Resiliências, Rui Rio/PSD, BE e Futebol
Opinião » 2021-12-03 » Jorge Carreira Maia"A resiliência da ministra, a vitória de Rui Rio, a preocupação do Bloco de Esquerda com o bloco central e o futebol."
Resiliências. Ser ministra da Saúde em Portugal não é tarefa fácil. Ser ministra da Saúde em Portugal e em tempos de pandemia é tarefa hercúlea. O sector é atravessado por múltiplos, poderosos e discordantes interesses, que têm tanto ou mais poder que qualquer ministro. Isso exige que quem tutela o sector seja parco nas palavras e aquelas que disser sejam ditas depois de muito meditadas. A ministra cometeu uma injustiça ao sublinhar a necessidade da resiliência como característica para estar no Serviço Nacional de Saúde. Quer prova maior de resiliência do que estes últimos dois anos? Pior, porém, ela confundiu o seu discurso de cidadã privada, que pode dizer o que entender, com o discurso de um ministro, que apenas deve dizer o que for politicamente adequado. Confusões destas são sintoma de pouca resiliência política.
Rui Rio e PSD. A vitória de Rui Rio nas eleições internas do PSD é o triunfo de uma visão moderada da política e da necessidade de estabelecer pontes com o outro lado. Uma parte da direita portuguesa, a exemplo do que acontece lá fora, está ansiosa por criar situações de grande polarização, em apostar numa lógica de amigos/inimigos, de nós ou eles. Nestas eleições, essa lógica saiu derrotada. É verdade que Paulo Rangel não é, nem de perto nem de longe, um político carismático. Se o fosse, talvez o resultado fosse outro. Pior para o país. A questão que fica é a de saber por quanto tempo o PSD resistirá à logica de polarização e ao lançamento do país numa onda de divisão e incomunicabilidade entre os actores políticos.
O BE e o Bloco Central. Catarina Martins anda preocupada com a possibilidade de António Costa, caso não consiga uma maioria absoluta, se entenda com o PSD de Rui Rio. Uma preocupação absurda porque tem todo o ar de ser uma falsa preocupação. Catarina Martins e o BE, assim como o PCP, tiveram na mão evitar essa aproximação. Ao chumbar o orçamento e dar oportunidade ao Presidente para dissolver a Assembleia, quebraram as pontes que existia entre o PS e os partidos à sua esquerda, colocaram-se fora das soluções possíveis. Tirando os militantes do BE, pouca gente haverá que leve a sério as preocupações da líder do BE.
Futebol. As acções das polícias e dos órgãos judiciais junto de uma série de clubes de futebol de primeira importância no país mostram aquilo que se sentia há muito. O mundo de futebol teria regras próprias e diferentes das regras que comandam o conjunto da sociedade. Parece que a Justiça acordou para esse problema. Veremos, porém, quem será mais forte. A ordem jurídica ou a irmandade do futebol?
Resiliências, Rui Rio/PSD, BE e Futebol
Opinião » 2021-12-03 » Jorge Carreira MaiaA resiliência da ministra, a vitória de Rui Rio, a preocupação do Bloco de Esquerda com o bloco central e o futebol.
Resiliências. Ser ministra da Saúde em Portugal não é tarefa fácil. Ser ministra da Saúde em Portugal e em tempos de pandemia é tarefa hercúlea. O sector é atravessado por múltiplos, poderosos e discordantes interesses, que têm tanto ou mais poder que qualquer ministro. Isso exige que quem tutela o sector seja parco nas palavras e aquelas que disser sejam ditas depois de muito meditadas. A ministra cometeu uma injustiça ao sublinhar a necessidade da resiliência como característica para estar no Serviço Nacional de Saúde. Quer prova maior de resiliência do que estes últimos dois anos? Pior, porém, ela confundiu o seu discurso de cidadã privada, que pode dizer o que entender, com o discurso de um ministro, que apenas deve dizer o que for politicamente adequado. Confusões destas são sintoma de pouca resiliência política.
Rui Rio e PSD. A vitória de Rui Rio nas eleições internas do PSD é o triunfo de uma visão moderada da política e da necessidade de estabelecer pontes com o outro lado. Uma parte da direita portuguesa, a exemplo do que acontece lá fora, está ansiosa por criar situações de grande polarização, em apostar numa lógica de amigos/inimigos, de nós ou eles. Nestas eleições, essa lógica saiu derrotada. É verdade que Paulo Rangel não é, nem de perto nem de longe, um político carismático. Se o fosse, talvez o resultado fosse outro. Pior para o país. A questão que fica é a de saber por quanto tempo o PSD resistirá à logica de polarização e ao lançamento do país numa onda de divisão e incomunicabilidade entre os actores políticos.
