Agências de rating
Opinião » 2017-09-21 » Jorge Carreira Maia"Do ponto de vista político, a moralidade ou a imoralidade das agências de rating é um problema inútil. Não temos capacidade nem autonomia para viver sem esse juízo."
Há uma tendência – à esquerda do PS – para censurar continuamente as agências de rating e o papel que elas têm tido na dívida portuguesa. E como consequência dessa censura dizer-se que as avaliações delas não devem ser tidas em conta, o que interessa é a vida dos portugueses e não a opinião de agências de especuladores. Ora é aqui que devemos perceber a distinção entre o que a realidade é e aquilo que deveria ser.
Podemos questionar a moralidade ou não destas agências de rating. Ao olharmos para a sua história e para muitas das suas decisões, ficamos convencidos de que o mundo seria, na verdade, um sítio melhor se elas não existissem. Desconfiamos também que as suas decisões arbitrárias prejudicaram o país e os portugueses. Em resumo, do ponto de vista moral não é errado, antes pelo contrário, censurar as agências de rating e o seu papel.
Se isso não é errado, será correcto dizer que Portugal e os portugueses não devem prestar atenção aos juízos dessas agências? A resposta a esta pergunta é composta por duas outras perguntas. Portugal poderá sobreviver com avaliações muito negativas dessas agências? Os portugueses e as empresas nacionais poderiam viver melhor sem uma avaliação positiva da nossa dívida por parte dessas agências? A resposta a estas duas perguntas é uma só: não. Nem o país, nem os portugueses, nem as empresas portuguesas têm independência suficiente para serem indiferentes ao juízo desses agências.
Do ponto de vista político, a moralidade ou a imoralidade das agências de rating é um problema inútil. Não temos capacidade nem autonomia para viver sem esse juízo. Ele é-nos imposto tal como os fenómenos naturais. Por muito que protestemos, os dias de calor são dias de calor e os dias de frio são dias de frio. Quando se diz que o facto da agência Standard & Poor’s ter tirado a dívida portuguesa da categoria de lixo (uma metáfora que quer dizer mau investimento) não é muito importante e que Portugal não pode depender dessas agências para tomar decisões, está-se a mentir deliberadamente e a vender uma ilusão.
Não temos poder para manipular o clima, para evitar os dias de calor ou os dias de frio, mas podemos protegermo-nos do calor e do frio. Também não temos poder para nos libertar das agências de rating, mas podemos protegermo-nos delas. Como? Controlando o défice público (e o privado), não gastando mais do que é possível, gerindo com rigor a fazenda pública e pagando a dívida para nos irmos libertando dela. Não há outro caminho para nos protegermos da falta de moral das agências de rating. E é isso que todos devemos exigir que aconteça e não semear a ilusão de que não dependemos delas.
Agências de rating
Opinião » 2017-09-21 » Jorge Carreira MaiaDo ponto de vista político, a moralidade ou a imoralidade das agências de rating é um problema inútil. Não temos capacidade nem autonomia para viver sem esse juízo.
Há uma tendência – à esquerda do PS – para censurar continuamente as agências de rating e o papel que elas têm tido na dívida portuguesa. E como consequência dessa censura dizer-se que as avaliações delas não devem ser tidas em conta, o que interessa é a vida dos portugueses e não a opinião de agências de especuladores. Ora é aqui que devemos perceber a distinção entre o que a realidade é e aquilo que deveria ser.
Podemos questionar a moralidade ou não destas agências de rating. Ao olharmos para a sua história e para muitas das suas decisões, ficamos convencidos de que o mundo seria, na verdade, um sítio melhor se elas não existissem. Desconfiamos também que as suas decisões arbitrárias prejudicaram o país e os portugueses. Em resumo, do ponto de vista moral não é errado, antes pelo contrário, censurar as agências de rating e o seu papel.
Se isso não é errado, será correcto dizer que Portugal e os portugueses não devem prestar atenção aos juízos dessas agências? A resposta a esta pergunta é composta por duas outras perguntas. Portugal poderá sobreviver com avaliações muito negativas dessas agências? Os portugueses e as empresas nacionais poderiam viver melhor sem uma avaliação positiva da nossa dívida por parte dessas agências? A resposta a estas duas perguntas é uma só: não. Nem o país, nem os portugueses, nem as empresas portuguesas têm independência suficiente para serem indiferentes ao juízo desses agências.
Do ponto de vista político, a moralidade ou a imoralidade das agências de rating é um problema inútil. Não temos capacidade nem autonomia para viver sem esse juízo. Ele é-nos imposto tal como os fenómenos naturais. Por muito que protestemos, os dias de calor são dias de calor e os dias de frio são dias de frio. Quando se diz que o facto da agência Standard & Poor’s ter tirado a dívida portuguesa da categoria de lixo (uma metáfora que quer dizer mau investimento) não é muito importante e que Portugal não pode depender dessas agências para tomar decisões, está-se a mentir deliberadamente e a vender uma ilusão.
