Crise, Professores, Brexit e Venezuela
Opinião » 2019-05-11 » Jorge Carreira Maia"Os temas desta quinzena: crise política, a posição dos professores, o Brexit e o azar da Venezuela"
1. CRISE POLÍTICA. A questão da contagem do tempo de serviço congelado dos professores foi uma bênção caída do céu para os socialistas. Deu-lhes oportunidade de se mostrarem responsáveis, e mostrou uma oposição de direita desorientada, perdida entre o eleitoralismo puro e duro e, quando confrontada com a reacção de António Costa, em recuo humilhante perante a opinião pública. Com as tomadas de posição conhecidas do CDS, PSD, PCP e BE parece que a crise está resolvida. O governo consegue infligir uma derrota total às pretensões dos professores. Isso dará, caso o governo não cometa erros graves, muitos votos ao Partido Socialista.
2. A POSIÇÃO DOS PROFESSORES. Entre a imagem que os professores têm de si e da sua profissão e aquela que os outros têm vai uma grande distância. As elites (políticas, económicas, universitárias e sociais) desprezam os professores do ensino não superior. A plebe democrática varia entre o ódio ostensivo e o ressentimento surdo. Basta visitar as redes sociais. A longa conflitualidade em que os professores estão envolvidos não ajuda a sua imagem. No entanto, o problema está noutro lado. Para as elites, a grande maioria dos alunos que frequentam o ensino público é descartável e a sua educação demasiado cara. Precisam que eles estejam na escola entretidos na socialização, mas para isso não é necessário pagar o que se paga a técnicos especializados (professores) no saber disciplinar. Quem não acreditar vá estudar as reformas educativas do actual governo.
3. BREXIT. A saída do Reino Unido da União Europeia está uma salganhada tal que já se fala, com alguma viabilidade, de um segundo referendo. Por norma, vitupera-se a irresponsabilidade de David Cameron, a impotência de Teresa May, a duplicidade de Jeremy Corbyn ou a malvadez dos brexiteers. Talvez, também aqui, o problema esteja noutro lado, esteja no instituto do referendo. Como é que uma matéria tão complexa se pode resolver com uma pergunta com apenas duas respostas? Uma coisa pode-se aprender com o que se passa no Reino Unido: há que moderar o entusiasmo com os referendos.
4. O AZAR VENEZUELANO. O azar da Venezuela é ter petróleo. Isso incendeia a imaginação dos reformadores sociais e abre o apetite às potências deste mundo. O chavismo não passou de um delírio ateado pelo petróleo. Hoje está na mão dos interesses russos e, possivelmente, chineses. A oposição, por seu lado, não é melhor. Dividida e dobrada aos interesses norte-americanos, cujo embargo está a deixar o país na miséria, tem muito menos apoio popular do que as televisões querem fazer crer. Ter petróleo, um azar dos diabos.
Crise, Professores, Brexit e Venezuela
Opinião » 2019-05-11 » Jorge Carreira MaiaOs temas desta quinzena: crise política, a posição dos professores, o Brexit e o azar da Venezuela
1. CRISE POLÍTICA. A questão da contagem do tempo de serviço congelado dos professores foi uma bênção caída do céu para os socialistas. Deu-lhes oportunidade de se mostrarem responsáveis, e mostrou uma oposição de direita desorientada, perdida entre o eleitoralismo puro e duro e, quando confrontada com a reacção de António Costa, em recuo humilhante perante a opinião pública. Com as tomadas de posição conhecidas do CDS, PSD, PCP e BE parece que a crise está resolvida. O governo consegue infligir uma derrota total às pretensões dos professores. Isso dará, caso o governo não cometa erros graves, muitos votos ao Partido Socialista.
2. A POSIÇÃO DOS PROFESSORES. Entre a imagem que os professores têm de si e da sua profissão e aquela que os outros têm vai uma grande distância. As elites (políticas, económicas, universitárias e sociais) desprezam os professores do ensino não superior. A plebe democrática varia entre o ódio ostensivo e o ressentimento surdo. Basta visitar as redes sociais. A longa conflitualidade em que os professores estão envolvidos não ajuda a sua imagem. No entanto, o problema está noutro lado. Para as elites, a grande maioria dos alunos que frequentam o ensino público é descartável e a sua educação demasiado cara. Precisam que eles estejam na escola entretidos na socialização, mas para isso não é necessário pagar o que se paga a técnicos especializados (professores) no saber disciplinar. Quem não acreditar vá estudar as reformas educativas do actual governo.
3. BREXIT. A saída do Reino Unido da União Europeia está uma salganhada tal que já se fala, com alguma viabilidade, de um segundo referendo. Por norma, vitupera-se a irresponsabilidade de David Cameron, a impotência de Teresa May, a duplicidade de Jeremy Corbyn ou a malvadez dos brexiteers. Talvez, também aqui, o problema esteja noutro lado, esteja no instituto do referendo. Como é que uma matéria tão complexa se pode resolver com uma pergunta com apenas duas respostas? Uma coisa pode-se aprender com o que se passa no Reino Unido: há que moderar o entusiasmo com os referendos.
