O rastreio de doenças oncológicas: repondo a verdade
Opinião » 2013-12-06 » Acácio Gouveia
Na última edição do Jornal Torrejano vimos noticiado que a Direcção-Geral de Saúde considerava ”residual” o número de rastreios de doenças oncológicas efetuados na ”região”: Este estado de coisas preocupou um vereador do Entroncamento que o divulgou e agiu em conformidade. Estranho é que a informação tenha sido recolhida do ”Relatório Doenças Oncológicas – 2013”, quando ainda o ano de 2013 não acabou! Por outro lado, este ”relatório” revela-se difícil de localizar dentro do portal da Direcção-Geral de Saúde.
Deixemos, para já, as especulações sobre a origem destes dados e passemos ao que interessa: a sua refutação.
Presumimos que por ”região” se entendam os distritos de Santarém, Lisboa e Setúbal. Se em relação ao que se passa no sudoeste do no nosso distrito e nos outros dois constituintes da Região de Lisboa e Vale do Tejo, não dispomos de informação, já no que diz respeito aos rastreios efetuados na área abrangida pelo
conjunto dos concelhos de Alcanena a Mação e do Entroncamento a Ferreira do Zêzere, ou seja, do Médio Tejo, temos dados cedidos por este ACES (agrupamento de centros de saúde) em Setembro.
Assim sendo, vamos aos números: No rastreio do cancro de mama, foram abrangidos 47,8% de mulheres, sendo que a USF de Santa Maria de Tomar apresentava a melhor taxa (75%) e a pior com apenas 14% de cobertura. No tocante ao cancro do colo do útero a cobertura era de 29,2%, tendo-se verificado o melhor resultado na USF Locomotiva, do Entroncamento, com o valor de 59,7%, e o pior de 10,4%.
Finalmente, no que concerne o cancro do cólon e reto, 23,9% dos utentes elegíveis foram rastreados, com a USF Almonda, de Torres Novas, a registar o melhor resultado (54,1%) quedando-se o pior em 9,4%.
É também importante realçar que estamos perante números referentes apenas aos primeiros nove meses de 2013, e que, portanto, virão a melhorar até ao fim do ano.
Se a Direcção-Geral de Saúde considera estes valores como ”residuais”, ficamos à espera dos tais propalados resultados do Alentejo e Centro, onde tudo quanto esteja abaixo dos 100% de cobertura será considerado insuficiente. Sejamos sérios: a chamada ”cobertura total” não significa que 100% das pessoas tenham sido submetidas a rastreios, o que, reportando-nos a populações de mais de um milhão de habilitantes, é impossível de conseguir, mesmo recorrendo a métodos coercivos, Por outro lado é absurdo alcunhar de ”não existente” uma cobertura de um quarto da população ou de ”residual” um rastreio de quase metade duma população.
Portanto, este ”relatório’’ carece de credibilidade ou há desvios grosseiros na sua leitura. Não se veja como presunção urna sugestão aos políticos locais: ser-se mais criterioso na recolha de informação e mais cuidadoso na hora de proferir juízos.
O rastreio de doenças oncológicas: repondo a verdade
Opinião » 2013-12-06 » Acácio GouveiaNa última edição do Jornal Torrejano vimos noticiado que a Direcção-Geral de Saúde considerava ”residual” o número de rastreios de doenças oncológicas efetuados na ”região”: Este estado de coisas preocupou um vereador do Entroncamento que o divulgou e agiu em conformidade. Estranho é que a informação tenha sido recolhida do ”Relatório Doenças Oncológicas – 2013”, quando ainda o ano de 2013 não acabou! Por outro lado, este ”relatório” revela-se difícil de localizar dentro do portal da Direcção-Geral de Saúde.
Deixemos, para já, as especulações sobre a origem destes dados e passemos ao que interessa: a sua refutação.
Presumimos que por ”região” se entendam os distritos de Santarém, Lisboa e Setúbal. Se em relação ao que se passa no sudoeste do no nosso distrito e nos outros dois constituintes da Região de Lisboa e Vale do Tejo, não dispomos de informação, já no que diz respeito aos rastreios efetuados na área abrangida pelo
conjunto dos concelhos de Alcanena a Mação e do Entroncamento a Ferreira do Zêzere, ou seja, do Médio Tejo, temos dados cedidos por este ACES (agrupamento de centros de saúde) em Setembro.
Assim sendo, vamos aos números: No rastreio do cancro de mama, foram abrangidos 47,8% de mulheres, sendo que a USF de Santa Maria de Tomar apresentava a melhor taxa (75%) e a pior com apenas 14% de cobertura. No tocante ao cancro do colo do útero a cobertura era de 29,2%, tendo-se verificado o melhor resultado na USF Locomotiva, do Entroncamento, com o valor de 59,7%, e o pior de 10,4%.
Finalmente, no que concerne o cancro do cólon e reto, 23,9% dos utentes elegíveis foram rastreados, com a USF Almonda, de Torres Novas, a registar o melhor resultado (54,1%) quedando-se o pior em 9,4%.
É também importante realçar que estamos perante números referentes apenas aos primeiros nove meses de 2013, e que, portanto, virão a melhorar até ao fim do ano.
Se a Direcção-Geral de Saúde considera estes valores como ”residuais”, ficamos à espera dos tais propalados resultados do Alentejo e Centro, onde tudo quanto esteja abaixo dos 100% de cobertura será considerado insuficiente. Sejamos sérios: a chamada ”cobertura total” não significa que 100% das pessoas tenham sido submetidas a rastreios, o que, reportando-nos a populações de mais de um milhão de habilitantes, é impossível de conseguir, mesmo recorrendo a métodos coercivos, Por outro lado é absurdo alcunhar de ”não existente” uma cobertura de um quarto da população ou de ”residual” um rastreio de quase metade duma população.
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