Via circular, piscinas, Fábrica Grande: isto anda tudo ligado - joão carlos lopes
Opinião » 2022-11-08 » João Carlos Lopes"“Quem governa ignora esta coisa tão simples: nas últimas eleições votaram 17 375 eleitores. Destes, 7 865 votaram no PS. Votaram noutros partidos 9 510 eleitores."
Como se recorda na edição de papel deste jornal, há 20 anos o vereador do PSD, Octávio Oliveira, em sede de debate sobre a construção do viaduto de Rio Frio, dizia que a circular como prolongamento da avenida, uma circular interior, era um “erro estratégico”, e que devia optar-se pela construção de uma circular exterior, aquela que agora é uma necessidade premente. Tecnicamente, tinha razão. A provar que ninguém, seja quem for, tem razão sempre em todo o tempo, e que a razão, o bom senso e a lucidez, não dependem nem são uma emanação do voto, mesmo que amplamente maioritário.
O actual vereador do PSD, Tiago Ferreira, vem também colocar a questão, mesmo que indirectamente, porque o planeamento urbano tem de ser visto de forma integrada. Com a aquisição do edifício da antiga Fiação e Tecidos e a perspectiva de aquisição dos terrenos de Rio Frio (antiga Fábrica Nery, viaduto), estamos perante uma oportunidade de ouro para reabilitar toda a zona ribeirinha, diz Tiago Ferreira, considerando que “entre o viaduto e o centro de saúde é urgente implementar um visão estratégica para o desenvolvimento integrado e estruturado desta zona histórica, sendo fulcral envolver toda a sociedade torrejana através de uma consulta pública que permita sentir o pulsar dos torrejanos e de os envolver de uma forma plena com aquele que será um projecto que fará a diferença para a qualidade de vida de todos nós na próxima década”, acrescentando que já em 2019 o PSD defendera a abertura de uma ligação entre a rotunda dos Négreus e o centro de saúde, que permitiria tirar a pressão existente e que irá crescer significativamente sobre a rua da Fábrica.
Isto é, é impensável considerar o projecto da Fábrica Grande sem um um enquadramento mais vasto e, nomeadamente, sem ter em conta as acessibilidades. E é também inconcebível que projectos desta natureza sejam cozinhados à socapa e sem o mínimo de conhecimento e possibilidade de participação opinativa dos torrejanos, que deixam nas mãos e na cabeça de dois ou três iluminados a definição de importantes questões da nossa vida colectiva. Nunca foi visto nada assim.
A questão das piscinas de verão é outro caso paradigmático. É um assunto importante. Cidades próximas, como Santarém ou Abrantes, gizaram parques aquáticos de qualidade que são factores de atração dos residentes e povos vizinhos, como outrora acontecia com as velhas piscinas de verão de Torres Novas.
O assunto veio à baila na última reunião camarária e o vereador António Rodrigues sugeriu o terreno imenso de Rio Frio, ex-Nery, cujo imbróglio jurídico parece encaminhar-se finalmente para um fim após décadas de conflito sobre a sua a propriedade. A sugestão de Rodrigues vem de certo modo ao encontro da perspectiva de Tiago Ferreira, de pensar toda margem do rio a seguir à ponte do Raro, para montante, prolongando o corredor verde do jardim marginal em contexto que suportaria, pela sua natureza pouco impositiva, planos de água de verão, as ansiadas piscinas de verão, ideias também subscritas por outra força política, o Bloco de Esquerda, no seu manifesto eleitoral de 2013.
Logo os maiorais (os que não entendem que são as responsabilidades de uma maioria) vieram dizer, entredentes, que já têm o seu projecto para as piscinas de verão. Trata-se de uma macacada, uma espécie de bidé junto às actuais piscinas cobertas, que cobriria de vergonha todos os torrejanos.
É notável como, neste caso tão significativo para o planeamento e futuro de uma zona tão importante da cidade, sabendo-se que uma gama de opiniões e sugestões, da direita à esquerda, convergem numa zona de consenso (visão de conjunto, enquadramentos, consulta pública dos torrejanos), quem detém a maioria ignora esse manancial que é a participação e a vinculação da própria comunidade àquilo que diz respeito ao futuro da cidade, ignora e desconfia da bondade de quem dá sugestões e aponta acaminhos, ignora que está sozinha no seu isolamento autista, achamdo que pode aprisionar Torres Novas aos seus “projectozinhos” secretos que pouco devem ao planeamento e a uma visão lúcida da realidade e tudo devem ao jeitinho, ao favor, ao pedido avulso de tudo e um par de botas.
Quem governa ignora esta coisa tão simples: nas últimas eleições votaram 17 375 eleitores. Destes, 7 865 votaram no PS. Votaram noutros partidos 9 510 eleitores. A mecânica eleitoral dá, nestas circunstâncias, uma maioria absoluta de eleitos. Mas, quem sabe que na realidade a maioria dos eleitores não votou em si e votou nos outros partidos, deveria ter um pouco de humildade e respeito pelos torrejanos, por todos os torrejanos, e pela maioria dos eleitores que, repita-se, não votou no PS.
