A Helena Pinto protagonizou uma surpresa nas eleições de há quatro anos e elevou a responsabilidade do Bloco de Esquerda. Quais são as expectativas para o dia 1 de Outubro e qual será um bom resultado para o BE?
Está tudo em aberto para as próximas eleições. Os últimos 4 anos foram vividos de forma intensa na autarquia. Muito debate, muito mais escrutínio da actividade da maioria socialista, confronto de alternativas nas soluções propostas.

O BE nunca se inibiu de apresentar alternativas, fosse nos orçamentos municipais, fosse em qualquer outra matéria. Está demonstrado que o PS local está esgotado, só conhece as soluções do passado, não tem resposta para os problemas e desafios do presente. Está também provado que uma maioria absoluta “encolhe” a democracia local e não promove a transparência. Um bom resultado, para o BE, é contribuir para um novo ciclo da governação do concelho e estamos preparados para esse passo. 

Nas iniciativas públicas que promoveu ao longo destes quatro anos, o Bloco tem procurado cativar novas pessoas que gravitam na sociedade e que estão de fora do espectro político. Mas, hoje, ainda há muita gente que associa o Bloco à Helena Pinto e vice-versa. O BE tem capitalizado simpatia e ganho espaço à conta da sua prestação, ou é o BE que lhe tem proporcionado esta capacidade de intervenção?
Há vários factores que contribuem para a afirmação de uma força política e dos seus rostos. Para mim, aqueles que são determinantes têm a ver com a forma de fazer política e com a forma de estar na política. Um cargo político é por natureza um cargo temporário, é uma escolha pessoal no momento da candidatura e depois de eleita é uma escolha do povo que votou, o que traz responsabilidade e obrigações - de transparência, de justificação das posições e decisões, de dizer a verdade às pessoas e de respeitar os seus direitos quando se relacionam com a autarquia.

Ouvimos muitas vezes dizer que “os políticos são todos iguais”, mas se olharmos bem para as suas práticas verificamos que não. e existe a forma como se faz a política. o Be é um partido plural, aberto à sociedade. na situação do nosso concelho em particular onde temos tido uma maioria do PS há mais de duas décadas, havia que abrir portas e janelas e deixar entrar as opiniões, as visões, as propostas, as experiências, havia que ouvir quem não pensa como nós para encontrar as melhores soluções, para estimular a criatividade. a política é a vida das pessoas e tem que ser feita com as pessoas. não precisamos de estar todos de acordo em tudo, penso aliás que é impossível, mas podemos escutar-nos e, depois, assumir uma posição, fazer uma escolha.

É isto que o Be se esforça por fazer, com a nossa Sexta d’ ideias, com iniciativas temáticas, tomando posição e apresentando propostas. É isto que está na base da nossa capacidade de intervenção, que tem juntado muita gente para participar. claro que dei os meus contributos e coloquei a minha experiência política ao serviço do trabalho autárquico, mas também quero dizer que foram muitos os contributos e de muita gente não filiada no Be e até de outros partidos, que acolhi com agrado.

Num balanço ao seu mandato, o BE destacou a quantidade de propostas apresentadas na câmara municipal, 36, no total, das quais apenas 16 foram aprovadas. Que significado tem este indicador?
Em primeiro lugar cumprimos a nossa obrigação de prestar contas. Fizemo-lo outras vezes ao longo do mandato, mas entendemos que no final deveríamos publicar um balanço exaustivo, para quem quiser conhecer em detalhe as nossas posições.

Para uma força política na oposição, não é fácil divulgar as suas posições e fazê-las chegar a todos os e as munícipes. as propostas apresentadas pelo Be são fruto do nosso trabalho junto da população, do debate em equipa e da nossa postura construtiva de contribuir para resolver problemas. 36 é o número de propostas agendadas de forma autónoma para a reunião de câmara, mas a estas somamse mais 33, das quais 10 foram aprovadas, apresentadas sobre assuntos em debate. estes são os números retirados das actas.

Podiam ser mais, mas no primeiro ano de mandato, não formalizava as propostas por inexperiência. e ainda temos que somar as propostas para os orçamentos municipais – o Be nunca abdicou de exercer o direito de oposição e apresentou propostas para todos os orçamentos, para a revisão do regulamento Municipal de Urbanização e edificação – fomos a única força política a apresentar propostas e orgulhamo-nos de ter contribuído para a baixa das taxas em todo o concelho e ainda o documento com as propostas sobre os projectos a integrar no PEDU (Plano estratégico de desenvolvimento Urbano).

Foi assim na câmara, na assembleia municipal, nas freguesias de riachos, Meia Via, S. Pedro, lapas e ribeira, Santa Maria, Salvador e Santiago e na olaia e Paço. Quanto às propostas aprovadas, só lamentamos que a maioria não tenha sido concretizada porque o PS assim não quis. Este balanço é também uma garantia para todos os torrejanos e torrejanas sobre o nosso empenho num projecto de desenvolvimento, seja na oposição seja na governação do concelho.

E a outra garantia, a maior garantia, é o que vem assumido no nosso programa eleitoral: trata-se de um documento estruturado, com medidas pensadas e concretas para todas as áreas da acção autárquica e que visa, em última instância, construir um concelho mais coeso numa perspectiva diferente de encarar o território. os eleitores vão ter oportunidade de lê-lo e verificar que estamos empenhados numa alternativa sólida para governar o concelho.

Registe-se, entretanto, que avançámos em primeiro lugar com a intenção de classificação das margens do almonda como área de paisagem protegida, dissémos de imediato que somos contra a implantação de mais grandes superfícies e avançámos também com a intenção de o município negociar e comprar os terrenos de rui Frio (ex-nery) para implantar as piscinas municipais de verão, seremos a favor da aquisição da quinta de São Gião, impediremos a destruição do jardim municipal, lançaremos um vasto programa de apoio ao futebol de formação com implantação de sintéticos em Meia Via, Lapas, Riachos e conclusão de obras em torres novas com uma academia para formação avançada em futebol juvenil, se formos câmara o município custeará totalmente as obras da sede da UDR Zona Alta, fará de imediato o ginásio de riachos e lançará um programa de requalificação da casa do Povo de Riachos, antiga proposta nossa. e daremos uma  volta ao centro histórico, já que temos a cidade mais desprezada e degradada de toda a região.