A sombra de Salazar
Opinião » 2014-12-05 » Jorge Carreira Maia
É evidente que este delírio do Estado Novo só pôde ser mantido com a cumplicidade das Forças Armadas, a função castradora da censura e a perseguição dos dissidentes por uma polícia política implacável. Assim que as Forças Armadas abandonaram o regime, este caiu sem que ninguém mexesse um dedo para o defender. A ficção da unidade nacional, contudo, projectou-se pelo regime democrático adentro sob a tenebrosa figura do bloco central. Cavaco Silva parece obcecado com a ideia de um entendimento entre partidos, e agora, são alguns socialistas, com Francisco Assis à cabeça, que arrancam os cabelos por António Costa ter dito que não faria coligações com este PSD. Mas, suspeita-se, o próprio António Costa poderá cair nos braços de Rui Rio, se este liderar o PSD, para assim formarem uma nova união nacional.
Uma vida política saudável não precisa de uniões nacionais. O consenso fundamental está no respeito pelas instituições e pela constituição. Necessita-se de regras muito firmes sobre a transparência das decisões e de projectos políticos verdadeiramente alternativos, que os cidadãos possam escolher. A ideia de união nacional é perigosa por dois motivos. Assenta numa percepção falsa da realidade. Uma percepção que diz que só há um caminho para resolver os problemas, o que além de falso é anulador da democracia. Em segundo lugar, essa ideia de unidade nacional – de bloco central – é a capa para todo o tipo de arbitrariedade e de corrupção, é a porta da nossa presente miséria. Se uma bloco central tácito, como tem existido nos últimos anos, conduziu o país ao lugar onde está, o que acontecerá se ele se tornar efectivo e governar? A sombra do professor Salazar continua a assediar os portugueses e com ela a miséria a que ele nos habituou e fez desejar, como se fosse uma virtude.
www.kyrieeleison-jcm.blogspot.com
A sombra de Salazar
Opinião » 2014-12-05 » Jorge Carreira MaiaÉ evidente que este delírio do Estado Novo só pôde ser mantido com a cumplicidade das Forças Armadas, a função castradora da censura e a perseguição dos dissidentes por uma polícia política implacável. Assim que as Forças Armadas abandonaram o regime, este caiu sem que ninguém mexesse um dedo para o defender. A ficção da unidade nacional, contudo, projectou-se pelo regime democrático adentro sob a tenebrosa figura do bloco central. Cavaco Silva parece obcecado com a ideia de um entendimento entre partidos, e agora, são alguns socialistas, com Francisco Assis à cabeça, que arrancam os cabelos por António Costa ter dito que não faria coligações com este PSD. Mas, suspeita-se, o próprio António Costa poderá cair nos braços de Rui Rio, se este liderar o PSD, para assim formarem uma nova união nacional.
Uma vida política saudável não precisa de uniões nacionais. O consenso fundamental está no respeito pelas instituições e pela constituição. Necessita-se de regras muito firmes sobre a transparência das decisões e de projectos políticos verdadeiramente alternativos, que os cidadãos possam escolher. A ideia de união nacional é perigosa por dois motivos. Assenta numa percepção falsa da realidade. Uma percepção que diz que só há um caminho para resolver os problemas, o que além de falso é anulador da democracia. Em segundo lugar, essa ideia de unidade nacional – de bloco central – é a capa para todo o tipo de arbitrariedade e de corrupção, é a porta da nossa presente miséria. Se uma bloco central tácito, como tem existido nos últimos anos, conduziu o país ao lugar onde está, o que acontecerá se ele se tornar efectivo e governar? A sombra do professor Salazar continua a assediar os portugueses e com ela a miséria a que ele nos habituou e fez desejar, como se fosse uma virtude.
