A histeria das eleições
Opinião » 2017-06-07 » Roberto Barata"Só numa histeria própria de uma equipa à deriva se teria a ideia de transfigurar a zona do Nogueiral"
Tem-se assistido, nos últimos meses, a uma cavalgada desgovernada de apresentação de projetos, anteprojetos, inaugurações e concursos. As eleições estão ao virar da esquina e, mais do que nunca, o executivo está em pânico para mostrar obra feita. Apesar de estarmos habituados a estes devaneios e idiossincrasias em época de eleições, nem tudo se perdoa. Chega-se ao cúmulo de reivindicar a construção do Hospital Rainha Santa Isabel como obra do PS.
A pressa e falta de rigor com que se tem forçado o avanço do PEDU são gritantes. A opinião pública foi escutada à força. Nada que impedisse o executivo de reclamar, para si, a ideia de ouvir os habitantes do concelho sobre obras que vão transfigurar a paisagem da zona urbana. Aguarda-se, pacientemente, para se conhecerem os resultados dessa consulta pública e, acima de tudo, o que vão fazer com os contributos dos munícipes.
Há 9 anos, visitei pela primeira vez a cidade de Torres Novas e apaixonei-me. A forma de estar dos torrejanos contrastava, de forma gritante, com os meus antigos hábitos de sintrense. Deixei-me levar pelo romantismo do Jardim das Rosas, pela história do castelo, pela força do Almonda e pela simpatia e simplicidade das pessoas. No entanto, chocava-me a degradação das casas no centro histórico, a falta de manutenção nas zonas circundantes do castelo e, sobretudo, a passividade com que se convivia com a poluição do rio e das ribeiras. Torres Novas parecia-me uma cidade rica em património, cheia de potencial mas que estava a ser engolida pela febre das grandes obras.
Hoje, 3 anos após ter assentado arraiais nesta bela cidade, assisto atónito ao desperdício de todo esse potencial. Ao invés de se investir no que traria qualidade de vida aqueles que aqui habitam, nos pequenos-grandes pormenores que danificam a imagem da cidade, decide-se investir milhões a conspurcar a nossa história.
Só numa histeria própria de uma equipa à deriva se teria a ideia de transfigurar a zona do Nogueiral, mesmo após a desastrosa construção do Edifício B. Neste momento, reina a ideia de que se tem pressa de mostrar o que se fez, o que não se fez e o que se acha que se quer fazer. Mas este folclore não esconde o facto de que nada liga o passado, presente e futuro desta cidade. Tudo é feito com histerismo, sem planeamento e ao sabor do vento.
Nos bancos de trás do executivo, todos gritam e ninguém tem razão. Ninguém se entende, nem quer entender. Mas, pior do que isso tudo, é que o condutor vai a dormir.
*Engenheiro químico, 28 anos,
residente em Torres Novas
A histeria das eleições
Opinião » 2017-06-07 » Roberto BarataSó numa histeria própria de uma equipa à deriva se teria a ideia de transfigurar a zona do Nogueiral
Tem-se assistido, nos últimos meses, a uma cavalgada desgovernada de apresentação de projetos, anteprojetos, inaugurações e concursos. As eleições estão ao virar da esquina e, mais do que nunca, o executivo está em pânico para mostrar obra feita. Apesar de estarmos habituados a estes devaneios e idiossincrasias em época de eleições, nem tudo se perdoa. Chega-se ao cúmulo de reivindicar a construção do Hospital Rainha Santa Isabel como obra do PS.
A pressa e falta de rigor com que se tem forçado o avanço do PEDU são gritantes. A opinião pública foi escutada à força. Nada que impedisse o executivo de reclamar, para si, a ideia de ouvir os habitantes do concelho sobre obras que vão transfigurar a paisagem da zona urbana. Aguarda-se, pacientemente, para se conhecerem os resultados dessa consulta pública e, acima de tudo, o que vão fazer com os contributos dos munícipes.
Há 9 anos, visitei pela primeira vez a cidade de Torres Novas e apaixonei-me. A forma de estar dos torrejanos contrastava, de forma gritante, com os meus antigos hábitos de sintrense. Deixei-me levar pelo romantismo do Jardim das Rosas, pela história do castelo, pela força do Almonda e pela simpatia e simplicidade das pessoas. No entanto, chocava-me a degradação das casas no centro histórico, a falta de manutenção nas zonas circundantes do castelo e, sobretudo, a passividade com que se convivia com a poluição do rio e das ribeiras. Torres Novas parecia-me uma cidade rica em património, cheia de potencial mas que estava a ser engolida pela febre das grandes obras.
Hoje, 3 anos após ter assentado arraiais nesta bela cidade, assisto atónito ao desperdício de todo esse potencial. Ao invés de se investir no que traria qualidade de vida aqueles que aqui habitam, nos pequenos-grandes pormenores que danificam a imagem da cidade, decide-se investir milhões a conspurcar a nossa história.
