Protectorado
Opinião » 2018-08-16 » Jorge Carreira Maia"Os que governam tentam não fazer muitos erros, as oposições – actuais ou anteriores – vivem de casos, enquanto as instituições internacionais tomam conta de nós."
O Verão teve, até agora, dois acontecimentos políticos maiores. O caso Robles e o fogo de Monchique. Maiores para os mass media e para uma certa direita social. Por direita social não me refiro aos partidos políticos de direita, os quais não estiveram particularmente mal em ambos os casos, mas àqueles que se manifestam nas redes sociais, nas caixas de comentários dos jornais online, que surgem como espontâneos nos directos das televisões, isto é, a uma militância informe, mas muito activa, que vive despeitada pelos seus não estarem no governo.
A importância dada ao vereador Robles é extraordinária. Nem no Bloco de Esquerda era personagem de primeiro plano. E cometeu ele um crime? Parece que a única coisa que fez foi tirar partido legal de decisões provenientes do anterior governo e, ao fazê-lo, entrou em contradição com o que andou a apregoar para se eleger. O que é espantoso não é que um vereador do BE tenha um comportamento político venal e entre em contradição. Espantosa é a importância que os mass media e a direita social deram a uma personagem de quinta categoria no panorama da política nacional, que nem sequer cometeu um crime ou prejudicou o Estado.
O caso do incêndio de Monchique chegou ao caricato de se perceber uma ânsia mal disfarçada para que houvesse uma grande tragédia. A partir do que aconteceu no ano passado, há sectores que vêem em cada incêndio que se descontrola uma ocasião para disparar sobre o governo. Quanto mais trágico for um incêndio, melhor. Os governantes vivem numa espécie de terror. Se estão em silêncio, é porque estão em silêncio. Se falam, é porque falam. Digam o que disserem, será sempre montada uma campanha contra eles a partir de palavras descontextualizadas. O problema disto não reside nos ataques a Robles ou ao governo. Está no que esses ataques ocultam.
Há umas semanas escrevi que as esquerdas não tinham um programa para o país. A virulência do ataque a Robles e ao governo, no caso de Monchique, mostra que também a direita não tem uma ideia para Portugal. Os partidos políticos de direita não têm nada para oferecer aos seus eleitores. Parte destes, perante o vazio, vive de casos e de ressentimento. A importância dada a Robles e a Monchique são sinais de que na direita faltam causas substanciais. Na verdade, nem à esquerda nem à direita existe qualquer ideia sólida e mobilizadora. Os que governam tentam não fazer muitos erros, as oposições – actuais ou anteriores – vivem de casos, enquanto as instituições internacionais tomam conta de nós. Foi a isto que Paulo Portas chamou protectorado.
Protectorado
Opinião » 2018-08-16 » Jorge Carreira MaiaOs que governam tentam não fazer muitos erros, as oposições – actuais ou anteriores – vivem de casos, enquanto as instituições internacionais tomam conta de nós.
O Verão teve, até agora, dois acontecimentos políticos maiores. O caso Robles e o fogo de Monchique. Maiores para os mass media e para uma certa direita social. Por direita social não me refiro aos partidos políticos de direita, os quais não estiveram particularmente mal em ambos os casos, mas àqueles que se manifestam nas redes sociais, nas caixas de comentários dos jornais online, que surgem como espontâneos nos directos das televisões, isto é, a uma militância informe, mas muito activa, que vive despeitada pelos seus não estarem no governo.
A importância dada ao vereador Robles é extraordinária. Nem no Bloco de Esquerda era personagem de primeiro plano. E cometeu ele um crime? Parece que a única coisa que fez foi tirar partido legal de decisões provenientes do anterior governo e, ao fazê-lo, entrou em contradição com o que andou a apregoar para se eleger. O que é espantoso não é que um vereador do BE tenha um comportamento político venal e entre em contradição. Espantosa é a importância que os mass media e a direita social deram a uma personagem de quinta categoria no panorama da política nacional, que nem sequer cometeu um crime ou prejudicou o Estado.
O caso do incêndio de Monchique chegou ao caricato de se perceber uma ânsia mal disfarçada para que houvesse uma grande tragédia. A partir do que aconteceu no ano passado, há sectores que vêem em cada incêndio que se descontrola uma ocasião para disparar sobre o governo. Quanto mais trágico for um incêndio, melhor. Os governantes vivem numa espécie de terror. Se estão em silêncio, é porque estão em silêncio. Se falam, é porque falam. Digam o que disserem, será sempre montada uma campanha contra eles a partir de palavras descontextualizadas. O problema disto não reside nos ataques a Robles ou ao governo. Está no que esses ataques ocultam.
