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A Febre do Euro - pedro ferreira

Opinião  »  2021-06-19  »  Pedro Ferreira

" “Todos se juntam por uma causa comum: usar o nacionalismo para chupar ainda mais os portugueses, fazê-los perder ainda mais tempo a olhar para a televisão"

Depois de ter sido adiado um ano devido à pandemia que ainda nos atormenta, eis que chega o momento por que todos os fãs de futebol em Portugal têm aguardado: o europeu de futebol de 2020. Um evento tão aguardado e acarinhado pelo público que até entre os clubistas mais ferrenhos há aqueles que apelam à união dos adeptos dos vários clubes por uma causa maior: a “nossa” selecção.

O futebol, no geral, é bastante seguido pelos media e consequentemente pela população portuguesa, sendo até apelidado de “desporto rei”, mas ainda assim nada bate a cobertura que é feita das competições entre selecções: estas destroem a segmentação de mercado que normalmente há. Os portugueses deixam de ser adeptos de um determinado clube e passam a apoiar a selecção. Nesta altura do ano, uma única campanha de marketing de apoio à selecção consegue chegar à quase totalidade dos portugueses. Até empresas como a Galp, cujas atividades de negócio têm literalmente destruído o mundo em que vivemos, se juntam à Federação Portuguesa de Futebol na tentativa de branquear o que fazem.

Mas há sempre aqueles que se lembram, nunca temas. E é por isto que há um foco tão grande nestes eventos. Desde a transmissão televisiva dos jogos aos anúncios de supermercados, dos convidados nos programas da manhã às entrevistas televisivas. Todos se juntam por uma causa comum: usar o nacionalismo para chupar ainda mais os portugueses, fazê-los perder ainda mais tempo a olhar para a televisão e dinheiro com cachecóis, cromos e cadernetas.

Mas este aproveitamento não se restringe aos privados, chegando até ao aproveitamento político. Melhor do que entregar um microondas a quem votar em si, somente fazer uma demonstração pública de apoio à selecção nacional. Mas como será possível este fenómeno atingir tamanhas proporções? Um povo que se une e manifesta à volta da bola, mas que ainda não é capaz de concordar sobre a inexistência de portugueses de mal?

A propaganda nacionalista portuguesa é real e afecta-nos desde pequeninos. Na escola, o pseudo-elevador social, ensinam-nos a deixar de ser nós próprios e a passarmos a ser portugueses, de uma forma muito musical, aprendendo e cantando o hino. Ensinam-nos também uma história que de científica não tem nada, em que portugal, esta entidade divina com memória colectiva, tal como nos tentam convencer através dos Lusíadas, levou novos mundos ao mundo (o que quer que isso queira dizer), esquecendo-se sempre de mencionar os genocídios que uma e outra vez foram cometidos, ou os milhões de pessoas que continuam a ser exploradas para que possamos todos morrer com as veias entupidas em colesterol. Em suma, ensinam-nos a ter sentimentos para com algo que não existe, que não passa de uma ideia de comunidade que nos traz sentimentos de pertença.

Qualquer psicólogo diria que isso é tudo menos saudável, contrário até aos interesses do indivíduo, não fosse essa ideia ser portugal. Eu não sou imune a este fenómeno e também me dá gozo ver o Ronaldo marcar golos, mas este ano espero sinceramente que a selecção portuguesa, não só falhe a renovação do título, mas que saia da competição o mais depressa possível. A última coisa que precisamos é de mais multidões aos saltos a espalhar copos de plástico e outras coisas mais pequenas e nefastas, invisíveis ao olho nu, pelas ruas das comunidades.

 


“Todos se juntam por uma causa comum: usar o nacionalismo para chupar ainda mais os portugueses, fazê-los perder ainda mais tempo a olhar para a televisão

 

 

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