• SOCIEDADE-  • CULTURA  • DESPORTO  • OPINIÃO
  Terça, 23 Abril 2024    •      Directora: Inês Vidal; Director-adjunto: João Carlos Lopes    •      Estatuto Editorial    •      História do JT
   Pesquisar...
Sex.
 19° / 11°
Céu nublado com chuva fraca
Qui.
 20° / 11°
Céu nublado
Qua.
 24° / 10°
Períodos nublados
Torres Novas
Hoje  24° / 10°
Céu limpo
       #Alcanena    #Entroncamento    #Golega    #Barquinha    #Constancia 

Dois beijos ao meu irmão

Opinião  »  2015-02-06  »  Ricardo Jorge Rodrigues

Dou-lhe dois beijos no rosto quando ele chega.

É este o estranho mas saudável hábito que devo guardar há mais anos. Talvez uma forma de dizer: há algo mais que nos une além da obrigatoriedade de convivermos; talvez seja um sinal de honra e respeito como se eu fosse o aprendiz que se curva perante o velho e sábio mestre; por ventura é apenas a minha forma de demonstrar o respeito e o orgulho sem sequer ter de me comprometer com palavras que por vezes custam a sair.

É este o meu pecad não lhe conseguir falar o que os meus olhos dizem.

Então, dou-lhe dois beijos no rosto. Quando ele chega ou quando ele vai.

Não me agrada, de todo, qualquer sentido egocêntrico, mas de facto reconheço em mim a qualidade de dar o devido valor às pessoas no seu devido tempo. Para mim, é algo que deveria ser tão natural no ser humano que nem sequer é uma qualidade: às vezes, é simplesmente diferente do que vejo neste mundo, em que só há tempo para os que amamos quando já é tarde demais.

Tenho cerca de oito anos de diferença do meu irmão. Oito anos de avanço que o fizeram crescer depressa de mais, que o obrigaram a ser homem antes de ser criança, que o transformaram numa figura paternal que ainda hoje me serve de guia.

Houve dias em que toquei o fundo do poço. Em que, tornar-me num caso falhado, alguém que seguiu a via errada, era o caminho mais fácil a seguir. Mas não o segui, e sei-o, porque tive alguém que me segurou e me disse qual o caminho certo. Esse alguém foi – sobretudo – ele, a quem dois beijos no rosto são apenas uma forma envergonhada de dizer ”obrigado”.

Não sinto, como já me questionaram, qualquer tipo de embaraço ou incómodo em dar dois beijos ao meu irmão, seja onde for: em eventos familiares ou à porta do banco onde trabalha. E, se alguém julgar que dois beijos no rosto a uma pessoa que me merece tanto me envergonharia, é porque não sabe o que é amar.

Sentir vergonha de beijar o meu irmão é sentir embaraço por lhe dizer obrigado, é ser egoísta. É trair aquilo que de mais puro há em mim.

O meu irmão fez esta semana 34 anos. Poderá viver outros tantos que jamais terei palavras, gestos ou acções que me permitam exprimir a dimensão do meu obrigado por ele. Deixei de me esforçar por perceber que era impossível recompensá-lo de tudo aquilo em que me deu a mão. Percebi que a dimensão de quem já nasce homem é impossível de alcançar por comuns aprendizes. E fico-me por isso para lhe agradecer: dou-lhe dois beijos no rosto.

 

 

 Outras notícias - Opinião


Caminho de Abril - maria augusta torcato »  2024-04-22  »  Maria Augusta Torcato

Olho para o meu caminho e fico contente. Acho mesmo que fiz o caminho de Abril. O caminho que Abril representa. No entanto, a realidade atual e os desafios diários levam-me a desejar muito que este caminho não seja esquecido, não por querer que ele se repita, mas para não nos darmos conta, quase sem tempo de manteiga nos dentes, que estamos, outra vez, lá muito atrás e há que fazer de novo o caminho com tudo o que isso implica e que hoje seria incompreensível e inaceitável.
(ler mais...)