Há umas semanas escrevi que as esquerdas não tinham um programa para o país. A virulência do ataque a Robles e ao governo, no caso de Monchique, mostra que também a direita não tem uma ideia para Portugal. Os partidos políticos de direita não têm nada para oferecer aos seus eleitores. Parte destes, perante o vazio, vive de casos e de ressentimento. A importância dada a Robles e a Monchique são sinais de que na direita faltam causas substanciais. Na verdade, nem à esquerda nem à direita existe qualquer ideia sólida e mobilizadora. Os que governam tentam não fazer muitos erros, as oposições – actuais ou anteriores – vivem de casos, enquanto as instituições internacionais tomam conta de nós. Foi a isto que Paulo Portas chamou protectorado.
Caminho de Abril - maria augusta torcato » 2024-04-22 » Maria Augusta Torcato Olho para o meu caminho e fico contente. Acho mesmo que fiz o caminho de Abril. O caminho que Abril representa. No entanto, a realidade atual e os desafios diários levam-me a desejar muito que este caminho não seja esquecido, não por querer que ele se repita, mas para não nos darmos conta, quase sem tempo de manteiga nos dentes, que estamos, outra vez, lá muito atrás e há que fazer de novo o caminho com tudo o que isso implica e que hoje seria incompreensível e inaceitável. |
As eleições e o triunfo do pensamento mágico - jorge carreira maia » 2024-04-10 » Jorge Carreira Maia Existe, em Portugal, uma franja pequena do eleitorado que quer, deliberadamente, destruir a democracia, não suporta os regimes liberais, sonha com o retorno ao autoritarismo. Ao votar Chega, fá-lo racionalmente. Contudo, a explosão do eleitorado do partido de André Ventura não se explica por esse tipo de eleitores. |
Eleições "livres"... » 2024-03-18 » Hélder Dias |
Este é o meu único mundo! - antónio mário santos » 2024-03-08 » António Mário Santos Comentava João Carlos Lopes , no último Jornal Torrejano, de 16 de Fevereiro, sob o título Este Mundo e o Outro, partindo, quer do pessimismo nostálgico do Jorge Carreira Maia (Este não é o meu mundo), quer da importância da memória, em Maria Augusta Torcato, para resistir «à névoa que provoca o esquecimento e cegueira», quer «na militância política e cívica sempre empenhada», da minha autoria, num país do salve-se quem puder e do deixa andar, sempre à espera dum messias que resolva, por qualquer gesto milagreiro, a sua raiva abafada de nunca ser outra coisa que a imagem crónica de pobreza. |
Plantação intensiva: do corte à escovinha e tudo em fila aos horizontes metalificados - maria augusta torcato » 2024-03-08 » Maria Augusta Torcato Não sei se por causa das minhas origens ou simplesmente da minha natureza, há em mim algo, muito forte, que me liga a árvores, a plantas, a flores, a animais, a espaços verdes ou amarelos e amplos ou exíguos, a serras mais ou menos elevadas, de onde as neblinas se descolam e evolam pelos céus, a pedras, pequenas ou pedregulhos, espalhadas ou juntinhas e a regatos e fontes que jorram espontaneamente. |
A crise das democracias liberais - jorge carreira maia » 2024-03-08 » Jorge Carreira Maia A crise das democracias liberais, que tanto e a tantos atormenta, pode residir num conflito entre a natureza humana e o regime democrático-liberal. Num livro de 2008, Democratic Authority – a philosophical framework, o filósofo David. |
A carne e os ossos - pedro borges ferreira » 2024-03-08 » Pedro Ferreira Existe um paternalismo naqueles que desenvolvem uma compreensão do mundo extensiva que muitas vezes não lhes permite ver os outros, quiçá a si próprios, como realmente são. A opinião pública tem sido marcada por reflexões sobre a falta de memória histórica como justificação do novo mundo intolerante que está para vir, adivinho eu, devido à intenção de voto que se espera no CHEGA. |
O Flautista de Hamelin... » 2024-02-28 » Hélder Dias |
Este mundo e o outro - joão carlos lopes » 2024-02-22 Escreve Jorge Carreira Maia, nesta edição, ter a certeza de que este mundo já não é o seu e que o mundo a que chamou seu acabou. “Não sei bem qual foi a hora em que as coisas mudaram, em que a megera da História me deixou para trás”, vai ele dizendo na suas palavras sempre lúcidas e brilhantes, concluindo que “vivemos já num mundo tenebroso, onde os clowns ainda não estão no poder, mas este já espera por eles, para que a História satisfaça a sua insaciável sede de sangue e miséria”. |
2032: a redenção do Planeta - jorge cordeiro simões » 2024-02-22 » Jorge Cordeiro Simões
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» 2024-04-22
» Maria Augusta Torcato
Caminho de Abril - maria augusta torcato |
» 2024-04-10
» Jorge Carreira Maia
As eleições e o triunfo do pensamento mágico - jorge carreira maia |