena, o Agroal, que há trinta anos era uma desgraça total e hoje é o que é, mas podíamos falar de pequenos tesouros aqui tão perto como o Carvoeiro ou as Fráguas de São Simão.

No contexto de todo este panorama que enobrece as autarquias mais pobres e menos dotadas de recursos, o rio Almonda é a excepção pela negativa, apesar de há 30 anos fazer parte dos programas eleitorais, das promessas e dos discursos dos partidos que têm ocupado o poder autárquico torrejano.

Na verdade, o Rio Almonda é uma inexistência, se exceptuarmos um pequeno troço urbano que atravessa a cidade, entre a ponte do Raro e o largo do Lamego, outro troço de cerca de 200 metros em Lapas e outro ainda mais pequeno junto ao açude das Ribeiras. Quanto ao resto, o rio Almonda é um caos de quilómetros e quilómetros de margens caídas, árvores atravessadas no leito, impenetrável em muitos troços, lixo acumulado a fazer de açudes, açudes destroçados, leito vegetalizado por falta de limpeza, aqui e ali um pequeno riacho sem caudal que se confunde com um charco. Na verdade, uma autêntica miséria escondida e da qual ninguém quer saber: autarquia, particulares e administração central.

Há uns anos, a autarquia anunciou, com pompa e circunstância, a “Rota do Almonda”, um caminho pedestre de 23 km ao longo do rio que pretende “definir o concelho de Torres Novas: o Almonda.” A promoção da autarquia, distribuída em folhetos e publicada no seu site oficial, diz que a rota faz a ligação entre duas áreas naturais de grande beleza e biodiversidade: “o Parque Natural das Serras de Aire e Candeeiros e a Reserva Natural do Paul do Boquilobo. Entre as formas cársicas do Maciço Calcário Estremenho e as terras planas da Bacia do Tejo, a Rota do Almonda está dividida em três troços, que correspondem às etapas do curso do rio à superfície: as colinas, a cidade e a várzea”. Se fosse verdade, aí estava um excelente programa de fruição paisagística, isto é, se o motivo agregador, o rio Almonda, não fosse uma realidade miserável. A propaganda camarária começa logo por enganar os visitantes, convidando-os a fazer o percurso desde a nascente até à foz: “Da sua nascente até às várzeas alagadas, parta à descoberta do Almonda, um rio com muito para desvendar”.

Imaginemos que algum dos cada vez mais admiradores deste tipo de turismo, consultando sites e bases de dados, se apresenta junto ao início da “Rota do Almonda” para fazer o tão prometedor passeio da propaganda autárquica. Vai dar consigo em cima da ponte do Moinho da Fonte, um horrível pontão de cimento que continua assim desde que há décadas foi destruída a antiga ponte, e que se fosse noutra terra já tinha gradeamentos para se poder ter a vista do rio. Olha para o placard que anuncia o início da rota. Procura vislumbrar o rio para lá da ponte. À partida, não lhe parece um rio, porque vê apenas um imenso canavial que cobre todo o seu alcance visual. (FOTO 1) Não há fronteiras entre a guarda da ponte, o canavial, a margem, o leito atravancado de lixo e um fio de água que corre por ali (será isto o rio Almonda? - pergunta).

O visitante respira fundo, vira-se para o outro lado da ponte, a jusante: vê uns enormes troncos de árvores caídos para o leito daquilo que aqui já lhe parece ao menos uma ribeira (FOTO 2). Interroga-se da razão que levou a que os troncos fossem deixados debruçados sobre as águas e da razão ainda maior que possa explicar o facto de, no início de uma notável “rota do rio Almonda”, as margens não estejam limpas, consolidadas e o leito também limpo e desimpedido (mal ele sabe que o panorama, agora já o que se vê na FOTO3.

Volta-se de novo para a outra guarda da ponte. Pensa: isto deve ser mesmo o rio Almonda. Espreita melhor. Entre os canaviais que ocupam a margem e escondem quase todo o leito do rio junto à ponte (FOTO 4), num cenário chocante, consegue vislumbrar, agora com um pouco mais de nitidez, uma linha de água, uma pífia linha de água FOTO 5), que dantes, antes de terem destruído o açude que alimentava o moinho do Manel Joaquim, também destruído, garantia um plano de água com alguma dimensão e beleza naquele local FOTO 6), mas esta paisagem fantástica tem muitas décadas...já nada existe.

O visitante, que leu o folheto, que diz que o percurso vai da nascente à foz, verifica que, analisado todo aquele incompreensível cenário, ali não deve ser a nascente. Por portas e travessas, fica a saber que tem de caminhar pela estrada do Moinho da Fonte até bem próximo do arrife e, passando por casas em ruínas, dá finalmente com a nascente (na verdade, dá com uma barragem que submergiu a nascente do rio). Sente-se em Alcatraz, a liberdade para lá de uma ostensiva e desproporcionada vedação metálica e um cadeado só ao alcance do “vidrinhos” do Papillon. Pensa: uma pessoa senta-se no paredão de Castelo de Bode em risco de cair para as águas profundas, esbarra no Cais das Colunas e pode afogar-se no lodo do Tejo e aqui, nesta pequena represa, não bastava uma placa de aviso de perigo a ilibar particulares e autoridades de eventuais acidentes?