Só numa histeria própria de uma equipa à deriva se teria a ideia de transfigurar a zona do Nogueiral, mesmo após a desastrosa construção do Edifício B. Neste momento, reina a ideia de que se tem pressa de mostrar o que se fez, o que não se fez e o que se acha que se quer fazer. Mas este folclore não esconde o facto de que nada liga o passado, presente e futuro desta cidade. Tudo é feito com histerismo, sem planeamento e ao sabor do vento.
Nos bancos de trás do executivo, todos gritam e ninguém tem razão. Ninguém se entende, nem quer entender. Mas, pior do que isso tudo, é que o condutor vai a dormir.
*Engenheiro químico, 28 anos,
residente em Torres Novas
As eleições e o triunfo do pensamento mágico - jorge carreira maia » 2024-04-10 » Jorge Carreira Maia Existe, em Portugal, uma franja pequena do eleitorado que quer, deliberadamente, destruir a democracia, não suporta os regimes liberais, sonha com o retorno ao autoritarismo. Ao votar Chega, fá-lo racionalmente. Contudo, a explosão do eleitorado do partido de André Ventura não se explica por esse tipo de eleitores. |
Eleições "livres"... » 2024-03-18 » Hélder Dias |
Este é o meu único mundo! - antónio mário santos » 2024-03-08 » António Mário Santos Comentava João Carlos Lopes , no último Jornal Torrejano, de 16 de Fevereiro, sob o título Este Mundo e o Outro, partindo, quer do pessimismo nostálgico do Jorge Carreira Maia (Este não é o meu mundo), quer da importância da memória, em Maria Augusta Torcato, para resistir «à névoa que provoca o esquecimento e cegueira», quer «na militância política e cívica sempre empenhada», da minha autoria, num país do salve-se quem puder e do deixa andar, sempre à espera dum messias que resolva, por qualquer gesto milagreiro, a sua raiva abafada de nunca ser outra coisa que a imagem crónica de pobreza. |
Plantação intensiva: do corte à escovinha e tudo em fila aos horizontes metalificados - maria augusta torcato » 2024-03-08 » Maria Augusta Torcato Não sei se por causa das minhas origens ou simplesmente da minha natureza, há em mim algo, muito forte, que me liga a árvores, a plantas, a flores, a animais, a espaços verdes ou amarelos e amplos ou exíguos, a serras mais ou menos elevadas, de onde as neblinas se descolam e evolam pelos céus, a pedras, pequenas ou pedregulhos, espalhadas ou juntinhas e a regatos e fontes que jorram espontaneamente. |
A crise das democracias liberais - jorge carreira maia » 2024-03-08 » Jorge Carreira Maia A crise das democracias liberais, que tanto e a tantos atormenta, pode residir num conflito entre a natureza humana e o regime democrático-liberal. Num livro de 2008, Democratic Authority – a philosophical framework, o filósofo David. |
A carne e os ossos - pedro borges ferreira » 2024-03-08 » Pedro Ferreira Existe um paternalismo naqueles que desenvolvem uma compreensão do mundo extensiva que muitas vezes não lhes permite ver os outros, quiçá a si próprios, como realmente são. A opinião pública tem sido marcada por reflexões sobre a falta de memória histórica como justificação do novo mundo intolerante que está para vir, adivinho eu, devido à intenção de voto que se espera no CHEGA. |
O Flautista de Hamelin... » 2024-02-28 » Hélder Dias |
Este mundo e o outro - joão carlos lopes » 2024-02-22 Escreve Jorge Carreira Maia, nesta edição, ter a certeza de que este mundo já não é o seu e que o mundo a que chamou seu acabou. “Não sei bem qual foi a hora em que as coisas mudaram, em que a megera da História me deixou para trás”, vai ele dizendo na suas palavras sempre lúcidas e brilhantes, concluindo que “vivemos já num mundo tenebroso, onde os clowns ainda não estão no poder, mas este já espera por eles, para que a História satisfaça a sua insaciável sede de sangue e miséria”. |
2032: a redenção do Planeta - jorge cordeiro simões » 2024-02-22 » Jorge Cordeiro Simões
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Avivar a memória - antónio gomes » 2024-02-22 » António Gomes Há dias atrás, no âmbito da pré-campanha eleitoral, visitei o lugar onde passei a maior parte da minha vida (47 anos), as oficinas da CP no Entroncamento. Não que tivesse saudades, mas o espaço, o cheiro e acima de tudo a oportunidade de rever alguns companheiros que ainda por lá se encontram, que ainda lá continuam a vender a sua força de trabalho, foi uma boa recompensa. |
» 2024-04-10
» Jorge Carreira Maia
As eleições e o triunfo do pensamento mágico - jorge carreira maia |