Tempos interessantes
Opinião » 2014-11-14 » Jorge Carreira Maia
O referendo na Catalunha, a atenção com que foi seguido, por exemplo, em Itália, a desagregação da Ucrânia e a guerra civil que por lá vai lavrando, a afirmação da Rússia e da China como potências fundamentais, os acontecimentos no Iraque e na Síria, a ebulição do mundo islâmico e a ameaça que isso representa, a actual situação na Igreja Católica, a qual parece estar a acordar forças – para o bem e para o mal – que ninguém suspeitava vivas, as transformações económicas do mundo, os graves problemas ambientais provocados pelo homem, os desenvolvimentos científicos e tecnológicos, todo este conjunto de coisas é um sinal, terrível sinal, de que estamos a viver tempos interessantes.
Contudo, no que se está a passar, há uma novidade relativamente ao que é suposto no provérbio chinês. Neste, os tempos interessantes são sentidos como uma excepção dos tempos estáveis e tranquilos onde a vida vale a pena ser vivida. O que se sente, nos dias de hoje, é que, daqui para o futuro, todos os tempos serão tempos interessantes, cada vez mais interessantes. Isto é, serão cada vez mais propícios à generalizada infelicidade dos homens, como se estes tivessem perdido definitivamente o rumo e o bom senso tivesse desaparecido.
Talvez esta sensação já tivesse sido vivida noutras épocas, as quais serviram de charneira entre um mundo que morria e outro que começava. Se olharmos, porém, com atenção para aquilo que poderia ser a emergência de um mundo novo, de um mundo que viesse trazer uma nova estabilidade e que pusesse fim à crescente intranquilidade do presente, se olharmos com atenção, repito, descobrimos qualquer coisa de monstruoso. Tudo o que emerge como novo torna-se, quase imediatamente, obsoleto e substituível por outra novidade que se vai esgotar ainda mais rapidamente. E isto não se passa apenas ao nível dos dispositivos tecnológicos. Passa-se em tudo, como se o mundo dos homens trouxesse agora dentro de si um irreprimível desejo de fim. Sim, são tempos interessantes os nossos. Demasiado interessantes.
www.kyrieeleison-jcm.blogspot.com
Tempos interessantes
Opinião » 2014-11-14 » Jorge Carreira MaiaO referendo na Catalunha, a atenção com que foi seguido, por exemplo, em Itália, a desagregação da Ucrânia e a guerra civil que por lá vai lavrando, a afirmação da Rússia e da China como potências fundamentais, os acontecimentos no Iraque e na Síria, a ebulição do mundo islâmico e a ameaça que isso representa, a actual situação na Igreja Católica, a qual parece estar a acordar forças – para o bem e para o mal – que ninguém suspeitava vivas, as transformações económicas do mundo, os graves problemas ambientais provocados pelo homem, os desenvolvimentos científicos e tecnológicos, todo este conjunto de coisas é um sinal, terrível sinal, de que estamos a viver tempos interessantes.
Contudo, no que se está a passar, há uma novidade relativamente ao que é suposto no provérbio chinês. Neste, os tempos interessantes são sentidos como uma excepção dos tempos estáveis e tranquilos onde a vida vale a pena ser vivida. O que se sente, nos dias de hoje, é que, daqui para o futuro, todos os tempos serão tempos interessantes, cada vez mais interessantes. Isto é, serão cada vez mais propícios à generalizada infelicidade dos homens, como se estes tivessem perdido definitivamente o rumo e o bom senso tivesse desaparecido.
Talvez esta sensação já tivesse sido vivida noutras épocas, as quais serviram de charneira entre um mundo que morria e outro que começava. Se olharmos, porém, com atenção para aquilo que poderia ser a emergência de um mundo novo, de um mundo que viesse trazer uma nova estabilidade e que pusesse fim à crescente intranquilidade do presente, se olharmos com atenção, repito, descobrimos qualquer coisa de monstruoso. Tudo o que emerge como novo torna-se, quase imediatamente, obsoleto e substituível por outra novidade que se vai esgotar ainda mais rapidamente. E isto não se passa apenas ao nível dos dispositivos tecnológicos. Passa-se em tudo, como se o mundo dos homens trouxesse agora dentro de si um irreprimível desejo de fim. Sim, são tempos interessantes os nossos. Demasiado interessantes.
