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Cultura e um pouco de história

Opinião  »  2014-12-24  »  mg teste

Depois do ”Musíada”, espectáculo organizado pelo Phydellius, no dia 1 de Novembro, onde fui assistente, e apesar de o mesmo já ter sido dissertado pelos jornais locais, permitam-me que me refira a um pormenor de grande importância. Todas as obras musicais ali executadas, com grande qualidade eram de autores portugueses, a maioria deles vivos e alguns ali presentes.

Estamos já a usufruir da implementação do ensino da música, levado a efeito no nosso país depois do 25 de Abril, por organismos particulares sem qualquer apoio oficial e no qual o Phydellius, através da sua Escola de Música e Conservatório teve a sua quota-parte. Hoje felizmente, alguns organismos, já têm apoio oficial devido ao grau de qualidade ministrado. Portanto a qualidade e quantidade de compositores começa a sobressair no panorama musical português.

Como inicialmente disse, estando ainda envolvido com ”Musíada”, vi num jornal on line em 14 de Novembro, o anúncio do espectáculo dos 50 anos da fundação do Coro Gulbenkian, que se realizaria às 19 horas no auditório principal Gulbenkian em Lisboa.

Eram 15 horas e apesar de estar a 100 km de distância, consegui adquirir bilhetes de ingresso e do transporte pela internet. Fui assistir ao espectáculo e regressei a casa por volta das 23 horas.

O espectáculo foi muito melhor do que estava à espera, pois estava avisado de que o Coro Gulbenkian andava a atravessar um mau momento.

Com o Grande Auditório completamente cheio, estava criado o ambiente para uma boa sessão, que o foi na verdade.

Orquestra e Coro, regidos pelos habituais Michel Corboz, Jorge Matta e Paulo Lourenço, a seu tempo, iniciaram o espectáculo com ”Pequeno poemário de Pessanha” , uma peça encomendada a Eurico Carrapatoso para comemorar a efeméride ( por sinal o compositor do Hino de Torres Novas).

Os aplausos foram tantos que o compositor presente na sala teve de subir ao palco para agradecer os muitos aplausos dispensados a ele e ao coro, que nesta peça actuou com 85 elementos, no qual estavam 2 antigos alunos do nosso Conservatório do Phydellius. A Mónica Antunes e o Pedro Caixinha, além do actual maestro o João Branco.

Seguidamente, com o coro agora com mais 150 elementos, sempre acompanhado pela orquestra, ouvimos o Requiem, K. 626, de Wolfgang Amadeus Mozart.

Na 2ªparte apenas se executou a peça The King Shall Rejoice, HWV 260, o celebérrimo Aleluia de Georg Friedrich Handel, num coro de perto de 500 vozes entre fundadores, antigos e actuais elementos do Coro Gulbenkian. A peça, bela e bastante bem executado, teve para mim um pormenor que me fez viajar até aos meus tempos de criança e não só.

Reconheci neste último coro o meu particular amigo José Robert, antigo maestro do Phydellius, e co-fundador do Coro da Gulbenkian, o Sebastião e o João Pereira .

Com estes dois últimos rapazes do meu tempo, relembrei momentos da nossas vidas de coralistas.

A 17 de Maio de 1959, fizemos parte dum coro com cerca de 800 vozes, regido pelo padre Manuel Luís, nas cerimónias da Inauguração do Cristo Rei em Almada celebradas, pelo Cardeal Cerejeira Patriarca de Lisboa e presididas por Oliveira Salazar e Américo Tomás. Imaginem, tínhamos nós 13 anos. Com estas pessoas ali mesmo ao nosso lado, durante mais de uma hora, até tremíamos de medo.

O outro momento, foi em 1960, nas cerimónias dos 500 anos da morte do Infante D. Henrique, as Comemorações Henriquinas, na Igreja do Mosteiro dos Jerónimos.

Com coro de cerca 600 elementos, e a Orquestra Sinfónica da Emissora Nacional, sobre a regência dos maestros Pedro de Freitas Branco e Padre Manuel Luís, celebrizaram o acto solene. Presentes também, as três individualidades atrás referidas, mas desta vez não houve tremeliques, pois eles estavam bem longe e lá muito em baixo, junto ao altar.

O maestro que nos regeu nesta cerimónia, era tio de João de Freitas Branco, Secretário de Estado da Cultura e Ciência em 1975, que, por mera coincidência, me recebeu a mim na qualidade de presidente da direcção do Phydellius, ao Gualter Pedro e outros ,para nos comunicar que tinha descongelado todos os subsídios que nos foram atribuídos, e indevidamente retidos, pelo regime anterior, depois do celebérrimo I Encontro Internacional de Coros, realizado em Évora em Novembro de 1971, no Teatro Garcia Resende.

Neste encontro, sobre a regência do Zé Robert o Choral Phydellius, entre outras peças, cantou ”Os Homens que vão p’ra guerra”.

Na altura todos os programas de espectáculos eram censurados pelo SNI -Secretariado Nacional de Informação. Organismo de apoio ao regime autoritário criado durante o Estado Novo em Portugal, e por mais estranho que pareça, o programa do Phydellius, foi aprovado sem qualquer corte.

Só que durante a actuação na altura de ”Os Homens que vão p’ra guerra”, notámos um grande mal-estar, na primeira fila da plateia que era composta por convidados/altas individualidades civis e militares, governadores civis e militares, entidades eclesiásticas, embaixadores, presidentes, generais e outros da mesma igualha.

Pois é, como narrava a revista ilustrada do jornal O Século. Choral Phydellius, a pedra no charco. Um irreverente grupo, vindo de Torres Novas, vestidos com ”blue jeans”, com uma qualidade muito boa, a desafiarem os poderosos com uma das canções heróicas proibidas pela ditadura.

Valeu-nos, a partir daí, além do congelamento dos subsídios e cachets, a presença da PIDE nos nossos espectáculos e também de um informador desta polícia política, disfarçado, no café do Vítor Pinto, que ficava por baixo da antiga sede do Choral, ouvindo os nossos ensaios.

Veio-me ainda à memória o concerto do Phydellius, no Zenith de Nancy, na primavera de 1997, durante o Le GrandeFestival international de Chant Choral de Nancy, perante cerca de 12.000 pessoas.

No encerramento do festival, actuaram em conjunto cerca de 2000 vozes, dos 21 coros de quase todos os países da Europa e de agrupamentos representantes dos cinco continentes.

A imprensa local num slogan de paz amor e fraternidade, escrevia que se cruzavam nas ruas de Nancy, coros russos, israelitas, austríacos e eslovacos, bem como americanos e indianos.

Para reger a peça final, do encontro, o celebérrimo, ” Les Champs Elysées” , não estivéssemos em França, foi escolhido por todos os maestros presente, o nosso querido e competente maestro Zé Robert. Uma actuação que deixa marcas a qualquer um pela emoção.

No convívio final, tivemos oportunidade de conviver, cantando com um grupo do Brasil e o de Goa, para recordarmos algumas peças portuguesas comuns, no reportório destes grupos.

São momentos da vida dum simples e ainda coralista do Choral Phydellius dedicada à música.

Luís Ribeiro

 

 

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