• SOCIEDADE-  • CULTURA  • DESPORTO  • OPINIÃO
  Sábado, 20 Abril 2024    •      Directora: Inês Vidal; Director-adjunto: João Carlos Lopes    •      Estatuto Editorial    •      História do JT
   Pesquisar...
Ter.
 22° / 9°
Céu limpo
Seg.
 26° / 11°
Céu limpo
Dom.
 25° / 11°
Céu limpo
Torres Novas
Hoje  24° / 14°
Períodos nublados com aguaceiros e trovoadas
       #Alcanena    #Entroncamento    #Golega    #Barquinha    #Constancia 

A União Europeia – essa inimiga!

Opinião  »  2016-06-26  »  Acácio Gouveia

""Há dois factos curiosos que, curiosamente, não têm merecido grandes comentários. Em primeiro lugar: é nos extremos do espectro político que se acantonam os adversários mais assertivos da UE""

O euroceticismo está na hora do dia. Em Portugal a contestação tem como protagonista assumido o próprio governo, em razoável sintonia com partidos da esquerda. De uma maneira generalizada os comentadores e oponion-makers, seguem esta tendência crítica, embora com tonalidades diferentes, e os meios de comunicação social, uns mais que outros, são eurocéticos. Já os antigos sócios PSD/CDS mantêm um silêncio envergonhado (e vergonhoso) nessa matéria.

Há dois factos curiosos que, curiosamente (perdoe-se a redundância), não têm merecido grandes comentários.
Em primeiro lugar: é nos extremos do espectro político que se acantonam os adversários mais assertivos da UE. Excluindo a questão dos refugiados, a concordância de objetivos, e mesmo dos slogans, entre a extrema direita e extrema esquerda é espantosa. Vagamente sugestivos do pacto germano-soviético de 39, não parece que estes arranjos táticos entre as extremas tenham alguma vez acabado bem. O antieuropeísmo da direita radica nos ideais nacionalistas, isto é, racistas, xenófobos e, por norma, belicistas.

Mau prenúncio! Já a esquerda contesta os princípios de economia de mercado em que assenta a UE. Lamentavelmente não apresenta nenhuma alternativa credível, isto é, não propõe um modelo que não tenha já falhado no passado ou esteja falhando no presente (veja-se a experiência venezuelana). Infelizmente a esquerda deixou-se resvalar também para o nacionalismo, com laivos de racismo antigermânico, que julgávamos exclusivo da direita.

Outra característica do antieuropeísmo tem a ver com a divergência dos motivos consoante os vários países. A opinião pública portuguesa (e muitos comentadores, diga-se) vive na ilusão que os manifestantes contra a austeridade dos países do sul e os partidos eurocéticos do norte e leste da Europa estão unidos na mesma luta.

Nada mais falso: os objetivos duns e doutros são contraditórios. Em Portugal e na Grécia acusa-se Bruxelas de “falta de solidariedade”, leia-se: de não mandar mais dinheiro e por querer interferir no modo como o gastamos. Já na Finlândia, Eslováquia ou Polónia, por exemplo, contesta-se que sejam transferidas verbas para os países do sul e o uso que estes lhe dão.

Quer isto dizer que sempre que portugueses e gregos exigem mais dinheiro das instituições europeias, estão a aumentar a pujança dos movimentos nacionalistas que reivindicam exatamente o contrário. Desta sinergia de ataques às instituições pode resultar a sua erosão sem que seja liquido qual das tendências vencerá. Não me parece que a fragilidade do aparelho burocrático da UE (tão ambicionada pelos eurocéticos de todos quadrantes) beneficie os países do Sul, sequiosos de fundos.

Da possível ruína da UE sairia vencedora uma aliança, no mínimo bizarra e altamente instável, entre extrema direita e extrema esquerda, unidos apenas pelo seu antieuropeísmo, pressagiando tudo menos paz social, progresso económico, consolidação de valores democráticos e segurança. Mesmo o aumento de soberania dos vários estilhaços da União (leia-se nações) não passa duma miragem e a sua influência no mundo uma sombra do que já foi.

*****

(Escrito antes do Brexit, e das declarações de dirigentes partidários)

 

 

 Outras notícias - Opinião


As eleições e o triunfo do pensamento mágico - jorge carreira maia »  2024-04-10  »  Jorge Carreira Maia

Existe, em Portugal, uma franja pequena do eleitorado que quer, deliberadamente, destruir a democracia, não suporta os regimes liberais, sonha com o retorno ao autoritarismo. Ao votar Chega, fá-lo racionalmente. Contudo, a explosão do eleitorado do partido de André Ventura não se explica por esse tipo de eleitores.
(ler mais...)


