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O milagre da transformação segundo o outro Jesus

Opinião  »  2013-10-04  »  Miguel Sentieiro

Sempre tive algum fascínio pelo filho com ”nome de ídolo”. A decisão de baptizar os filhos com nomes de pessoas que se admiram, traz a esperança de que o descendente consiga trilhar um caminho de sucesso similar ao dos seus inspiradores. Chamar a um filho Viriato, é aspirar a que o petiz herde alguma da virilidade desse bravo guerreiro lusitano, que despachou à pedrada os invasores romanos. Na década de 60, muitos foram os Eusébios que cresceram na ambição de aplicarem nas bolas de rua a potência de remate do rei da bola moçambicano. O pai de Cristiano Ronaldo inspirou-se no nome do presidente americano Ronald Reagan, o actor/político, na hora de escolher o nome para o filho. Parece que o rapaz não deu em político, mas aos pontapés na chicha, comprou mais casitas e Ferraris do que o tal do Ronald original. Muitos serão os Tonys nascidos na última década, fruto das barrigas saltitantes das mães nos concertos do pavilhão atlântico ao som do ”Sonho de menino” do seu ídolo musical. Aquele comentador político de televisão, que outrora foi primeiro ministro, carregou sobre os seus ombros o apelido de um dos maiores filósofos Gregos. Sócrates, o Filósofo, colocou ao dispor do seu herdeiro de apelido uma vasta obra de sábios pensamentos, para que ele pudesse ter uma ajuda na hora de construir a sua personalidade. Pensamentos como ”A maneira mais fácil e mais segura de vivermos honradamente, consiste em sermos, na realidade, o que parecemos ser.”, retratam de forma fidedigna como Sócrates, o político, quis levar à letra a sabedoria de tais ensinamentos…

Passemos então ao top da tabela de ídolos seguidos. O apelido Jesus. Uma pessoa que decide apelidar os seus descendentes, com um nome desta magnitude bíblica, deverá alimentar dois tipos de ilusã a de que o nome trará sorte e bênção ou de que o nome servirá de inspiração para que os seus utilizadores consigam seguir os ensinamentos em termos de valores de Jesus Cristo. Olhando para Jesus, o outro, o treinador de futebol, à partida nada nos faz lembrar Jesus de Nazaré. Começa logo porque na altura não havia pastilhas gorila e caso houvesse deveria ser proibido roê-las com a boca aberta ; depois a pronúncia hebraica tinha pouca similitude com os ”prontos” do dialecto da Amadora; poderíamos tentar ir pelas semelhanças do discurso de Jesus Cristo nas suas palestras de evangelizaçã ”Deus não lhe dá mais do que pode carregar”. Jesus, o treinador riposta: ”Vocês os quatro, formem aí um triângulo!”… não me parece…

Finalmente descobri uma luz ao fundo do túnel. A luz apareceu depois das declarações de Jesus, o outro, no rescaldo da cena de pugilato com um polícia para libertar um adepto. Já que não conseguia comer pastilhas de boca fechada, falar dialecto hebraico, nem articular frases com algum sentido, decidiu ser verdadeiramente ambicioso e operar um milagre ao nível do seu ídolo. Tal como Jesus de Nazaré conseguiu devolver a visão ao cego de Jericó e transformar água em vinho, Jesus, o outro, decidiu também adoptar o seu próprio milagre da transformação. O milagre do vinho até lhe daria algum jeito, mas optou por outro de maior amplitude. Conseguiu transformar aquele personagem de cabelos brancos enraivecido, aos berros e aos murros a um polícia, num herói e guerreiro Viriato aos murros a um malfeitor polícia,…(mas não pode mandar murros no polícia?),… bom,… num arcanjo de cabelos celestiais passando suavemente a epiderme da palma da mão nos braços vigorosos do agente da autoridade. ”Mas Jesus, as imagens foram explícitas. Viu-se que o senhor espetou uns valentes selos no braço do polícia, que até lhe saltaram os óculos!”… ”Só lhe saltaram os óculos? Eu queria era que saltassem os olhos a esse filho da p***a do bófia!”. ”Mas sabe que pode ser punido na justiça?”... ”Bom, antes de mais não foi agressão (aqui está o milagre), foi apenas uma ligeira exaltação com o intuito de proteger o adepto (aqui está a solidariedade). Mas desde já peço desculpa ao senhor agente (aqui está o arrependimento cristão) se levou a mal as festinhas que lhe fiz”. Mas Jesus promete não ficar por aqui em questões de milagres e fazer jus ao nome que enverga. Já estão na forja outros, tais como deixar perder campeonatos nos últimos minutos, ou transformar pães em rosas… O quê,... Esses já foram realizados??...

Por falar em milagres no mundo do futebol, que poderão ajudar a entender melhor como se pode aspirar chegar ao nível de Jesus, o outro, eu próprio assisti a um milagre da transformação, que pela sua finura, não consigo deixar partilhar com os leitores. Ao acompanhar o meu filho a um dos seus jogos infantis, a equipa da casa, antes do início do jogo uniu-se para presentear os pais e espectadores com o seu grito colectivo. A disposição prometia algo de arrojado, e arrojada a coisa fluiu. O capitão gritava a palavra de ordem e a equipa iria atrás: ”Somos as malta da Pi**a de aço! Aço,aço,aço! Com os c***ões a marcar passo! passo, passo, passo!”. Quando a perplexidade me invadia o pensamento, no sentido de perceber quem tinha sido a besta que punha miúdos a gritar aquele asneiredo, olhei para o lado e, os pais, ao invés de indignados, aplaudiam de forma orgulhosa e efusiva os seus petizes. Eis o milagre sublime da transformaçã A conversão de miúdos malcriados, em crianças motivadas. Já haverá alguém a sugerir a Jesus que importe este tipo de milagre para a sua equipa. Obviamente ele responderá: ”não te esqueças que o meu nome é Jesus. Esse milagre é p’ra… meninos!!!”

 

 

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