 Deprimido com aquele cenário, pergunta-se: mas se a Rota vai da nascente à foz, por que razão a placa inicial não está aqui junto à nascente, como devia estar, mas em cima de uma ponte virada para um canavial? Depois, olha para sul e vê o rio desaparecer por baixo de velhas construções fabris, uma cena que nunca tinha visto e constata que a alegada “Rota” da nascente até à foz será uma impossibilidade prática, se não lhe der para aventura de tentar atravessar aquele túnel até sair do outro lado e recuperar o leito livre do rio.

O nosso turista volta à ponte e à placa virada para o canavial. Pensa e repensa: Bom, se isto é o início da “rota do Almonda”, o que não será daqui para a frente? Desmotivado, desconfiado, desanimado, arrependido, pede que o venham buscar e, para não dar o tempo como perdido, vai até aos Olhos de Água, a 15 km dali. Recupera o fôlego e esquece o rio Almonda e a sua famosa rota. Como se tudo não tivesse passado de um sonho mau.

Quem tem de limpar o leito e as margens do rio?

Pergunta o leitor mais perspicaz: por que razão a reportagem não confrontou as entidades que têm competência e obrigação de proceder à limpeza dos leitos e das margens dos rios? Pela simples razão de que, nestas circunstâncias, a habitual arrogância e opacidade da administração central e local, não se tratando de televisões, ou não respondem ou chutam para canto. Não assumem as suas responsabilidades (se as assumissem o rio não estava assim, naquilo que lhe compete), nem assumem as suas competências para obrigar os particulares ao cumprimento da lei por razões meramente eleitoralistas ou para não afrontarem poderes particulares que se julgam impunes.

De qualquer modo, os leitores ficam com a informação, clara como água, daquilo que compete a quem nesta matéria, sem margem para dúvidas ou interpretações. Recorda a Agência Portuguesa do Ambiente, no seu site oficial:

“O enquadramento legal para a utilização dos recursos hídricos deixou de considerar as acções de limpeza e desobstrução de linhas de água como utilizações. Não obstante, permanece a obrigatoriedade de as realizar, já que o artigo 33.º da Lei da Água prevê a limpeza e desobstrução dos álveos [leitos] das linhas de água como uma das medidas de conservação e reabilitação da rede hidrográfica e zonas ribeirinhas, executadas sempre sob orientação da APA, sendo da responsabilidade dos municípios, nos aglomerados urbanos, dos proprietários, nas frentes particulares fora dos aglomerados urbanos, dos organismos dotados de competência, própria ou delegada, para a gestão dos recursos hídricos na área, nos demais casos. Sempre que possível, os trabalhos devem ser acompanhados e fiscalizados por técnicos com formação ambiental adequada. Assim, a realização das referidas ações deve ser comunicada à APA, através dos Departamentos de Administração de Região Hidrográfica”.

Portanto, nos troços do rio que atravessam os núcleos urbanos ou áreas urbanas assim definidas no actual PDM, a saber, no Bairro José Dias Simão, Almonda, da ponte do Moinho da Fonte até ao final da zona urbana, na Ribeira Branca, no troço entre as duas povoações, em Lapas, desde a ponte para a Banda de Além até aos Pimenteis, em Torres Novas, desde a zona de Entre-Águas até aos Mesiões, a responsabilidade da limpeza do leito e das margens é do município de Torres Novas. Nos troços restantes do rio, a responsabilidade é dos proprietários particulares, e das autoridades que devem escrutinar o cumprimento da lei. A APA adianta que para as acções de natureza corrente (por exemplo a extração de um canavial ou a retirada de árvores ou lixos) bastará que seja feita comunicação das mesmas.

Por conseguinte, no caso em apreço, do troço imediatamente antes da ponte do Moinho da Fonte e do troço a montante dela, é óbvia a responsabilidade, em cada caso. Em geral, a culpa é dos municípios por não actuarem nas áreas da sua jurisdição, é dos particulares por não cumprirem a lei, é da administração central por não obrigar os particulares a cumprir a lei e, sabendo-se como neste caso a administração central deixou de ter presença e capacidade de acção localmente, a culpa toda volta a ser dos municípios, que possuem prerrogativas legais para poderem substituir as outras entidades por inação ou ausência delas, ou por reiterado incumprimento da lei.

 

 

 Outras notícias - Sociedade


Torres Novas: “Comemorações Populares” do 25 de Abril »  2024-04-22 

Em simultâneo com as comemorações levadas a efeito pelo município, realizam-se também no concelho outras iniciativas: no dia 23 há um debate sobre mediação cultural no Museu Agrícola de Riachos, às 11 horas, às 19 uma sessão musical no auditório da biblioteca de Torres Novas, com a participação do coro de Alcorriol e da Banda Operária, no dia 25 de Abril um almoço comemorativo no Hotel dos Cavaleiros, uma arruada com desfile popular da praça 5 de Outubro para o Parque da Liberdade, às 15H0 e pelas 17H, no largo da Igreja Velha, em Riachos, uma sessão musical promovida pelo Paralelo 39.
(ler mais...)