4. O AZAR VENEZUELANO. O azar da Venezuela é ter petróleo. Isso incendeia a imaginação dos reformadores sociais e abre o apetite às potências deste mundo. O chavismo não passou de um delírio ateado pelo petróleo. Hoje está na mão dos interesses russos e, possivelmente, chineses. A oposição, por seu lado, não é melhor. Dividida e dobrada aos interesses norte-americanos, cujo embargo está a deixar o país na miséria, tem muito menos apoio popular do que as televisões querem fazer crer. Ter petróleo, um azar dos diabos.
Eleições "livres"... » 2024-03-18 » Hélder Dias |
Este é o meu único mundo! - antónio mário santos » 2024-03-08 » António Mário Santos Comentava João Carlos Lopes , no último Jornal Torrejano, de 16 de Fevereiro, sob o título Este Mundo e o Outro, partindo, quer do pessimismo nostálgico do Jorge Carreira Maia (Este não é o meu mundo), quer da importância da memória, em Maria Augusta Torcato, para resistir «à névoa que provoca o esquecimento e cegueira», quer «na militância política e cívica sempre empenhada», da minha autoria, num país do salve-se quem puder e do deixa andar, sempre à espera dum messias que resolva, por qualquer gesto milagreiro, a sua raiva abafada de nunca ser outra coisa que a imagem crónica de pobreza. |
Plantação intensiva: do corte à escovinha e tudo em fila aos horizontes metalificados - maria augusta torcato » 2024-03-08 » Maria Augusta Torcato Não sei se por causa das minhas origens ou simplesmente da minha natureza, há em mim algo, muito forte, que me liga a árvores, a plantas, a flores, a animais, a espaços verdes ou amarelos e amplos ou exíguos, a serras mais ou menos elevadas, de onde as neblinas se descolam e evolam pelos céus, a pedras, pequenas ou pedregulhos, espalhadas ou juntinhas e a regatos e fontes que jorram espontaneamente. |
A crise das democracias liberais - jorge carreira maia » 2024-03-08 » Jorge Carreira Maia A crise das democracias liberais, que tanto e a tantos atormenta, pode residir num conflito entre a natureza humana e o regime democrático-liberal. Num livro de 2008, Democratic Authority – a philosophical framework, o filósofo David. |
A carne e os ossos - pedro borges ferreira » 2024-03-08 » Pedro Ferreira Existe um paternalismo naqueles que desenvolvem uma compreensão do mundo extensiva que muitas vezes não lhes permite ver os outros, quiçá a si próprios, como realmente são. A opinião pública tem sido marcada por reflexões sobre a falta de memória histórica como justificação do novo mundo intolerante que está para vir, adivinho eu, devido à intenção de voto que se espera no CHEGA. |
O Flautista de Hamelin... » 2024-02-28 » Hélder Dias |
Este mundo e o outro - joão carlos lopes » 2024-02-22 Escreve Jorge Carreira Maia, nesta edição, ter a certeza de que este mundo já não é o seu e que o mundo a que chamou seu acabou. “Não sei bem qual foi a hora em que as coisas mudaram, em que a megera da História me deixou para trás”, vai ele dizendo na suas palavras sempre lúcidas e brilhantes, concluindo que “vivemos já num mundo tenebroso, onde os clowns ainda não estão no poder, mas este já espera por eles, para que a História satisfaça a sua insaciável sede de sangue e miséria”. |
2032: a redenção do Planeta - jorge cordeiro simões » 2024-02-22 » Jorge Cordeiro Simões
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Avivar a memória - antónio gomes » 2024-02-22 » António Gomes Há dias atrás, no âmbito da pré-campanha eleitoral, visitei o lugar onde passei a maior parte da minha vida (47 anos), as oficinas da CP no Entroncamento. Não que tivesse saudades, mas o espaço, o cheiro e acima de tudo a oportunidade de rever alguns companheiros que ainda por lá se encontram, que ainda lá continuam a vender a sua força de trabalho, foi uma boa recompensa. |
Eleições, para que vos quero! - antónio mário santos » 2024-02-22 Quando me aborreço, mudo de canal. Vou seguindo os debates eleitorais televisivos, mas, saturado, opto por um filme no SYFY, onde a Humanidade tenta salvar com seus heróis americanizados da Marvel o planeta Terra, em vez de gramar as notas e as opiniões dos comentadores profissionais e partidocratas que se esfalfam na crítica ou no elogio do seu candidato de estimação. |
» 2024-02-28
» Hélder Dias
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» 2024-03-08
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» 2024-03-18
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