É por causa deste estilo de gestão que, estoirados os foguetes da torneira de dinheiro das últimas décadas, Torres Novas (tirando o belíssimo postal ilustrado do jardim municipal e a praça com a vista do castelo) pareça uma imunda e desgraçada terreola ao pé de Abrantes e de Tomar.
Via circular, piscinas, Fábrica Grande: isto anda tudo ligado - joão carlos lopes
Opinião » 2022-11-08 » João Carlos Lopes“Quem governa ignora esta coisa tão simples: nas últimas eleições votaram 17 375 eleitores. Destes, 7 865 votaram no PS. Votaram noutros partidos 9 510 eleitores.
Como se recorda na edição de papel deste jornal, há 20 anos o vereador do PSD, Octávio Oliveira, em sede de debate sobre a construção do viaduto de Rio Frio, dizia que a circular como prolongamento da avenida, uma circular interior, era um “erro estratégico”, e que devia optar-se pela construção de uma circular exterior, aquela que agora é uma necessidade premente. Tecnicamente, tinha razão. A provar que ninguém, seja quem for, tem razão sempre em todo o tempo, e que a razão, o bom senso e a lucidez, não dependem nem são uma emanação do voto, mesmo que amplamente maioritário.
O actual vereador do PSD, Tiago Ferreira, vem também colocar a questão, mesmo que indirectamente, porque o planeamento urbano tem de ser visto de forma integrada. Com a aquisição do edifício da antiga Fiação e Tecidos e a perspectiva de aquisição dos terrenos de Rio Frio (antiga Fábrica Nery, viaduto), estamos perante uma oportunidade de ouro para reabilitar toda a zona ribeirinha, diz Tiago Ferreira, considerando que “entre o viaduto e o centro de saúde é urgente implementar um visão estratégica para o desenvolvimento integrado e estruturado desta zona histórica, sendo fulcral envolver toda a sociedade torrejana através de uma consulta pública que permita sentir o pulsar dos torrejanos e de os envolver de uma forma plena com aquele que será um projecto que fará a diferença para a qualidade de vida de todos nós na próxima década”, acrescentando que já em 2019 o PSD defendera a abertura de uma ligação entre a rotunda dos Négreus e o centro de saúde, que permitiria tirar a pressão existente e que irá crescer significativamente sobre a rua da Fábrica.
Isto é, é impensável considerar o projecto da Fábrica Grande sem um um enquadramento mais vasto e, nomeadamente, sem ter em conta as acessibilidades. E é também inconcebível que projectos desta natureza sejam cozinhados à socapa e sem o mínimo de conhecimento e possibilidade de participação opinativa dos torrejanos, que deixam nas mãos e na cabeça de dois ou três iluminados a definição de importantes questões da nossa vida colectiva. Nunca foi visto nada assim.
A questão das piscinas de verão é outro caso paradigmático. É um assunto importante. Cidades próximas, como Santarém ou Abrantes, gizaram parques aquáticos de qualidade que são factores de atração dos residentes e povos vizinhos, como outrora acontecia com as velhas piscinas de verão de Torres Novas.
O assunto veio à baila na última reunião camarária e o vereador António Rodrigues sugeriu o terreno imenso de Rio Frio, ex-Nery, cujo imbróglio jurídico parece encaminhar-se finalmente para um fim após décadas de conflito sobre a sua a propriedade. A sugestão de Rodrigues vem de certo modo ao encontro da perspectiva de Tiago Ferreira, de pensar toda margem do rio a seguir à ponte do Raro, para montante, prolongando o corredor verde do jardim marginal em contexto que suportaria, pela sua natureza pouco impositiva, planos de água de verão, as ansiadas piscinas de verão, ideias também subscritas por outra força política, o Bloco de Esquerda, no seu manifesto eleitoral de 2013.
Logo os maiorais (os que não entendem que são as responsabilidades de uma maioria) vieram dizer, entredentes, que já têm o seu projecto para as piscinas de verão. Trata-se de uma macacada, uma espécie de bidé junto às actuais piscinas cobertas, que cobriria de vergonha todos os torrejanos.
É notável como, neste caso tão significativo para o planeamento e futuro de uma zona tão importante da cidade, sabendo-se que uma gama de opiniões e sugestões, da direita à esquerda, convergem numa zona de consenso (visão de conjunto, enquadramentos, consulta pública dos torrejanos), quem detém a maioria ignora esse manancial que é a participação e a vinculação da própria comunidade àquilo que diz respeito ao futuro da cidade, ignora e desconfia da bondade de quem dá sugestões e aponta acaminhos, ignora que está sozinha no seu isolamento autista, achamdo que pode aprisionar Torres Novas aos seus “projectozinhos” secretos que pouco devem ao planeamento e a uma visão lúcida da realidade e tudo devem ao jeitinho, ao favor, ao pedido avulso de tudo e um par de botas.