25 de Abril em Alcanena: Ana Lains com António Saiote »  2024-04-22 

O programa de comemorações dos 50 anos do 25 de Abril terá início no dia 24 de Abril, quarta-feira, com o concerto comemorativo “António Saiote convida Ana Laíns, às 21:30h, na Praça 8 de Maio, em Alcanena, seguido da atuação do DJ Pedro Galinha, às 23:30h (ambos de entrada livre).
(ler mais...)


MÚSICA: Rui Veloso em Alcanena »  2024-04-22 

Integrado no programa de comemorações do 110.º aniversário da Fundação do Concelho de Alcanena, terá lugar, no dia 8 de Maio, quarta-feira, às 21h30, na Praça 8 de Maio, em Alcanena, um concerto de Rui Veloso, um dos grandes nomes da música portuguesa e um dos mais influentes, com uma carreira repleta de sucessos, que atravessam gerações.
(ler mais...)


Comemorações do 50.º aniversário do 25 de abril, em Torres Novas »  2024-04-22 

O Município de Torres Novas assinala o Dia da Liberdade com um programa comemorativo do 50.º aniversário do 25 de abril de 1974, que inclui a sessão solene, a decorrer pela manhã, no Parque da Liberdade, onde à tarde serão homenageados os presos políticos naturais e residentes em Torres Novas à altura em que foram detidos.
(ler mais...)


Renova: arquivado processo contra cidadãos que passaram dia da Espiga junto à nascente do rio Almonda »  2024-04-22 

O Ministério Público mandou arquivar, por falta de provas, a participação movida pela empresa Renova contra vários cidadãos que passaram o ‘Dia da Espiga’ junto à nascente do Rio Almonda, alegando “danos e invasão de propriedade privada”.
(ler mais...)


PUBLICIDADE INSTITUCIONAL - Centro Social Santa Eufémia – Chancelaria Assembleia Geral CONVOCATÓRIA »  2024-04-10 

Centro Social Santa Eufémia – Chancelaria

Assembleia Geral

CONVOCATÓRIA

Nos termos do artigo 29.º, alínea a, do número 2, convoco as/os Exma(o)s associada(o)s para uma Assembleia Geral ordinária, a realizar no próximo dia 28 de abril de 2024, pelas 15H00, nas instalações do Centro.
(ler mais...)


Espectáculo de porcos em Riachos causa estranheza »  2024-04-08 

Anunciava-se no cartaz das actividades do dia 7 de Abril, domingo, da Associação Equestre Riachense, como “porcalhada”. Mas estaria longe de imaginar-se que o espectáculo prometido seria um exercício de perseguição a um leitão, num chiqueiro, até o animal, aterrorizado, ser atirado para dentro de um recipiente situado no meio do recinto.
(ler mais...)


Bombeiros: nova direcção, velhos hábitos »  2024-03-21 

 Chegou ao fim a guerra nos Bombeiros Voluntários Torrejanos. Pelo menos, para já.

A nova direcção da Associação Humanitária dos Bombeiros Voluntários Torrejanos tomou posse ao fim da tarde de hoje, 21 de Março, Dia Mundial da Poesia.
(ler mais...)


Paulo Ganhão Simões, presidente da Junta de Pedrógão: “Só se consegue tentar reverter a desertificação com mais investimento público” »  2024-03-21 

Diz que é uma pessoa diferente após esta já longa carreira de autarca e que também ficou com uma percepção mais rica do que é o território da sua freguesia. Considera que contribuiu para mitigar antigos antagonismos, faz um balanço positivo da sua acção, mas ainda tem projectos por finalizar, entre eles uma melhor ligação à sede do concelho.
(ler mais...)


Bombeiros: a saga continua, agora para destituição da mesa da assembleia geral »  2024-03-20 

Quando se pensava que as eleições para a direcção da AHBVT iriam dar lugar a um momento de acalmia na vida da associação, eis que um grupo de associados pediu a Arnaldo Santos, presidente da assembleia geral, a convocação de uma assembleia geral extraordinária para destituir, note-se, a própria mesa da assembleia geral.
(ler mais...)

 Mais lidas - Sociedade (últimos 30 dias)
»  2024-04-08  Espectáculo de porcos em Riachos causa estranheza
»  2024-04-22  Renova: arquivado processo contra cidadãos que passaram dia da Espiga junto à nascente do rio Almonda
»  2024-04-10  PUBLICIDADE INSTITUCIONAL - Centro Social Santa Eufémia – Chancelaria Assembleia Geral CONVOCATÓRIA
»  2024-04-22  Comemorações do 50.º aniversário do 25 de abril, em Torres Novas
»  2024-04-22  Torres Novas: “Comemorações Populares” do 25 de Abril