• SOCIEDADE-  • CULTURA  • DESPORTO  • OPINIÃO
  Quinta, 18 Abril 2024    •      Directora: Inês Vidal; Director-adjunto: João Carlos Lopes    •      Estatuto Editorial    •      História do JT
   Pesquisar...
Dom.
 26° / 11°
Céu limpo
Sáb.
 23° / 14°
Céu nublado com chuva fraca
Sex.
 26° / 14°
Períodos nublados
Torres Novas
Hoje  28° / 14°
Períodos nublados
       #Alcanena    #Entroncamento    #Golega    #Barquinha    #Constancia 

Eis a questão?

Opinião  »  2016-07-10  »  Ricardo Jorge Rodrigues

""De forma eloquente digo que ser emigrante é uma condição especial. Mas sê-lo em Moçambique é mais fácil do que, certamente, em muitos outros países de mundo""

Ser ou não ser? Eis a questão” é um dos mais famosos aforismos da literatura mundial, da autoria de William Shakespeare. Quando se questiona sobre a integração de emigrantes portugueses em Mo- çambique há uma questão que se coloca inevitavelmente: é difícil?

Não, não é. De todo. Muito por culpa do cariz simpático, afável e acolhedor do povo moçambicano, que carrega num olhar a doçura de um povo inteiro e a história de uma gente cansada de sofrer. Ser emigrante nunca é uma condição fácil. Porque saímos da nossa zona de conforto, porque estamos longe do que é nosso – amigos, lar, família –, porque muitas vezes quem faz vida noutro país que não aquele em que nasceu fá-lo por dificuldades económicas e por procurar uma vida melhor.
Arrisco dizer que esse é o principal factor, por larga margem, que leva as pessoas a emigrar. Na nossa história recente temos uma geração inteira que ficou marcada por uma vaga de emigrantes que procuraram pelo mundo fora melhores condições de vida. Actualmente, muitos dos nossos emigrantes são-no porque as suas competências os levam a, confortavelmente, procurar experiências no estrangeiro.

Tudo isto – diferentes gera- ções com motivos variados – se encontram aqui, onde África se dobra a caminho da terra que os portugueses ousaram descobrir no longínquo século XV. De facto, sair da zona de conforto nunca foi um problema para o sangue português.

Se me perguntarem quais as maiores dificuldades que Moçambique oferece para a integração de emigrantes destacaria a forma como os vários agentes sociais (desde o povo, proprietários ou empresários) tentam sempre enganar quem é novo no país para com isso tirar algum proveito; para quem tem um negócio é muito difícil controlar furtos por parte dos empregados; e a logística em Moçambique é tremendamente lenta, levando qualquer um ao desespero.

Por outro lado, o facto de a língua ser a mesma – ainda que o povo moçambicano transporte consigo muitos dialectos no dia-a-dia –, das paisagens serem deslumbrantes e também de estarem muitos portugueses em várias zonas do país (Maputo, Nacala, Pemba, Tete, etc.) facilita muito a integração num grupo social evitando que os tempos fora do horário laboral sejam passados num negativismo inerente à saudade do lugar a que pertencemos.

Noto, também, uma diferença entre duas gerações de emigrantes portugueses que vivem no país: uma geração acima dos 40 anos que aproveita os salários muito baixos dos moçambicanos, e faz ainda sobreviver alguns resquícios sociais da época colonial, fazendo com que a necessidade destas pessoas alimente a sede de poder que trazem de Portugal, abusando no tratamento desleal e impróprio para com o povo nativo; e uma geração abaixo dos 40 anos, sem qualquer tipo de sentimento de superioridade, vingança histórica ou de suprimir em Moçambique os falhanços da vida, que convive com os moçambicanos sem qualquer tipo de diferenciação social ou racial.

De forma eloquente digo que ser emigrante é uma condição especial. Mas sê-lo em Moçambique é mais fácil do que, certamente, em muitos outros países de mundo.

 

 

 Outras notícias - Opinião


As eleições e o triunfo do pensamento mágico - jorge carreira maia »  2024-04-10  »  Jorge Carreira Maia

Existe, em Portugal, uma franja pequena do eleitorado que quer, deliberadamente, destruir a democracia, não suporta os regimes liberais, sonha com o retorno ao autoritarismo. Ao votar Chega, fá-lo racionalmente. Contudo, a explosão do eleitorado do partido de André Ventura não se explica por esse tipo de eleitores.
(ler mais...)