As eleições e o triunfo do pensamento mágico - jorge carreira maia »  2024-04-10  »  Jorge Carreira Maia

Existe, em Portugal, uma franja pequena do eleitorado que quer, deliberadamente, destruir a democracia, não suporta os regimes liberais, sonha com o retorno ao autoritarismo. Ao votar Chega, fá-lo racionalmente. Contudo, a explosão do eleitorado do partido de André Ventura não se explica por esse tipo de eleitores.
(ler mais...)


Eleições "livres"... »  2024-03-18  »  Hélder Dias

Este é o meu único mundo! - antónio mário santos »  2024-03-08  »  António Mário Santos

Comentava João Carlos Lopes , no último Jornal Torrejano, de 16 de Fevereiro, sob o título Este Mundo e o Outro, partindo, quer do pessimismo nostálgico do Jorge Carreira Maia (Este não é o meu mundo), quer da importância da memória, em Maria Augusta Torcato, para resistir «à névoa que provoca o esquecimento e cegueira», quer «na militância política e cívica sempre empenhada», da minha autoria, num país do salve-se quem puder e do deixa andar, sempre à espera dum messias que resolva, por qualquer gesto milagreiro, a sua raiva abafada de nunca ser outra coisa que a imagem crónica de pobreza.
(ler mais...)


Plantação intensiva: do corte à escovinha e tudo em fila aos horizontes metalificados - maria augusta torcato »  2024-03-08  »  Maria Augusta Torcato

Não sei se por causa das minhas origens ou simplesmente da minha natureza, há em mim algo, muito forte, que me liga a árvores, a plantas, a flores, a animais, a espaços verdes ou amarelos e amplos ou exíguos, a serras mais ou menos elevadas, de onde as neblinas se descolam e evolam pelos céus, a pedras, pequenas ou pedregulhos, espalhadas ou juntinhas e a regatos e fontes que jorram espontaneamente.
(ler mais...)


A crise das democracias liberais - jorge carreira maia »  2024-03-08  »  Jorge Carreira Maia

A crise das democracias liberais, que tanto e a tantos atormenta, pode residir num conflito entre a natureza humana e o regime democrático-liberal. Num livro de 2008, Democratic Authority – a philosophical framework, o filósofo David.
(ler mais...)


A carne e os ossos - pedro borges ferreira »  2024-03-08  »  Pedro Ferreira

Existe um paternalismo naqueles que desenvolvem uma compreensão do mundo extensiva que muitas vezes não lhes permite ver os outros, quiçá a si próprios, como realmente são. A opinião pública tem sido marcada por reflexões sobre a falta de memória histórica como justificação do novo mundo intolerante que está para vir, adivinho eu, devido à intenção de voto que se espera no CHEGA.
(ler mais...)


O Flautista de Hamelin... »  2024-02-28  »  Hélder Dias

Este mundo e o outro - joão carlos lopes »  2024-02-22 

Escreve Jorge Carreira Maia, nesta edição, ter a certeza de que este mundo já não é o seu e que o mundo a que chamou seu acabou. “Não sei bem qual foi a hora em que as coisas mudaram, em que a megera da História me deixou para trás”, vai ele dizendo na suas palavras sempre lúcidas e brilhantes, concluindo que “vivemos já num mundo tenebroso, onde os clowns ainda não estão no poder, mas este já espera por eles, para que a História satisfaça a sua insaciável sede de sangue e miséria”.
(ler mais...)


2032: a redenção do Planeta - jorge cordeiro simões »  2024-02-22  »  Jorge Cordeiro Simões

 

 


O dia 5 de Fevereiro de 2032, em que o Francisco Falcão fez 82 anos - aos quais nunca julgara ir chegar -, nasceu ainda mais frio do que os anteriores e este Inverno parecia ser nisso ainda pior que os que o antecederam, o que contribuiu para que cada vez com mais frequência ele se fosse deixando ficar na cama até mais tarde e neste dia festivo só de lá iria sair depois do meio-dia.
(ler mais...)

 Mais lidas - Opinião (últimos 30 dias)
»  2024-04-22  »  Maria Augusta Torcato Caminho de Abril - maria augusta torcato
»  2024-04-10  »  Jorge Carreira Maia As eleições e o triunfo do pensamento mágico - jorge carreira maia