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Venha daí um refrigerante fresquinho!

Opinião  »  2018-10-12  »  Miguel Sentieiro

"Vou ali beber um sumol fresquinho, que não há maneira de baixarem as temperaturas..."

Sumol é um dos actuais alvos da implacável máquina fiscal. Essa refrescante bebida de laranja, com bolhinhas, que nos alivia o calor no pingo do verão, afinal é um vilão cheio de sacarose para nos envenenar. Parece que o gangue dos refrigerantes se juntou para assaltar a nossa preciosa saúde. Vai daí, o justiceiro do bem estar, pegou nas suas armas fiscais e tratou de disparar taxas sobre as frescas coca-colas, as apetecíveis 7-ups, os espalhafatosos Ice teas, os lusitanos frisumos. O açúcar faz mal aos dentes e à diabetes e parece que essas bebidas refrigerantes têm carradas dele. Não pode ser; tomem um agravamento de impostos que é p’ra aprenderem a ser saudáveis. Assim, as pessoas já não consumirão essas maléficas bebidas açucaradas e virar-se-ão para os batidos de beterraba, rúcula e cenoura, se possível biológicos.

Fico contente por os órgãos decisores tributários pensarem de forma tão afectiva e preocupada no nosso bem estar. Esta decisão vem na sequência dos quase imperceptíveis aumentos de impostos no global plano de profilaxia da saúde dos portugueses. A gasolina é a mais cara da Europa, porquê? Porque os impostos colocados no combustível são também os maiores da Europa, a bem da saúde geral. O portuga andará menos de carro, como tal fará mais atividade física, logo ficará mais saudável. Mas eu trabalho a 80 km de casa!?...logo ficará ainda com mais saúde, podendo dedicar-se ao ciclismo de longa distância. Se não tem bicicleta, burro ou uma motoreta movida a painéis solares, pode ir de carro, sabendo que não lhe sobrará muito dinheiro para gastar em bebidas açucaradas e continuará cheio de saúde. Mas espera aí, a beterraba e aquela erva, a rúcula, também não estão pela hora da morte?...

No meio da discussão dos impostos sobre os refrigerantes e da saúde pública, apareceu a notícia (um pouco menos relevante) da substituição da procuradora geral da República, Joana Marques Vidal. Parece que ela estaria a “tratar da saúde” de algumas deprimentes e corruptas personagens deste país, até então intocáveis, e foi aí que o equívoco surgiu: “Tratar da saúde dos bandidos? Temos é de tratar da saúde dos portugueses, pá! Ainda ontem estive com o meu Rafael cinco horas à espera na urgência do hospital de Santa Maria! Uma vergonha! Deixem lá esses malandros e pensem nos mais desfavorecidos, caneco!”. Quando alguém quis explicar que “tratar da saúde” pode apresentar-se como uma forma de expressão idiomática, podendo significar “tratar de meter na choldra a bandidagem”, do outro lado, confundiu-se com o “tratar da saúde do doente com amigdalite, no consultório médico”.

Mudou-se a procuradora e o tal juiz, Carlos Alexandre, este último uma espécie de força especial no tratamento da saúde da apavorada bandidagem. Parece assim que a bandidagem, agora, possa tratar da sua saúde à vontade (sem expressão idiomática) e continuar a tratar da saúde dos portugueses (de forma violentamente idiomática) se possível com a falência de mais uns quantos bancos e o aluguer de casas em Paris, com dinheiros provenientes da saúde de outros. É que os marqueses do processo são muitos e parecem ter uma saúde férrea. Sinto que a minha saúde está bem entregue, ou antes, tratada, pelo outro juiz eleito por sorteio informático à terceira tentativa (problemas de saúde do computador?), que parece ter o historial e as ferramentas necessárias para tratar da saúde (idiomática) dos dossiers mais complexos e remetê-los para a reciclagem dos resíduos “hospitalares judiciais”.

Uma coisa é certa: enquanto assisto a esta preocupação comovente com a nossa saúde colectiva, vou ali beber um sumol fresquinho, que não há maneira de baixarem as temperaturas, e assim, no caso de me tratarem de vez da saúde, não correrei o risco de estar a digerir um saudável sumo de beterraba com rúcula.

 

 

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