Uma conversa inesperada
Opinião » 2014-10-16 » Afonso Borga
Não compreendi a pergunta, nem o contexto em que ela se inseria, e perguntei:
– Desculpe? Não percebi…
– Estou a perguntar se viajou recentemente!
– Ah! Não, não se preocupe!
Aquela simples pergunta desencadeou uma conversa inesperada…
Estava no comboio, a ler um jornal, a caminho de Torres Novas quando um senhor, já na casa dos ”30”, com uma garrafa de cerveja na mão, que trazia dentro de um pequeno saco de cartão que usava para disfarçar o conteúdo, entrou no comboio e sentou-se ao meu lado.
Estava a ler uma reportagem sobre o ébola, daí ter associado a pergunta à ocasião!
A partir dessa pergunta a conversa foi fluindo naturalmente. É certo que o facto de ele já estar um pouco com as ”pernas trocadas” foi ”meio caminho andado” para a conversa se proporcionar.
Já tinha referido noutras crónicas o quão estranho era cruzar-me todas as semanas com dezenas de pessoas que partilhavam o mesmo lugar comigo no comboio ou no autocarro e nunca ter mantido um diálogo com nenhuma. Aquela era uma oportunidade e dei toda a atenção à conversa que aquela pessoa tinha para mim.
Numa descontração impressionante, de alguém que, como me disse, queria ultrapassar rapidamente aquela meia hora que fazia todas as semanas para ir visitar o pai, que estava doente, falamos do ébola, do Jorge Jesus e até das primárias do PS!
– É o cliente habitual das quintas-feiras! – Disse-me o ”pica”.
– Ah, então já o conhecem por aqui – Disse para o senhor.
– É como te digo, rapaz, todas as quintas-feiras vou visitar os meus pais porque o meu pai está doente. Acabo por beber um pouco mais porque fico nervoso.
Trato-o por ”senhor” ao longo da crónica porque acabei por não ficar a saber o seu nome, nem ele o meu. Fomos dois autênticos anónimos, mas são estes anónimos como ele que mudam os nossos dias, inesperadamente, e são estes momentos que recordamos inevitavelmente no final do dia! Fez-me lembrar uma frase escrita numa ponte em Lisboa que tem arrancado sorrisos a centenas, que diz, ”Já sorriu hoje”?
apborga@live.com.pt
Uma conversa inesperada
Opinião » 2014-10-16 » Afonso BorgaNão compreendi a pergunta, nem o contexto em que ela se inseria, e perguntei:
– Desculpe? Não percebi…
– Estou a perguntar se viajou recentemente!
– Ah! Não, não se preocupe!
Aquela simples pergunta desencadeou uma conversa inesperada…
Estava no comboio, a ler um jornal, a caminho de Torres Novas quando um senhor, já na casa dos ”30”, com uma garrafa de cerveja na mão, que trazia dentro de um pequeno saco de cartão que usava para disfarçar o conteúdo, entrou no comboio e sentou-se ao meu lado.
Estava a ler uma reportagem sobre o ébola, daí ter associado a pergunta à ocasião!
A partir dessa pergunta a conversa foi fluindo naturalmente. É certo que o facto de ele já estar um pouco com as ”pernas trocadas” foi ”meio caminho andado” para a conversa se proporcionar.
Já tinha referido noutras crónicas o quão estranho era cruzar-me todas as semanas com dezenas de pessoas que partilhavam o mesmo lugar comigo no comboio ou no autocarro e nunca ter mantido um diálogo com nenhuma. Aquela era uma oportunidade e dei toda a atenção à conversa que aquela pessoa tinha para mim.
Numa descontração impressionante, de alguém que, como me disse, queria ultrapassar rapidamente aquela meia hora que fazia todas as semanas para ir visitar o pai, que estava doente, falamos do ébola, do Jorge Jesus e até das primárias do PS!
– É o cliente habitual das quintas-feiras! – Disse-me o ”pica”.
– Ah, então já o conhecem por aqui – Disse para o senhor.
– É como te digo, rapaz, todas as quintas-feiras vou visitar os meus pais porque o meu pai está doente. Acabo por beber um pouco mais porque fico nervoso.
Trato-o por ”senhor” ao longo da crónica porque acabei por não ficar a saber o seu nome, nem ele o meu. Fomos dois autênticos anónimos, mas são estes anónimos como ele que mudam os nossos dias, inesperadamente, e são estes momentos que recordamos inevitavelmente no final do dia! Fez-me lembrar uma frase escrita numa ponte em Lisboa que tem arrancado sorrisos a centenas, que diz, ”Já sorriu hoje”?
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