O que se perfila
Opinião » 2017-11-30 » Jorge Carreira Maia"Parte dos socialistas parece ansiosa em libertar-se do apoio da esquerda para voltar às suas velhas políticas, que conduziram o país onde se sabe."
Apesar dos trágicos acontecimentos ligados aos incêndios e de algumas patetices governamentais, a esquerda continua, nas sondagens, a ser largamente maioritária. O problema começa agora que os acordos, que estabeleceram a coligação parlamentar, estão praticamente cumpridos. O primeiro problema é o próprio tipo de solução política existente. O facto do governo não ser de coligação, com um acordo político sólido e com a responsabilidade partilhada por toda a esquerda, conduz a que todos comecem a calcular o que pode ser mais benéfico para si próprios. Um governo de coligação distribuiria mais justamente pelos três partidos os méritos e os deméritos da governação, sem que tivéssemos de assistir ao espectáculo impúdico que, por vezes, nos é oferecido do regatear de méritos na praça pública.
O segundo problema é que a partir de agora a idiossincrasia de cada partido vais ser mais forte do que a necessidade de sustentar uma solução política consistente. O PS está a retornar ao que é há muito. O caso das rendas da EDP é um sinal importante de que assim é. Como foi sublinhado por Miguel Sousa Tavares, o silêncio do governo – mas também da oposição de direita – perante o discurso de Mariana Mortágua, na aprovação do Orçamento, foi revelador de que o PS não deixou de ser o que era. Juntamente com o PSD e o CDS, um sustentáculo dos interesses instalados que devoram a fazenda pública e a privada. Parte dos socialistas parece ansiosa em libertar-se do apoio da esquerda para voltar às suas velhas políticas, que conduziram o país onde se sabe.
Também o BE e o PCP estão pouco dispostos a trocar, no futuro, o conforto ideológico de partidos de contestação por um papel de partidos de governo dentro do actual quadro de compromissos do país na esfera europeia e do euro. O que o país precisa das esquerdas é de um programa sério de reforma do Estado, construindo uma transparência que não existe, um projecto de diminuição do papel dos governos na instrumentalização das instituições públicas, um desígnio de modernização da economia e um plano sólido da preparação dos cidadãos para enfrentar os desafios da economia globalizada. Tudo isto dentro de um quadro de reforço da liberdade de iniciativa privada e de igualdade de oportunidades. O que o eleitorado de esquerda vai ter à sua disposição, a continuarmos no actual caminho, será bem diferente. Um PS amancebado, mais uma vez, com os grandes interesses, o BE preso em causas fracturantes e o PCP limitado à reivindicação social. O país e o eleitorado de esquerda mereciam outra coisa.
O que se perfila
Opinião » 2017-11-30 » Jorge Carreira MaiaParte dos socialistas parece ansiosa em libertar-se do apoio da esquerda para voltar às suas velhas políticas, que conduziram o país onde se sabe.
Apesar dos trágicos acontecimentos ligados aos incêndios e de algumas patetices governamentais, a esquerda continua, nas sondagens, a ser largamente maioritária. O problema começa agora que os acordos, que estabeleceram a coligação parlamentar, estão praticamente cumpridos. O primeiro problema é o próprio tipo de solução política existente. O facto do governo não ser de coligação, com um acordo político sólido e com a responsabilidade partilhada por toda a esquerda, conduz a que todos comecem a calcular o que pode ser mais benéfico para si próprios. Um governo de coligação distribuiria mais justamente pelos três partidos os méritos e os deméritos da governação, sem que tivéssemos de assistir ao espectáculo impúdico que, por vezes, nos é oferecido do regatear de méritos na praça pública.
O segundo problema é que a partir de agora a idiossincrasia de cada partido vais ser mais forte do que a necessidade de sustentar uma solução política consistente. O PS está a retornar ao que é há muito. O caso das rendas da EDP é um sinal importante de que assim é. Como foi sublinhado por Miguel Sousa Tavares, o silêncio do governo – mas também da oposição de direita – perante o discurso de Mariana Mortágua, na aprovação do Orçamento, foi revelador de que o PS não deixou de ser o que era. Juntamente com o PSD e o CDS, um sustentáculo dos interesses instalados que devoram a fazenda pública e a privada. Parte dos socialistas parece ansiosa em libertar-se do apoio da esquerda para voltar às suas velhas políticas, que conduziram o país onde se sabe.
Também o BE e o PCP estão pouco dispostos a trocar, no futuro, o conforto ideológico de partidos de contestação por um papel de partidos de governo dentro do actual quadro de compromissos do país na esfera europeia e do euro. O que o país precisa das esquerdas é de um programa sério de reforma do Estado, construindo uma transparência que não existe, um projecto de diminuição do papel dos governos na instrumentalização das instituições públicas, um desígnio de modernização da economia e um plano sólido da preparação dos cidadãos para enfrentar os desafios da economia globalizada. Tudo isto dentro de um quadro de reforço da liberdade de iniciativa privada e de igualdade de oportunidades. O que o eleitorado de esquerda vai ter à sua disposição, a continuarmos no actual caminho, será bem diferente. Um PS amancebado, mais uma vez, com os grandes interesses, o BE preso em causas fracturantes e o PCP limitado à reivindicação social. O país e o eleitorado de esquerda mereciam outra coisa.