Quem governa ignora esta coisa tão simples: nas últimas eleições votaram 17 375 eleitores. Destes, 7 865 votaram no PS. Votaram noutros partidos 9 510 eleitores. A mecânica eleitoral dá, nestas circunstâncias, uma maioria absoluta de eleitos. Mas, quem sabe que na realidade a maioria dos eleitores não votou em si e votou nos outros partidos, deveria ter um pouco de humildade e respeito pelos torrejanos, por todos os torrejanos, e pela maioria dos eleitores que, repita-se, não votou no PS.
É por causa deste estilo de gestão que, estoirados os foguetes da torneira de dinheiro das últimas décadas, Torres Novas (tirando o belíssimo postal ilustrado do jardim municipal e a praça com a vista do castelo) pareça uma imunda e desgraçada terreola ao pé de Abrantes e de Tomar.
Eleições "livres"... » 2024-03-18 » Hélder Dias |
Este é o meu único mundo! - antónio mário santos » 2024-03-08 » António Mário Santos Comentava João Carlos Lopes , no último Jornal Torrejano, de 16 de Fevereiro, sob o título Este Mundo e o Outro, partindo, quer do pessimismo nostálgico do Jorge Carreira Maia (Este não é o meu mundo), quer da importância da memória, em Maria Augusta Torcato, para resistir «à névoa que provoca o esquecimento e cegueira», quer «na militância política e cívica sempre empenhada», da minha autoria, num país do salve-se quem puder e do deixa andar, sempre à espera dum messias que resolva, por qualquer gesto milagreiro, a sua raiva abafada de nunca ser outra coisa que a imagem crónica de pobreza. |
Plantação intensiva: do corte à escovinha e tudo em fila aos horizontes metalificados - maria augusta torcato » 2024-03-08 » Maria Augusta Torcato Não sei se por causa das minhas origens ou simplesmente da minha natureza, há em mim algo, muito forte, que me liga a árvores, a plantas, a flores, a animais, a espaços verdes ou amarelos e amplos ou exíguos, a serras mais ou menos elevadas, de onde as neblinas se descolam e evolam pelos céus, a pedras, pequenas ou pedregulhos, espalhadas ou juntinhas e a regatos e fontes que jorram espontaneamente. |
A crise das democracias liberais - jorge carreira maia » 2024-03-08 » Jorge Carreira Maia A crise das democracias liberais, que tanto e a tantos atormenta, pode residir num conflito entre a natureza humana e o regime democrático-liberal. Num livro de 2008, Democratic Authority – a philosophical framework, o filósofo David. |
A carne e os ossos - pedro borges ferreira » 2024-03-08 » Pedro Ferreira Existe um paternalismo naqueles que desenvolvem uma compreensão do mundo extensiva que muitas vezes não lhes permite ver os outros, quiçá a si próprios, como realmente são. A opinião pública tem sido marcada por reflexões sobre a falta de memória histórica como justificação do novo mundo intolerante que está para vir, adivinho eu, devido à intenção de voto que se espera no CHEGA. |
O Flautista de Hamelin... » 2024-02-28 » Hélder Dias |
Este mundo e o outro - joão carlos lopes » 2024-02-22 Escreve Jorge Carreira Maia, nesta edição, ter a certeza de que este mundo já não é o seu e que o mundo a que chamou seu acabou. “Não sei bem qual foi a hora em que as coisas mudaram, em que a megera da História me deixou para trás”, vai ele dizendo na suas palavras sempre lúcidas e brilhantes, concluindo que “vivemos já num mundo tenebroso, onde os clowns ainda não estão no poder, mas este já espera por eles, para que a História satisfaça a sua insaciável sede de sangue e miséria”. |
2032: a redenção do Planeta - jorge cordeiro simões » 2024-02-22 » Jorge Cordeiro Simões
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Avivar a memória - antónio gomes » 2024-02-22 » António Gomes Há dias atrás, no âmbito da pré-campanha eleitoral, visitei o lugar onde passei a maior parte da minha vida (47 anos), as oficinas da CP no Entroncamento. Não que tivesse saudades, mas o espaço, o cheiro e acima de tudo a oportunidade de rever alguns companheiros que ainda por lá se encontram, que ainda lá continuam a vender a sua força de trabalho, foi uma boa recompensa. |
Eleições, para que vos quero! - antónio mário santos » 2024-02-22 Quando me aborreço, mudo de canal. Vou seguindo os debates eleitorais televisivos, mas, saturado, opto por um filme no SYFY, onde a Humanidade tenta salvar com seus heróis americanizados da Marvel o planeta Terra, em vez de gramar as notas e as opiniões dos comentadores profissionais e partidocratas que se esfalfam na crítica ou no elogio do seu candidato de estimação. |
» 2024-02-28
» Hélder Dias
O Flautista de Hamelin... |
» 2024-03-08
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» Pedro Ferreira
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