ENTREVISTA: Rosário Marcelino, primeira presidente da Banda Operária
Sociedade » 2018-12-11
Rosário Marcelino, mulher, mãe, trabalhadora e presidente da BOT:
“Com esta acumulação de funções alguém tem ficado para trás. E é sempre a família que fica”
Maria do Rosário Nalha Marcelino tem 50 anos, é natural da Chamusca e viveu em Lisboa até aos 17 anos, altura em que se mudou para Torres Novas. Aqui ficou até hoje. Trabalha há 24 anos numa empresa de contabilidade da nossa praça, depois de ter passado pelo Desporto Escolar. Vai já no segundo mandato como autarca da Junta de Freguesia de São Pedro. É mulher e mãe. Como se não bastasse tudo isso, é desde 2010 presidente da Banda Operária Torrejana e a primeira mulher a ocupar o cargo numa história de 145 anos. Mais do que fechar portas, acredita que o género as abre. Mas, mais do que o género, entende que o que importa é a forma de estar em tudo o que se faz.
Chegou à Banda Operária Torrejana (BOT) pelas mãos da filha. Beatriz tinha aulas de percussão na filarmónica. Joaquim Cabral, então presidente da instituição, e actual vereador da Câmara Municipal, queria deixar o cargo e desafiou Rosário a formar uma lista. Sem qualquer ligação à música a não ser gostar de a ouvir e sem nunca ter ambicionado ser presidente fosse de que fosse, aceitou o desafio. A consciência de que alguém tem de dar o seu tempo para não deixar morrer este tipo de associações, falou mais alto.
E foi assim, sem qualquer agenda, que se tornou a primeira mulher a presidir aos destinos de uma filarmónica com uma história de 145 anos. Nunca se sentiu diferente ou perante qualquer entrave por ser mulher. Acredita que os tempos são outros e que, por esse país fora, muitas mulheres foram abrindo portas a esta possibilidade. Se o género influencia o trabalho? Só se for positivamente, diz Rosário: “O facto de ser mulher pode influenciar negativa ou positivamente, mas eu penso que foi positivamente. Pelo menos, eu sinto isso. Houve abertura. Também penso que se deve muito à pessoa em si, à maneira de estar, à maneira como se trabalha, se contacta. Seja homem ou mulher, penso que passa essencialmente por aí. Mas, no meu caso, nunca tive qualquer problema. A nossa instituição, desde que eu cá estou, tem boas relações com todas as pessoas e instituições. O facto de ser mulher, se calhar, até abre outras portas”, admite Rosário, deixando perceber que essa é, no seu entender, uma não-questão: “Penso que isso tem mudado ao longo dos anos, à medida que se vê as mulheres desempenhar tão bem, igual ou melhor, as funções até há tempos realizadas apenas por homens. Eu sou a primeira mulher presidente desta associação, mas a nível nacional há outras mulheres, em vários quadrantes. Nunca me senti discriminada nas minhas decisões, nunca me senti questionada. Aliás, somos quatro mulheres na direcção, mais do que homens”, riu.
Mas qualquer mulher sabe que mais do que ocupar um cargo outrora exclusivo de homens, ser mulher nestas andanças traz outras questões. Uma mulher não pode ser só uma mulher. É uma supermulher e exige isso mesmo de si própria. Ao assumir um cargo como a presidência da BOT, neste caso específico, uma mulher não deixa de fazer outras coisas. Acumula-as. E não espera de si menos do que a perfeição em todas elas. Uma mulher é mulher, mãe, política, é trabalhadora e ainda dirigente associativa. Com tudo o que isso implica: “Com esta acumulação de funções, alguém vai ficar para trás. E é sempre a família que fica. Fica sempre algo para fazer em casa, algo para conviver. Tive que prescindir de muito do meu tempo pessoal. Tenho o trabalho, tenho a banda, tudo o que tenho de fazer em casa e ainda alguns momentos em família. Mas, feito o balanço, foi muito produtivo. Faria tudo de novo, provavelmente já com outro andamento. E quando sair não vou para casa. Não tenho feitio para estar sentada no sofá. Há outros projectos que quero experimentar, outras actividades, outros objectivos que gostaria de cumprir”, adianta Rosário Marcelino.
A preparar-se para deixar o cargo (as eleições para nova direcção aconteciam no dia 23 de Novembro e Rosário não se recandidatou) por entender que precisa de parar e dar lugar a outros, a primeira presidente da BOT não tem dúvidas que aprendeu imenso e é sem modéstias que assume que fez um bom trabalho à frente da instituição: “O balanço é positivo, gratificante e aprendi muito. Eu gosto destas experiências. Sai muito de nós, mas aprende-se muito. Tenho o espírito crítico necessário para dizer que a banda melhorou ao longo destes 10 anos. E digo isso pelo trabalho que temos apresentado, pelos resultados que temos tido. A nossa escola excede actualmente os 40 alunos e desta já passaram elementos para a banda, objectivo primeiro da escola. Isso é sinal de trabalho. Em 2010, não sei se tínhamos 10 alunos na escola de música. Isso sem falar nas actividades em que participámos e das que realizámos na comunidade”.
Um trabalho que assume com orgulho, mas que admite não ser só seu: “Não foi só comigo que estes resultados aconteceram. Há sempre alguém que lidera e que anda para a frente, mas esse alguém tem sempre uma equipa por trás, porque nós sozinhos não fazemos nada”. Rosário parte, mas tranquila: “A banda está bem. É a opinião da nossa direcção. Quem quiser, basta chegar e dar continuidade ao trabalho. Podemos fazer sempre mais, mas temos de ter consciência de que está na hora de sair. A filarmónica é de todos, não é só minha”.