Eleições "livres"... »  2024-03-18  »  Hélder Dias

Este é o meu único mundo! - antónio mário santos »  2024-03-08  »  António Mário Santos

Comentava João Carlos Lopes , no último Jornal Torrejano, de 16 de Fevereiro, sob o título Este Mundo e o Outro, partindo, quer do pessimismo nostálgico do Jorge Carreira Maia (Este não é o meu mundo), quer da importância da memória, em Maria Augusta Torcato, para resistir «à névoa que provoca o esquecimento e cegueira», quer «na militância política e cívica sempre empenhada», da minha autoria, num país do salve-se quem puder e do deixa andar, sempre à espera dum messias que resolva, por qualquer gesto milagreiro, a sua raiva abafada de nunca ser outra coisa que a imagem crónica de pobreza.
(ler mais...)


Plantação intensiva: do corte à escovinha e tudo em fila aos horizontes metalificados - maria augusta torcato »  2024-03-08  »  Maria Augusta Torcato

Não sei se por causa das minhas origens ou simplesmente da minha natureza, há em mim algo, muito forte, que me liga a árvores, a plantas, a flores, a animais, a espaços verdes ou amarelos e amplos ou exíguos, a serras mais ou menos elevadas, de onde as neblinas se descolam e evolam pelos céus, a pedras, pequenas ou pedregulhos, espalhadas ou juntinhas e a regatos e fontes que jorram espontaneamente.
(ler mais...)


A crise das democracias liberais - jorge carreira maia »  2024-03-08  »  Jorge Carreira Maia

A crise das democracias liberais, que tanto e a tantos atormenta, pode residir num conflito entre a natureza humana e o regime democrático-liberal. Num livro de 2008, Democratic Authority – a philosophical framework, o filósofo David.
(ler mais...)


A carne e os ossos - pedro borges ferreira »  2024-03-08  »  Pedro Ferreira

Existe um paternalismo naqueles que desenvolvem uma compreensão do mundo extensiva que muitas vezes não lhes permite ver os outros, quiçá a si próprios, como realmente são. A opinião pública tem sido marcada por reflexões sobre a falta de memória histórica como justificação do novo mundo intolerante que está para vir, adivinho eu, devido à intenção de voto que se espera no CHEGA.
(ler mais...)


O Flautista de Hamelin... »  2024-02-28  »  Hélder Dias

Este mundo e o outro - joão carlos lopes »  2024-02-22 

Escreve Jorge Carreira Maia, nesta edição, ter a certeza de que este mundo já não é o seu e que o mundo a que chamou seu acabou. “Não sei bem qual foi a hora em que as coisas mudaram, em que a megera da História me deixou para trás”, vai ele dizendo na suas palavras sempre lúcidas e brilhantes, concluindo que “vivemos já num mundo tenebroso, onde os clowns ainda não estão no poder, mas este já espera por eles, para que a História satisfaça a sua insaciável sede de sangue e miséria”.
(ler mais...)


2032: a redenção do Planeta - jorge cordeiro simões »  2024-02-22  »  Jorge Cordeiro Simões

 

 


O dia 5 de Fevereiro de 2032, em que o Francisco Falcão fez 82 anos - aos quais nunca julgara ir chegar -, nasceu ainda mais frio do que os anteriores e este Inverno parecia ser nisso ainda pior que os que o antecederam, o que contribuiu para que cada vez com mais frequência ele se fosse deixando ficar na cama até mais tarde e neste dia festivo só de lá iria sair depois do meio-dia.
(ler mais...)


Avivar a memória - antónio gomes »  2024-02-22  »  António Gomes

Há dias atrás, no âmbito da pré-campanha eleitoral, visitei o lugar onde passei a maior parte da minha vida (47 anos), as oficinas da CP no Entroncamento.

Não que tivesse saudades, mas o espaço, o cheiro e acima de tudo a oportunidade de rever alguns companheiros que ainda por lá se encontram, que ainda lá continuam a vender a sua força de trabalho, foi uma boa recompensa.
(ler mais...)

 Mais lidas - Opinião (últimos 30 dias)
»  2024-04-10  »  Jorge Carreira Maia As eleições e o triunfo do pensamento mágico - jorge carreira maia