A questão ambiental
Opinião » 2019-12-07 » Jorge Carreira Maia"Seja humana ou natural a causa dos actuais problemas climáticos, os imperativos políticos e éticos são os mesmos e devem assentar na ideia de prudência."
A generalidade dos cidadãos, onde se incluem as elites políticas, não tem qualquer capacidade para julgar se as alterações climáticas em curso são de origem humana ou se são apenas efeitos de uma alteração do clima que ocorre independentemente das acções humanas. A questão é fundamental. Se as alterações climáticas não são de origem humana, poder-se-á argumentar, como o fazem certos sectores, que toda a preocupação é inútil. Se, pelo contrário, as alterações climáticas tiverem origem na acção do homem a partir da Revolução Industrial, há a esperança de, alterando o comportamento humano, impedir um desfecho trágico para a existência do homem na Terra.
Um argumento a favor da crença de que as alterações climáticas actuais são de origem humana é o facto de grande parte dos cientistas que trabalham sobre o clima terem essa perspectiva. Existem também cientistas com opinião contrária, mas são largamente minoritários. Um segundo argumento está ligado às motivações dos negacionistas que, devido a interesses particulares, tendem a negar a realidade. Isso passou-se noutras alturas e o caso mais conhecido é o da indústria do tabaco que, quando a ciência começou a estabelecer a relação entre o fumo e o cancro de pulmão, lançou uma estratégia para criar uma dúvida persistente na opinião pública. A negação relativamente ao clima seria também uma criação dos chamados mercadores da dúvida, os quais operam para desacreditar o trabalho científico aos olhos do público, permitindo às indústrias poluentes continuarem a não ser incomodadas.
Não são precisos, porém, nenhum destes dois argumentos para defender uma radical alteração das políticas e dos comportamentos relativamente ao clima. Podemos admitir que existe grande incerteza sobre se as actuais alterações do clima se devem ao homem ou se decorrem da própria natureza. Essa incerteza basta para que os seres humanos e os dirigentes políticos ajam com prudência, o que significa alterar o nosso modo de vida e ter políticas adequadas a essa alteração. Essa prudência tem uma dupla vantagem. Caso as alterações climáticas sejam de origem humana, a prudência poderá evitar a tragédia que se anuncia. Se as alterações climáticas forem de origem natural, a prudência ajudará a minimizar os efeitos em vez de os agravar. Do ponto de vista político e ético, é indiferente se possuímos uma teoria fortemente corroborada da origem humana das alterações do clima (como parece ser o caso) ou se há uma grande incerteza científica sobre a origem dessas alterações (como pretendem os negacionistas). Os imperativos práticos são os mesmos.
A questão ambiental
Opinião » 2019-12-07 » Jorge Carreira MaiaSeja humana ou natural a causa dos actuais problemas climáticos, os imperativos políticos e éticos são os mesmos e devem assentar na ideia de prudência.
A generalidade dos cidadãos, onde se incluem as elites políticas, não tem qualquer capacidade para julgar se as alterações climáticas em curso são de origem humana ou se são apenas efeitos de uma alteração do clima que ocorre independentemente das acções humanas. A questão é fundamental. Se as alterações climáticas não são de origem humana, poder-se-á argumentar, como o fazem certos sectores, que toda a preocupação é inútil. Se, pelo contrário, as alterações climáticas tiverem origem na acção do homem a partir da Revolução Industrial, há a esperança de, alterando o comportamento humano, impedir um desfecho trágico para a existência do homem na Terra.
Um argumento a favor da crença de que as alterações climáticas actuais são de origem humana é o facto de grande parte dos cientistas que trabalham sobre o clima terem essa perspectiva. Existem também cientistas com opinião contrária, mas são largamente minoritários. Um segundo argumento está ligado às motivações dos negacionistas que, devido a interesses particulares, tendem a negar a realidade. Isso passou-se noutras alturas e o caso mais conhecido é o da indústria do tabaco que, quando a ciência começou a estabelecer a relação entre o fumo e o cancro de pulmão, lançou uma estratégia para criar uma dúvida persistente na opinião pública. A negação relativamente ao clima seria também uma criação dos chamados mercadores da dúvida, os quais operam para desacreditar o trabalho científico aos olhos do público, permitindo às indústrias poluentes continuarem a não ser incomodadas.