Inês Vidal
ENTREVISTA: Rosário Marcelino, primeira presidente da Banda Operária
Sociedade » 2018-12-11Rosário Marcelino, mulher, mãe, trabalhadora e presidente da BOT:
“Com esta acumulação de funções alguém tem ficado para trás. E é sempre a família que fica”
Maria do Rosário Nalha Marcelino tem 50 anos, é natural da Chamusca e viveu em Lisboa até aos 17 anos, altura em que se mudou para Torres Novas. Aqui ficou até hoje. Trabalha há 24 anos numa empresa de contabilidade da nossa praça, depois de ter passado pelo Desporto Escolar. Vai já no segundo mandato como autarca da Junta de Freguesia de São Pedro. É mulher e mãe. Como se não bastasse tudo isso, é desde 2010 presidente da Banda Operária Torrejana e a primeira mulher a ocupar o cargo numa história de 145 anos. Mais do que fechar portas, acredita que o género as abre. Mas, mais do que o género, entende que o que importa é a forma de estar em tudo o que se faz.
Chegou à Banda Operária Torrejana (BOT) pelas mãos da filha. Beatriz tinha aulas de percussão na filarmónica. Joaquim Cabral, então presidente da instituição, e actual vereador da Câmara Municipal, queria deixar o cargo e desafiou Rosário a formar uma lista. Sem qualquer ligação à música a não ser gostar de a ouvir e sem nunca ter ambicionado ser presidente fosse de que fosse, aceitou o desafio. A consciência de que alguém tem de dar o seu tempo para não deixar morrer este tipo de associações, falou mais alto.
E foi assim, sem qualquer agenda, que se tornou a primeira mulher a presidir aos destinos de uma filarmónica com uma história de 145 anos. Nunca se sentiu diferente ou perante qualquer entrave por ser mulher. Acredita que os tempos são outros e que, por esse país fora, muitas mulheres foram abrindo portas a esta possibilidade. Se o género influencia o trabalho? Só se for positivamente, diz Rosário: “O facto de ser mulher pode influenciar negativa ou positivamente, mas eu penso que foi positivamente. Pelo menos, eu sinto isso. Houve abertura. Também penso que se deve muito à pessoa em si, à maneira de estar, à maneira como se trabalha, se contacta. Seja homem ou mulher, penso que passa essencialmente por aí. Mas, no meu caso, nunca tive qualquer problema. A nossa instituição, desde que eu cá estou, tem boas relações com todas as pessoas e instituições. O facto de ser mulher, se calhar, até abre outras portas”, admite Rosário, deixando perceber que essa é, no seu entender, uma não-questão: “Penso que isso tem mudado ao longo dos anos, à medida que se vê as mulheres desempenhar tão bem, igual ou melhor, as funções até há tempos realizadas apenas por homens. Eu sou a primeira mulher presidente desta associação, mas a nível nacional há outras mulheres, em vários quadrantes. Nunca me senti discriminada nas minhas decisões, nunca me senti questionada. Aliás, somos quatro mulheres na direcção, mais do que homens”, riu.
Mas qualquer mulher sabe que mais do que ocupar um cargo outrora exclusivo de homens, ser mulher nestas andanças traz outras questões. Uma mulher não pode ser só uma mulher. É uma supermulher e exige isso mesmo de si própria. Ao assumir um cargo como a presidência da BOT, neste caso específico, uma mulher não deixa de fazer outras coisas. Acumula-as. E não espera de si menos do que a perfeição em todas elas. Uma mulher é mulher, mãe, política, é trabalhadora e ainda dirigente associativa. Com tudo o que isso implica: “Com esta acumulação de funções, alguém vai ficar para trás. E é sempre a família que fica. Fica sempre algo para fazer em casa, algo para conviver. Tive que prescindir de muito do meu tempo pessoal. Tenho o trabalho, tenho a banda, tudo o que tenho de fazer em casa e ainda alguns momentos em família. Mas, feito o balanço, foi muito produtivo. Faria tudo de novo, provavelmente já com outro andamento. E quando sair não vou para casa. Não tenho feitio para estar sentada no sofá. Há outros projectos que quero experimentar, outras actividades, outros objectivos que gostaria de cumprir”, adianta Rosário Marcelino.
A preparar-se para deixar o cargo (as eleições para nova direcção aconteciam no dia 23 de Novembro e Rosário não se recandidatou) por entender que precisa de parar e dar lugar a outros, a primeira presidente da BOT não tem dúvidas que aprendeu imenso e é sem modéstias que assume que fez um bom trabalho à frente da instituição: “O balanço é positivo, gratificante e aprendi muito. Eu gosto destas experiências. Sai muito de nós, mas aprende-se muito. Tenho o espírito crítico necessário para dizer que a banda melhorou ao longo destes 10 anos. E digo isso pelo trabalho que temos apresentado, pelos resultados que temos tido. A nossa escola excede actualmente os 40 alunos e desta já passaram elementos para a banda, objectivo primeiro da escola. Isso é sinal de trabalho. Em 2010, não sei se tínhamos 10 alunos na escola de música. Isso sem falar nas actividades em que participámos e das que realizámos na comunidade”.
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