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Caminho de Abril - maria augusta torcato » 2024-04-22 » Maria Augusta Torcato Olho para o meu caminho e fico contente. Acho mesmo que fiz o caminho de Abril. O caminho que Abril representa. No entanto, a realidade atual e os desafios diários levam-me a desejar muito que este caminho não seja esquecido, não por querer que ele se repita, mas para não nos darmos conta, quase sem tempo de manteiga nos dentes, que estamos, outra vez, lá muito atrás e há que fazer de novo o caminho com tudo o que isso implica e que hoje seria incompreensível e inaceitável. |
As eleições e o triunfo do pensamento mágico - jorge carreira maia » 2024-04-10 » Jorge Carreira Maia Existe, em Portugal, uma franja pequena do eleitorado que quer, deliberadamente, destruir a democracia, não suporta os regimes liberais, sonha com o retorno ao autoritarismo. Ao votar Chega, fá-lo racionalmente. Contudo, a explosão do eleitorado do partido de André Ventura não se explica por esse tipo de eleitores. |
Eleições "livres"... » 2024-03-18 » Hélder Dias |
Este é o meu único mundo! - antónio mário santos » 2024-03-08 » António Mário Santos Comentava João Carlos Lopes , no último Jornal Torrejano, de 16 de Fevereiro, sob o título Este Mundo e o Outro, partindo, quer do pessimismo nostálgico do Jorge Carreira Maia (Este não é o meu mundo), quer da importância da memória, em Maria Augusta Torcato, para resistir «à névoa que provoca o esquecimento e cegueira», quer «na militância política e cívica sempre empenhada», da minha autoria, num país do salve-se quem puder e do deixa andar, sempre à espera dum messias que resolva, por qualquer gesto milagreiro, a sua raiva abafada de nunca ser outra coisa que a imagem crónica de pobreza. |
Plantação intensiva: do corte à escovinha e tudo em fila aos horizontes metalificados - maria augusta torcato » 2024-03-08 » Maria Augusta Torcato Não sei se por causa das minhas origens ou simplesmente da minha natureza, há em mim algo, muito forte, que me liga a árvores, a plantas, a flores, a animais, a espaços verdes ou amarelos e amplos ou exíguos, a serras mais ou menos elevadas, de onde as neblinas se descolam e evolam pelos céus, a pedras, pequenas ou pedregulhos, espalhadas ou juntinhas e a regatos e fontes que jorram espontaneamente. |
A crise das democracias liberais - jorge carreira maia » 2024-03-08 » Jorge Carreira Maia A crise das democracias liberais, que tanto e a tantos atormenta, pode residir num conflito entre a natureza humana e o regime democrático-liberal. Num livro de 2008, Democratic Authority – a philosophical framework, o filósofo David. |
A carne e os ossos - pedro borges ferreira » 2024-03-08 » Pedro Ferreira Existe um paternalismo naqueles que desenvolvem uma compreensão do mundo extensiva que muitas vezes não lhes permite ver os outros, quiçá a si próprios, como realmente são. A opinião pública tem sido marcada por reflexões sobre a falta de memória histórica como justificação do novo mundo intolerante que está para vir, adivinho eu, devido à intenção de voto que se espera no CHEGA. |
O Flautista de Hamelin... » 2024-02-28 » Hélder Dias |
Este mundo e o outro - joão carlos lopes » 2024-02-22 Escreve Jorge Carreira Maia, nesta edição, ter a certeza de que este mundo já não é o seu e que o mundo a que chamou seu acabou. “Não sei bem qual foi a hora em que as coisas mudaram, em que a megera da História me deixou para trás”, vai ele dizendo na suas palavras sempre lúcidas e brilhantes, concluindo que “vivemos já num mundo tenebroso, onde os clowns ainda não estão no poder, mas este já espera por eles, para que a História satisfaça a sua insaciável sede de sangue e miséria”. |
2032: a redenção do Planeta - jorge cordeiro simões » 2024-02-22 » Jorge Cordeiro Simões
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» 2024-04-22
» Maria Augusta Torcato
Caminho de Abril - maria augusta torcato |
» 2024-04-10
» Jorge Carreira Maia
As eleições e o triunfo do pensamento mágico - jorge carreira maia |