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As eleições e o triunfo do pensamento mágico - jorge carreira maia » 2024-04-10 » Jorge Carreira Maia Existe, em Portugal, uma franja pequena do eleitorado que quer, deliberadamente, destruir a democracia, não suporta os regimes liberais, sonha com o retorno ao autoritarismo. Ao votar Chega, fá-lo racionalmente. Contudo, a explosão do eleitorado do partido de André Ventura não se explica por esse tipo de eleitores. |
Eleições "livres"... » 2024-03-18 » Hélder Dias |
Este é o meu único mundo! - antónio mário santos » 2024-03-08 » António Mário Santos Comentava João Carlos Lopes , no último Jornal Torrejano, de 16 de Fevereiro, sob o título Este Mundo e o Outro, partindo, quer do pessimismo nostálgico do Jorge Carreira Maia (Este não é o meu mundo), quer da importância da memória, em Maria Augusta Torcato, para resistir «à névoa que provoca o esquecimento e cegueira», quer «na militância política e cívica sempre empenhada», da minha autoria, num país do salve-se quem puder e do deixa andar, sempre à espera dum messias que resolva, por qualquer gesto milagreiro, a sua raiva abafada de nunca ser outra coisa que a imagem crónica de pobreza. |
Plantação intensiva: do corte à escovinha e tudo em fila aos horizontes metalificados - maria augusta torcato » 2024-03-08 » Maria Augusta Torcato Não sei se por causa das minhas origens ou simplesmente da minha natureza, há em mim algo, muito forte, que me liga a árvores, a plantas, a flores, a animais, a espaços verdes ou amarelos e amplos ou exíguos, a serras mais ou menos elevadas, de onde as neblinas se descolam e evolam pelos céus, a pedras, pequenas ou pedregulhos, espalhadas ou juntinhas e a regatos e fontes que jorram espontaneamente. |
A crise das democracias liberais - jorge carreira maia » 2024-03-08 » Jorge Carreira Maia A crise das democracias liberais, que tanto e a tantos atormenta, pode residir num conflito entre a natureza humana e o regime democrático-liberal. Num livro de 2008, Democratic Authority – a philosophical framework, o filósofo David. |
A carne e os ossos - pedro borges ferreira » 2024-03-08 » Pedro Ferreira Existe um paternalismo naqueles que desenvolvem uma compreensão do mundo extensiva que muitas vezes não lhes permite ver os outros, quiçá a si próprios, como realmente são. A opinião pública tem sido marcada por reflexões sobre a falta de memória histórica como justificação do novo mundo intolerante que está para vir, adivinho eu, devido à intenção de voto que se espera no CHEGA. |
O Flautista de Hamelin... » 2024-02-28 » Hélder Dias |
Este mundo e o outro - joão carlos lopes » 2024-02-22 Escreve Jorge Carreira Maia, nesta edição, ter a certeza de que este mundo já não é o seu e que o mundo a que chamou seu acabou. “Não sei bem qual foi a hora em que as coisas mudaram, em que a megera da História me deixou para trás”, vai ele dizendo na suas palavras sempre lúcidas e brilhantes, concluindo que “vivemos já num mundo tenebroso, onde os clowns ainda não estão no poder, mas este já espera por eles, para que a História satisfaça a sua insaciável sede de sangue e miséria”. |
2032: a redenção do Planeta - jorge cordeiro simões » 2024-02-22 » Jorge Cordeiro Simões
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Avivar a memória - antónio gomes » 2024-02-22 » António Gomes Há dias atrás, no âmbito da pré-campanha eleitoral, visitei o lugar onde passei a maior parte da minha vida (47 anos), as oficinas da CP no Entroncamento. Não que tivesse saudades, mas o espaço, o cheiro e acima de tudo a oportunidade de rever alguns companheiros que ainda por lá se encontram, que ainda lá continuam a vender a sua força de trabalho, foi uma boa recompensa. |
» 2024-04-10
» Jorge Carreira Maia
As eleições e o triunfo do pensamento mágico - jorge carreira maia |