Os professores, mais uma vez
Opinião » 2023-01-20 » Jorge Carreira Maia"AVEROMUNDO"
O mal-estar entre os docentes remonta a 2005, ao consulado de Sócrates e Lurdes Rodrigues, onde o governo de então perpetrou um conjunto de ataques à classe e à própria profissão. Vejamos os motivos do descontentamento actual.
Municipalização do ensino. Os professores temem ficar submetidos às burocracias camarárias, que passariam a superintender a educação, sem conhecimento da realidade educativa. Receiam, e muito, que os concursos de docentes se tornem municipais. A classe não confia em concursos de professores sob a alçada dos municípios.
Tempo de serviço não contado para progressão na carreira. Os professores nunca aceitaram que o tempo em que estiveram congelados não fosse contado para a sua progressão na carreira. São mais de seis anos. Os professores não pedem que lhes seja devolvido o dinheiro que foi cortado nos salários, apenas o tempo que trabalharam.
Estatuto da carreira docente. Na verdade, não há uma carreira docente. Um professor começa a carreira e acaba-a a fazer as mesmas coisas. A ideia de carreira foi um truque dos governos para evitar pagar ordenados decentes, tendo em conta a formação e o papel social dos professores, fazendo-os subir uma longa escada. Até 2005, um professor podia chegar ao escalão mais alto, se cumprisse tudo o que estava determinado, ao fim de 26 anos de profissão. Isto é, já próximo dos 50 anos. A partir de Sócrates/Lurdes Rodrigues, é aos 32 anos, embora muitos professores fiquem retidos muitos anos em dois dos escalões intermédios. A maioria não chegará perto do último escalão. Os docentes contestam também o modelo de avaliação docente, que, na opinião de muitos, é fomentador de injustiças.
Manutenção de muitos milhares de professores fora dos quadros. Apesar de as escolas estarem sempre a necessitar de professores, as vagas para aceder aos quadros abrem com muita parcimónia. Um truque para manter milhares e milhares de professores, os contratados, fora da carreira, o que implica salários ainda menores.
A concepção de escola dominante. Este não será o menor dos problemas. Aquilo que é exigido aos professores é muito mais do que ensinar alunos. Toda a vida escolar se tornou um imenso exercício de burocracia. Reuniões, planos, projectos, monitorizações, avaliações. Os professores gostariam de ensinar as suas disciplinas, mas isso é desvalorizado pelas políticas educativas. Os professores desejam concentrar-se no básico, ensinar alunos, o Ministério de Educação aposta em criar um inferno burocrático nas escolas.
Desde Sócrates e Lurdes Rodrigues que se anda nisto. António Costa e João Costa não são melhores. O desprezo dos socialistas pelos professores é total. Um dia estoira.
Os professores, mais uma vez
Opinião » 2023-01-20 » Jorge Carreira MaiaAVEROMUNDO
O mal-estar entre os docentes remonta a 2005, ao consulado de Sócrates e Lurdes Rodrigues, onde o governo de então perpetrou um conjunto de ataques à classe e à própria profissão. Vejamos os motivos do descontentamento actual.
Municipalização do ensino. Os professores temem ficar submetidos às burocracias camarárias, que passariam a superintender a educação, sem conhecimento da realidade educativa. Receiam, e muito, que os concursos de docentes se tornem municipais. A classe não confia em concursos de professores sob a alçada dos municípios.
Tempo de serviço não contado para progressão na carreira. Os professores nunca aceitaram que o tempo em que estiveram congelados não fosse contado para a sua progressão na carreira. São mais de seis anos. Os professores não pedem que lhes seja devolvido o dinheiro que foi cortado nos salários, apenas o tempo que trabalharam.
Estatuto da carreira docente. Na verdade, não há uma carreira docente. Um professor começa a carreira e acaba-a a fazer as mesmas coisas. A ideia de carreira foi um truque dos governos para evitar pagar ordenados decentes, tendo em conta a formação e o papel social dos professores, fazendo-os subir uma longa escada. Até 2005, um professor podia chegar ao escalão mais alto, se cumprisse tudo o que estava determinado, ao fim de 26 anos de profissão. Isto é, já próximo dos 50 anos. A partir de Sócrates/Lurdes Rodrigues, é aos 32 anos, embora muitos professores fiquem retidos muitos anos em dois dos escalões intermédios. A maioria não chegará perto do último escalão. Os docentes contestam também o modelo de avaliação docente, que, na opinião de muitos, é fomentador de injustiças.
Manutenção de muitos milhares de professores fora dos quadros. Apesar de as escolas estarem sempre a necessitar de professores, as vagas para aceder aos quadros abrem com muita parcimónia. Um truque para manter milhares e milhares de professores, os contratados, fora da carreira, o que implica salários ainda menores.