Não temos poder para manipular o clima, para evitar os dias de calor ou os dias de frio, mas podemos protegermo-nos do calor e do frio. Também não temos poder para nos libertar das agências de rating, mas podemos protegermo-nos delas. Como? Controlando o défice público (e o privado), não gastando mais do que é possível, gerindo com rigor a fazenda pública e pagando a dívida para nos irmos libertando dela. Não há outro caminho para nos protegermos da falta de moral das agências de rating. E é isso que todos devemos exigir que aconteça e não semear a ilusão de que não dependemos delas.
Eleições "livres"... » 2024-03-18 » Hélder Dias |
Este é o meu único mundo! - antónio mário santos » 2024-03-08 » António Mário Santos Comentava João Carlos Lopes , no último Jornal Torrejano, de 16 de Fevereiro, sob o título Este Mundo e o Outro, partindo, quer do pessimismo nostálgico do Jorge Carreira Maia (Este não é o meu mundo), quer da importância da memória, em Maria Augusta Torcato, para resistir «à névoa que provoca o esquecimento e cegueira», quer «na militância política e cívica sempre empenhada», da minha autoria, num país do salve-se quem puder e do deixa andar, sempre à espera dum messias que resolva, por qualquer gesto milagreiro, a sua raiva abafada de nunca ser outra coisa que a imagem crónica de pobreza. |
Plantação intensiva: do corte à escovinha e tudo em fila aos horizontes metalificados - maria augusta torcato » 2024-03-08 » Maria Augusta Torcato Não sei se por causa das minhas origens ou simplesmente da minha natureza, há em mim algo, muito forte, que me liga a árvores, a plantas, a flores, a animais, a espaços verdes ou amarelos e amplos ou exíguos, a serras mais ou menos elevadas, de onde as neblinas se descolam e evolam pelos céus, a pedras, pequenas ou pedregulhos, espalhadas ou juntinhas e a regatos e fontes que jorram espontaneamente. |
A crise das democracias liberais - jorge carreira maia » 2024-03-08 » Jorge Carreira Maia A crise das democracias liberais, que tanto e a tantos atormenta, pode residir num conflito entre a natureza humana e o regime democrático-liberal. Num livro de 2008, Democratic Authority – a philosophical framework, o filósofo David. |
A carne e os ossos - pedro borges ferreira » 2024-03-08 » Pedro Ferreira Existe um paternalismo naqueles que desenvolvem uma compreensão do mundo extensiva que muitas vezes não lhes permite ver os outros, quiçá a si próprios, como realmente são. A opinião pública tem sido marcada por reflexões sobre a falta de memória histórica como justificação do novo mundo intolerante que está para vir, adivinho eu, devido à intenção de voto que se espera no CHEGA. |
O Flautista de Hamelin... » 2024-02-28 » Hélder Dias |
Este mundo e o outro - joão carlos lopes » 2024-02-22 Escreve Jorge Carreira Maia, nesta edição, ter a certeza de que este mundo já não é o seu e que o mundo a que chamou seu acabou. “Não sei bem qual foi a hora em que as coisas mudaram, em que a megera da História me deixou para trás”, vai ele dizendo na suas palavras sempre lúcidas e brilhantes, concluindo que “vivemos já num mundo tenebroso, onde os clowns ainda não estão no poder, mas este já espera por eles, para que a História satisfaça a sua insaciável sede de sangue e miséria”. |
2032: a redenção do Planeta - jorge cordeiro simões » 2024-02-22 » Jorge Cordeiro Simões
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Avivar a memória - antónio gomes » 2024-02-22 » António Gomes Há dias atrás, no âmbito da pré-campanha eleitoral, visitei o lugar onde passei a maior parte da minha vida (47 anos), as oficinas da CP no Entroncamento. Não que tivesse saudades, mas o espaço, o cheiro e acima de tudo a oportunidade de rever alguns companheiros que ainda por lá se encontram, que ainda lá continuam a vender a sua força de trabalho, foi uma boa recompensa. |
Eleições, para que vos quero! - antónio mário santos » 2024-02-22 Quando me aborreço, mudo de canal. Vou seguindo os debates eleitorais televisivos, mas, saturado, opto por um filme no SYFY, onde a Humanidade tenta salvar com seus heróis americanizados da Marvel o planeta Terra, em vez de gramar as notas e as opiniões dos comentadores profissionais e partidocratas que se esfalfam na crítica ou no elogio do seu candidato de estimação. |
» 2024-02-28
» Hélder Dias
O Flautista de Hamelin... |
» 2024-03-08
» Maria Augusta Torcato
Plantação intensiva: do corte à escovinha e tudo em fila aos horizontes metalificados - maria augusta torcato |
» 2024-03-18
» Hélder Dias
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» 2024-03-08
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» Pedro Ferreira
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