Não são precisos, porém, nenhum destes dois argumentos para defender uma radical alteração das políticas e dos comportamentos relativamente ao clima. Podemos admitir que existe grande incerteza sobre se as actuais alterações do clima se devem ao homem ou se decorrem da própria natureza. Essa incerteza basta para que os seres humanos e os dirigentes políticos ajam com prudência, o que significa alterar o nosso modo de vida e ter políticas adequadas a essa alteração. Essa prudência tem uma dupla vantagem. Caso as alterações climáticas sejam de origem humana, a prudência poderá evitar a tragédia que se anuncia. Se as alterações climáticas forem de origem natural, a prudência ajudará a minimizar os efeitos em vez de os agravar. Do ponto de vista político e ético, é indiferente se possuímos uma teoria fortemente corroborada da origem humana das alterações do clima (como parece ser o caso) ou se há uma grande incerteza científica sobre a origem dessas alterações (como pretendem os negacionistas). Os imperativos práticos são os mesmos.
Eleições "livres"... » 2024-03-18 » Hélder Dias |
Este é o meu único mundo! - antónio mário santos » 2024-03-08 » António Mário Santos Comentava João Carlos Lopes , no último Jornal Torrejano, de 16 de Fevereiro, sob o título Este Mundo e o Outro, partindo, quer do pessimismo nostálgico do Jorge Carreira Maia (Este não é o meu mundo), quer da importância da memória, em Maria Augusta Torcato, para resistir «à névoa que provoca o esquecimento e cegueira», quer «na militância política e cívica sempre empenhada», da minha autoria, num país do salve-se quem puder e do deixa andar, sempre à espera dum messias que resolva, por qualquer gesto milagreiro, a sua raiva abafada de nunca ser outra coisa que a imagem crónica de pobreza. |
Plantação intensiva: do corte à escovinha e tudo em fila aos horizontes metalificados - maria augusta torcato » 2024-03-08 » Maria Augusta Torcato Não sei se por causa das minhas origens ou simplesmente da minha natureza, há em mim algo, muito forte, que me liga a árvores, a plantas, a flores, a animais, a espaços verdes ou amarelos e amplos ou exíguos, a serras mais ou menos elevadas, de onde as neblinas se descolam e evolam pelos céus, a pedras, pequenas ou pedregulhos, espalhadas ou juntinhas e a regatos e fontes que jorram espontaneamente. |
A crise das democracias liberais - jorge carreira maia » 2024-03-08 » Jorge Carreira Maia A crise das democracias liberais, que tanto e a tantos atormenta, pode residir num conflito entre a natureza humana e o regime democrático-liberal. Num livro de 2008, Democratic Authority – a philosophical framework, o filósofo David. |
A carne e os ossos - pedro borges ferreira » 2024-03-08 » Pedro Ferreira Existe um paternalismo naqueles que desenvolvem uma compreensão do mundo extensiva que muitas vezes não lhes permite ver os outros, quiçá a si próprios, como realmente são. A opinião pública tem sido marcada por reflexões sobre a falta de memória histórica como justificação do novo mundo intolerante que está para vir, adivinho eu, devido à intenção de voto que se espera no CHEGA. |
O Flautista de Hamelin... » 2024-02-28 » Hélder Dias |
Este mundo e o outro - joão carlos lopes » 2024-02-22 Escreve Jorge Carreira Maia, nesta edição, ter a certeza de que este mundo já não é o seu e que o mundo a que chamou seu acabou. “Não sei bem qual foi a hora em que as coisas mudaram, em que a megera da História me deixou para trás”, vai ele dizendo na suas palavras sempre lúcidas e brilhantes, concluindo que “vivemos já num mundo tenebroso, onde os clowns ainda não estão no poder, mas este já espera por eles, para que a História satisfaça a sua insaciável sede de sangue e miséria”. |
2032: a redenção do Planeta - jorge cordeiro simões » 2024-02-22 » Jorge Cordeiro Simões
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Avivar a memória - antónio gomes » 2024-02-22 » António Gomes Há dias atrás, no âmbito da pré-campanha eleitoral, visitei o lugar onde passei a maior parte da minha vida (47 anos), as oficinas da CP no Entroncamento. Não que tivesse saudades, mas o espaço, o cheiro e acima de tudo a oportunidade de rever alguns companheiros que ainda por lá se encontram, que ainda lá continuam a vender a sua força de trabalho, foi uma boa recompensa. |
Eleições, para que vos quero! - antónio mário santos » 2024-02-22 Quando me aborreço, mudo de canal. Vou seguindo os debates eleitorais televisivos, mas, saturado, opto por um filme no SYFY, onde a Humanidade tenta salvar com seus heróis americanizados da Marvel o planeta Terra, em vez de gramar as notas e as opiniões dos comentadores profissionais e partidocratas que se esfalfam na crítica ou no elogio do seu candidato de estimação. |
» 2024-02-28
» Hélder Dias
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» 2024-03-08
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