A concepção de escola dominante. Este não será o menor dos problemas. Aquilo que é exigido aos professores é muito mais do que ensinar alunos. Toda a vida escolar se tornou um imenso exercício de burocracia. Reuniões, planos, projectos, monitorizações, avaliações. Os professores gostariam de ensinar as suas disciplinas, mas isso é desvalorizado pelas políticas educativas. Os professores desejam concentrar-se no básico, ensinar alunos, o Ministério de Educação aposta em criar um inferno burocrático nas escolas.
Desde Sócrates e Lurdes Rodrigues que se anda nisto. António Costa e João Costa não são melhores. O desprezo dos socialistas pelos professores é total. Um dia estoira.
Eleições "livres"... » 2024-03-18 » Hélder Dias |
Este é o meu único mundo! - antónio mário santos » 2024-03-08 » António Mário Santos Comentava João Carlos Lopes , no último Jornal Torrejano, de 16 de Fevereiro, sob o título Este Mundo e o Outro, partindo, quer do pessimismo nostálgico do Jorge Carreira Maia (Este não é o meu mundo), quer da importância da memória, em Maria Augusta Torcato, para resistir «à névoa que provoca o esquecimento e cegueira», quer «na militância política e cívica sempre empenhada», da minha autoria, num país do salve-se quem puder e do deixa andar, sempre à espera dum messias que resolva, por qualquer gesto milagreiro, a sua raiva abafada de nunca ser outra coisa que a imagem crónica de pobreza. |
Plantação intensiva: do corte à escovinha e tudo em fila aos horizontes metalificados - maria augusta torcato » 2024-03-08 » Maria Augusta Torcato Não sei se por causa das minhas origens ou simplesmente da minha natureza, há em mim algo, muito forte, que me liga a árvores, a plantas, a flores, a animais, a espaços verdes ou amarelos e amplos ou exíguos, a serras mais ou menos elevadas, de onde as neblinas se descolam e evolam pelos céus, a pedras, pequenas ou pedregulhos, espalhadas ou juntinhas e a regatos e fontes que jorram espontaneamente. |
A crise das democracias liberais - jorge carreira maia » 2024-03-08 » Jorge Carreira Maia A crise das democracias liberais, que tanto e a tantos atormenta, pode residir num conflito entre a natureza humana e o regime democrático-liberal. Num livro de 2008, Democratic Authority – a philosophical framework, o filósofo David. |
A carne e os ossos - pedro borges ferreira » 2024-03-08 » Pedro Ferreira Existe um paternalismo naqueles que desenvolvem uma compreensão do mundo extensiva que muitas vezes não lhes permite ver os outros, quiçá a si próprios, como realmente são. A opinião pública tem sido marcada por reflexões sobre a falta de memória histórica como justificação do novo mundo intolerante que está para vir, adivinho eu, devido à intenção de voto que se espera no CHEGA. |
O Flautista de Hamelin... » 2024-02-28 » Hélder Dias |
Este mundo e o outro - joão carlos lopes » 2024-02-22 Escreve Jorge Carreira Maia, nesta edição, ter a certeza de que este mundo já não é o seu e que o mundo a que chamou seu acabou. “Não sei bem qual foi a hora em que as coisas mudaram, em que a megera da História me deixou para trás”, vai ele dizendo na suas palavras sempre lúcidas e brilhantes, concluindo que “vivemos já num mundo tenebroso, onde os clowns ainda não estão no poder, mas este já espera por eles, para que a História satisfaça a sua insaciável sede de sangue e miséria”. |
2032: a redenção do Planeta - jorge cordeiro simões » 2024-02-22 » Jorge Cordeiro Simões
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Avivar a memória - antónio gomes » 2024-02-22 » António Gomes Há dias atrás, no âmbito da pré-campanha eleitoral, visitei o lugar onde passei a maior parte da minha vida (47 anos), as oficinas da CP no Entroncamento. Não que tivesse saudades, mas o espaço, o cheiro e acima de tudo a oportunidade de rever alguns companheiros que ainda por lá se encontram, que ainda lá continuam a vender a sua força de trabalho, foi uma boa recompensa. |
Eleições, para que vos quero! - antónio mário santos » 2024-02-22 Quando me aborreço, mudo de canal. Vou seguindo os debates eleitorais televisivos, mas, saturado, opto por um filme no SYFY, onde a Humanidade tenta salvar com seus heróis americanizados da Marvel o planeta Terra, em vez de gramar as notas e as opiniões dos comentadores profissionais e partidocratas que se esfalfam na crítica ou no elogio do seu candidato de estimação. |
» 2024-02-28
» Hélder Dias
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» 2024-03-08
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