Eleições "livres"... » 2024-03-18 » Hélder Dias |
Este é o meu único mundo! - antónio mário santos » 2024-03-08 » António Mário Santos Comentava João Carlos Lopes , no último Jornal Torrejano, de 16 de Fevereiro, sob o título Este Mundo e o Outro, partindo, quer do pessimismo nostálgico do Jorge Carreira Maia (Este não é o meu mundo), quer da importância da memória, em Maria Augusta Torcato, para resistir «à névoa que provoca o esquecimento e cegueira», quer «na militância política e cívica sempre empenhada», da minha autoria, num país do salve-se quem puder e do deixa andar, sempre à espera dum messias que resolva, por qualquer gesto milagreiro, a sua raiva abafada de nunca ser outra coisa que a imagem crónica de pobreza. |
Plantação intensiva: do corte à escovinha e tudo em fila aos horizontes metalificados - maria augusta torcato » 2024-03-08 » Maria Augusta Torcato Não sei se por causa das minhas origens ou simplesmente da minha natureza, há em mim algo, muito forte, que me liga a árvores, a plantas, a flores, a animais, a espaços verdes ou amarelos e amplos ou exíguos, a serras mais ou menos elevadas, de onde as neblinas se descolam e evolam pelos céus, a pedras, pequenas ou pedregulhos, espalhadas ou juntinhas e a regatos e fontes que jorram espontaneamente. |
A crise das democracias liberais - jorge carreira maia » 2024-03-08 » Jorge Carreira Maia A crise das democracias liberais, que tanto e a tantos atormenta, pode residir num conflito entre a natureza humana e o regime democrático-liberal. Num livro de 2008, Democratic Authority – a philosophical framework, o filósofo David. |
A carne e os ossos - pedro borges ferreira » 2024-03-08 » Pedro Ferreira Existe um paternalismo naqueles que desenvolvem uma compreensão do mundo extensiva que muitas vezes não lhes permite ver os outros, quiçá a si próprios, como realmente são. A opinião pública tem sido marcada por reflexões sobre a falta de memória histórica como justificação do novo mundo intolerante que está para vir, adivinho eu, devido à intenção de voto que se espera no CHEGA. |
O Flautista de Hamelin... » 2024-02-28 » Hélder Dias |
Este mundo e o outro - joão carlos lopes » 2024-02-22 Escreve Jorge Carreira Maia, nesta edição, ter a certeza de que este mundo já não é o seu e que o mundo a que chamou seu acabou. “Não sei bem qual foi a hora em que as coisas mudaram, em que a megera da História me deixou para trás”, vai ele dizendo na suas palavras sempre lúcidas e brilhantes, concluindo que “vivemos já num mundo tenebroso, onde os clowns ainda não estão no poder, mas este já espera por eles, para que a História satisfaça a sua insaciável sede de sangue e miséria”. |
2032: a redenção do Planeta - jorge cordeiro simões » 2024-02-22 » Jorge Cordeiro Simões
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Avivar a memória - antónio gomes » 2024-02-22 » António Gomes Há dias atrás, no âmbito da pré-campanha eleitoral, visitei o lugar onde passei a maior parte da minha vida (47 anos), as oficinas da CP no Entroncamento. Não que tivesse saudades, mas o espaço, o cheiro e acima de tudo a oportunidade de rever alguns companheiros que ainda por lá se encontram, que ainda lá continuam a vender a sua força de trabalho, foi uma boa recompensa. |
Eleições, para que vos quero! - antónio mário santos » 2024-02-22 Quando me aborreço, mudo de canal. Vou seguindo os debates eleitorais televisivos, mas, saturado, opto por um filme no SYFY, onde a Humanidade tenta salvar com seus heróis americanizados da Marvel o planeta Terra, em vez de gramar as notas e as opiniões dos comentadores profissionais e partidocratas que se esfalfam na crítica ou no elogio do seu candidato de estimação. |
» 2024-02-28
» Hélder Dias
O Flautista de Hamelin... |
» 2024-03-08
» Maria Augusta Torcato
Plantação intensiva: do corte à escovinha e tudo em fila aos horizontes metalificados - maria augusta torcato |
» 2024-03-18
» Hélder Dias
Eleições "livres"... |
» 2024-03-08
» Jorge Carreira Maia
A crise das democracias liberais - jorge carreira maia |
» 2024-03-08
» Pedro Ferreira
A carne e os ossos - pedro borges ferreira |