Eleições "livres"... »  2024-03-18  »  Hélder Dias

Este é o meu único mundo! - antónio mário santos »  2024-03-08  »  António Mário Santos

Comentava João Carlos Lopes , no último Jornal Torrejano, de 16 de Fevereiro, sob o título Este Mundo e o Outro, partindo, quer do pessimismo nostálgico do Jorge Carreira Maia (Este não é o meu mundo), quer da importância da memória, em Maria Augusta Torcato, para resistir «à névoa que provoca o esquecimento e cegueira», quer «na militância política e cívica sempre empenhada», da minha autoria, num país do salve-se quem puder e do deixa andar, sempre à espera dum messias que resolva, por qualquer gesto milagreiro, a sua raiva abafada de nunca ser outra coisa que a imagem crónica de pobreza.
(ler mais...)


Plantação intensiva: do corte à escovinha e tudo em fila aos horizontes metalificados - maria augusta torcato »  2024-03-08  »  Maria Augusta Torcato

Não sei se por causa das minhas origens ou simplesmente da minha natureza, há em mim algo, muito forte, que me liga a árvores, a plantas, a flores, a animais, a espaços verdes ou amarelos e amplos ou exíguos, a serras mais ou menos elevadas, de onde as neblinas se descolam e evolam pelos céus, a pedras, pequenas ou pedregulhos, espalhadas ou juntinhas e a regatos e fontes que jorram espontaneamente.
(ler mais...)


A crise das democracias liberais - jorge carreira maia »  2024-03-08  »  Jorge Carreira Maia

A crise das democracias liberais, que tanto e a tantos atormenta, pode residir num conflito entre a natureza humana e o regime democrático-liberal. Num livro de 2008, Democratic Authority – a philosophical framework, o filósofo David.
(ler mais...)


A carne e os ossos - pedro borges ferreira »  2024-03-08  »  Pedro Ferreira

Existe um paternalismo naqueles que desenvolvem uma compreensão do mundo extensiva que muitas vezes não lhes permite ver os outros, quiçá a si próprios, como realmente são. A opinião pública tem sido marcada por reflexões sobre a falta de memória histórica como justificação do novo mundo intolerante que está para vir, adivinho eu, devido à intenção de voto que se espera no CHEGA.
(ler mais...)


O Flautista de Hamelin... »  2024-02-28  »  Hélder Dias

Este mundo e o outro - joão carlos lopes »  2024-02-22 

Escreve Jorge Carreira Maia, nesta edição, ter a certeza de que este mundo já não é o seu e que o mundo a que chamou seu acabou. “Não sei bem qual foi a hora em que as coisas mudaram, em que a megera da História me deixou para trás”, vai ele dizendo na suas palavras sempre lúcidas e brilhantes, concluindo que “vivemos já num mundo tenebroso, onde os clowns ainda não estão no poder, mas este já espera por eles, para que a História satisfaça a sua insaciável sede de sangue e miséria”.
(ler mais...)


2032: a redenção do Planeta - jorge cordeiro simões »  2024-02-22  »  Jorge Cordeiro Simões

 

 


O dia 5 de Fevereiro de 2032, em que o Francisco Falcão fez 82 anos - aos quais nunca julgara ir chegar -, nasceu ainda mais frio do que os anteriores e este Inverno parecia ser nisso ainda pior que os que o antecederam, o que contribuiu para que cada vez com mais frequência ele se fosse deixando ficar na cama até mais tarde e neste dia festivo só de lá iria sair depois do meio-dia.
(ler mais...)


Avivar a memória - antónio gomes »  2024-02-22  »  António Gomes

Há dias atrás, no âmbito da pré-campanha eleitoral, visitei o lugar onde passei a maior parte da minha vida (47 anos), as oficinas da CP no Entroncamento.

Não que tivesse saudades, mas o espaço, o cheiro e acima de tudo a oportunidade de rever alguns companheiros que ainda por lá se encontram, que ainda lá continuam a vender a sua força de trabalho, foi uma boa recompensa.
(ler mais...)

 Mais lidas - Opinião (últimos 30 dias)
»  2024-04-10  »  Jorge Carreira Maia As eleições e o triunfo do pensamento mágico - jorge carreira maia