O BE e o Bloco Central. Catarina Martins anda preocupada com a possibilidade de António Costa, caso não consiga uma maioria absoluta, se entenda com o PSD de Rui Rio. Uma preocupação absurda porque tem todo o ar de ser uma falsa preocupação. Catarina Martins e o BE, assim como o PCP, tiveram na mão evitar essa aproximação. Ao chumbar o orçamento e dar oportunidade ao Presidente para dissolver a Assembleia, quebraram as pontes que existia entre o PS e os partidos à sua esquerda, colocaram-se fora das soluções possíveis. Tirando os militantes do BE, pouca gente haverá que leve a sério as preocupações da líder do BE.
Futebol. As acções das polícias e dos órgãos judiciais junto de uma série de clubes de futebol de primeira importância no país mostram aquilo que se sentia há muito. O mundo de futebol teria regras próprias e diferentes das regras que comandam o conjunto da sociedade. Parece que a Justiça acordou para esse problema. Veremos, porém, quem será mais forte. A ordem jurídica ou a irmandade do futebol?
As eleições e o triunfo do pensamento mágico - jorge carreira maia » 2024-04-10 » Jorge Carreira Maia Existe, em Portugal, uma franja pequena do eleitorado que quer, deliberadamente, destruir a democracia, não suporta os regimes liberais, sonha com o retorno ao autoritarismo. Ao votar Chega, fá-lo racionalmente. Contudo, a explosão do eleitorado do partido de André Ventura não se explica por esse tipo de eleitores. |
Eleições "livres"... » 2024-03-18 » Hélder Dias |
Este é o meu único mundo! - antónio mário santos » 2024-03-08 » António Mário Santos Comentava João Carlos Lopes , no último Jornal Torrejano, de 16 de Fevereiro, sob o título Este Mundo e o Outro, partindo, quer do pessimismo nostálgico do Jorge Carreira Maia (Este não é o meu mundo), quer da importância da memória, em Maria Augusta Torcato, para resistir «à névoa que provoca o esquecimento e cegueira», quer «na militância política e cívica sempre empenhada», da minha autoria, num país do salve-se quem puder e do deixa andar, sempre à espera dum messias que resolva, por qualquer gesto milagreiro, a sua raiva abafada de nunca ser outra coisa que a imagem crónica de pobreza. |
Plantação intensiva: do corte à escovinha e tudo em fila aos horizontes metalificados - maria augusta torcato » 2024-03-08 » Maria Augusta Torcato Não sei se por causa das minhas origens ou simplesmente da minha natureza, há em mim algo, muito forte, que me liga a árvores, a plantas, a flores, a animais, a espaços verdes ou amarelos e amplos ou exíguos, a serras mais ou menos elevadas, de onde as neblinas se descolam e evolam pelos céus, a pedras, pequenas ou pedregulhos, espalhadas ou juntinhas e a regatos e fontes que jorram espontaneamente. |
A crise das democracias liberais - jorge carreira maia » 2024-03-08 » Jorge Carreira Maia A crise das democracias liberais, que tanto e a tantos atormenta, pode residir num conflito entre a natureza humana e o regime democrático-liberal. Num livro de 2008, Democratic Authority – a philosophical framework, o filósofo David. |
A carne e os ossos - pedro borges ferreira » 2024-03-08 » Pedro Ferreira Existe um paternalismo naqueles que desenvolvem uma compreensão do mundo extensiva que muitas vezes não lhes permite ver os outros, quiçá a si próprios, como realmente são. A opinião pública tem sido marcada por reflexões sobre a falta de memória histórica como justificação do novo mundo intolerante que está para vir, adivinho eu, devido à intenção de voto que se espera no CHEGA. |
O Flautista de Hamelin... » 2024-02-28 » Hélder Dias |
Este mundo e o outro - joão carlos lopes » 2024-02-22 Escreve Jorge Carreira Maia, nesta edição, ter a certeza de que este mundo já não é o seu e que o mundo a que chamou seu acabou. “Não sei bem qual foi a hora em que as coisas mudaram, em que a megera da História me deixou para trás”, vai ele dizendo na suas palavras sempre lúcidas e brilhantes, concluindo que “vivemos já num mundo tenebroso, onde os clowns ainda não estão no poder, mas este já espera por eles, para que a História satisfaça a sua insaciável sede de sangue e miséria”. |
2032: a redenção do Planeta - jorge cordeiro simões » 2024-02-22 » Jorge Cordeiro Simões
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Avivar a memória - antónio gomes » 2024-02-22 » António Gomes Há dias atrás, no âmbito da pré-campanha eleitoral, visitei o lugar onde passei a maior parte da minha vida (47 anos), as oficinas da CP no Entroncamento. Não que tivesse saudades, mas o espaço, o cheiro e acima de tudo a oportunidade de rever alguns companheiros que ainda por lá se encontram, que ainda lá continuam a vender a sua força de trabalho, foi uma boa recompensa. |
» 2024-04-10
» Jorge Carreira Maia
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