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Ao trabalho. Ao trabalho. Ao trabalho, ao trabalho. - carlos paiva

Opinião  »  2021-07-17  »  Carlos Paiva

"A realidade é incompatível com as alarvidades egocêntricas propagandeadas pelos políticos locais que se vão cobrindo de ridículo cada vez que números oficiais são divulgados."

 

 Recentemente um amigo, empresário em Torres Novas, telefonou-me. Precisava de contratar um recurso com competências altamente especializadas e perfil adequado ao projecto empresarial que lidera. Não oferecia trabalho mal pago, precário, temporário, nem tampouco uma posição congelada no tempo, sem possibilidade de evolução. Por todos os parâmetros, era uma boa oferta. Perguntou se eu conhecia alguém com as características pretendidas. Respondi-lhe que sim. Vários até. Pelas linhas orientadoras que enumerou, seria um jovem, com formação específica, em início de vida, com um futuro a construir e disposto a lutar por isso. Mas, havia um problema. Como vou eu convencer um jovem, com formação académica e em início de vida, a abandonar Lisboa, Aveiro, Coimbra, Viseu, para ir viver em Torres Novas? Fez-se silêncio do outro lado da linha. Passado uns segundos, o meu amigo replicou: Pois é…Tens razão.

Os números provisórios dos censos revelam que a tendência para o êxodo se mantém. O número de habitantes do concelho continua a descer. Apesar da cortina de fumo que os autarcas e candidatos a autarcas descem sobre o tema, a vida real não se compadece com histórias. Admitindo uma média de 4 pessoas por família, só em Torres Novas desapareceram 200 famílias. São 200 casas que não se alugam ou compram, 800 consumidores que foram gastar o seu dinheiro para outro lado, 400 alunos que foram frequentar outras escolas. Isto com números arredondados para baixo. Desengane-se quem quiser camuflar esta verdade justificando-a com o envelhecimento da população. Basta consultar o número oficial de partos, que está a subir. Mesmo dando o devido desconto a parturientes oriundas de fora da área de abrangência do CHMT.

A criação de postos de trabalho por cativação de novas empresas para o concelho não é, como ilustra o episódio (real) que descrevo atrás, o único problema, a única dificuldade. É todo um contexto estrutural, social, cultural, deficitário que não atrai, não convida. Aliás, como os números revelam: repele. Algo está mal, algo continua mal. A solução para as empresas, públicas e privadas, ultrapassarem este problema e continuarem a operar é… pagar salários acima da média, com tudo o que isso acarreta para a salubridade do empregador. Mesmo assim, o grosso da coluna dos recursos que aceitam o desafio, prefere gastar o incentivo extra em deslocações, mantendo-se a habitar na sua localidade de origem.

A realidade é incompatível com as alarvidades egocêntricas propagandeadas pelos políticos locais que se vão cobrindo de ridículo cada vez que números oficiais são divulgados. Como foi o caso da redução de IMI, onde Torres Novas se destaca pela negativa, contrariando a pomposa comunicação oficial do presidente da câmara. Outro exemplo que ilustra a imagem caótica que se está a passar para o cidadão comum, é a presença virtual da Biblioteca Municipal na Internet, mais concretamente na rede social Facebook. Tem página institucional, onde quem quiser bota um “like” ou clica no “seguir esta página”, mas também tem perfil pessoal, cuja interação se processa pelo “pedido de amizade” que pode ou não ser aceite pelo destinatário. Deduzo que a criação do perfil pessoal precedeu a criação da página institucional, tornando o perfil pessoal obsoleto. Mas ninguém o removeu e continua activo. Pedi amizade em 2018, ainda estou à espera.

Eu, cidadão comum, que devo concluir? Problemas sérios requerem uma abordagem séria, por gente séria. Assim, é palhaçada. O exemplo vem de cima, refletindo-se directa ou indirectamente em toda a estrutura, nos elementos institucionais que a compõem e em última análise, nas pessoas. Convém não esquecer que as pessoas são a razão de ser das instituições, públicas e privadas e não o circo. Circo é entretenimento. De gosto questionável.

 


“A realidade é incompatível com as alarvidades egocêntricas propagandeadas pelos políticos locais que se vão cobrindo de ridículo cada vez que números oficiais são divulgados.

 

 

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