O milagre da transformação segundo o outro Jesus
Opinião » 2013-10-04 » Miguel Sentieiro
Passemos então ao top da tabela de ídolos seguidos. O apelido Jesus. Uma pessoa que decide apelidar os seus descendentes, com um nome desta magnitude bíblica, deverá alimentar dois tipos de ilusã a de que o nome trará sorte e bênção ou de que o nome servirá de inspiração para que os seus utilizadores consigam seguir os ensinamentos em termos de valores de Jesus Cristo. Olhando para Jesus, o outro, o treinador de futebol, à partida nada nos faz lembrar Jesus de Nazaré. Começa logo porque na altura não havia pastilhas gorila e caso houvesse deveria ser proibido roê-las com a boca aberta ; depois a pronúncia hebraica tinha pouca similitude com os ”prontos” do dialecto da Amadora; poderíamos tentar ir pelas semelhanças do discurso de Jesus Cristo nas suas palestras de evangelizaçã ”Deus não lhe dá mais do que pode carregar”. Jesus, o treinador riposta: ”Vocês os quatro, formem aí um triângulo!”… não me parece…
Finalmente descobri uma luz ao fundo do túnel. A luz apareceu depois das declarações de Jesus, o outro, no rescaldo da cena de pugilato com um polícia para libertar um adepto. Já que não conseguia comer pastilhas de boca fechada, falar dialecto hebraico, nem articular frases com algum sentido, decidiu ser verdadeiramente ambicioso e operar um milagre ao nível do seu ídolo. Tal como Jesus de Nazaré conseguiu devolver a visão ao cego de Jericó e transformar água em vinho, Jesus, o outro, decidiu também adoptar o seu próprio milagre da transformação. O milagre do vinho até lhe daria algum jeito, mas optou por outro de maior amplitude. Conseguiu transformar aquele personagem de cabelos brancos enraivecido, aos berros e aos murros a um polícia, num herói e guerreiro Viriato aos murros a um malfeitor polícia,…(mas não pode mandar murros no polícia?),… bom,… num arcanjo de cabelos celestiais passando suavemente a epiderme da palma da mão nos braços vigorosos do agente da autoridade. ”Mas Jesus, as imagens foram explícitas. Viu-se que o senhor espetou uns valentes selos no braço do polícia, que até lhe saltaram os óculos!”… ”Só lhe saltaram os óculos? Eu queria era que saltassem os olhos a esse filho da p***a do bófia!”. ”Mas sabe que pode ser punido na justiça?”... ”Bom, antes de mais não foi agressão (aqui está o milagre), foi apenas uma ligeira exaltação com o intuito de proteger o adepto (aqui está a solidariedade). Mas desde já peço desculpa ao senhor agente (aqui está o arrependimento cristão) se levou a mal as festinhas que lhe fiz”. Mas Jesus promete não ficar por aqui em questões de milagres e fazer jus ao nome que enverga. Já estão na forja outros, tais como deixar perder campeonatos nos últimos minutos, ou transformar pães em rosas… O quê,... Esses já foram realizados??...
Por falar em milagres no mundo do futebol, que poderão ajudar a entender melhor como se pode aspirar chegar ao nível de Jesus, o outro, eu próprio assisti a um milagre da transformação, que pela sua finura, não consigo deixar partilhar com os leitores. Ao acompanhar o meu filho a um dos seus jogos infantis, a equipa da casa, antes do início do jogo uniu-se para presentear os pais e espectadores com o seu grito colectivo. A disposição prometia algo de arrojado, e arrojada a coisa fluiu. O capitão gritava a palavra de ordem e a equipa iria atrás: ”Somos as malta da Pi**a de aço! Aço,aço,aço! Com os c***ões a marcar passo! passo, passo, passo!”. Quando a perplexidade me invadia o pensamento, no sentido de perceber quem tinha sido a besta que punha miúdos a gritar aquele asneiredo, olhei para o lado e, os pais, ao invés de indignados, aplaudiam de forma orgulhosa e efusiva os seus petizes. Eis o milagre sublime da transformaçã A conversão de miúdos malcriados, em crianças motivadas. Já haverá alguém a sugerir a Jesus que importe este tipo de milagre para a sua equipa. Obviamente ele responderá: ”não te esqueças que o meu nome é Jesus. Esse milagre é p’ra… meninos!!!”
O milagre da transformação segundo o outro Jesus
Opinião » 2013-10-04 » Miguel SentieiroPassemos então ao top da tabela de ídolos seguidos. O apelido Jesus. Uma pessoa que decide apelidar os seus descendentes, com um nome desta magnitude bíblica, deverá alimentar dois tipos de ilusã a de que o nome trará sorte e bênção ou de que o nome servirá de inspiração para que os seus utilizadores consigam seguir os ensinamentos em termos de valores de Jesus Cristo. Olhando para Jesus, o outro, o treinador de futebol, à partida nada nos faz lembrar Jesus de Nazaré. Começa logo porque na altura não havia pastilhas gorila e caso houvesse deveria ser proibido roê-las com a boca aberta ; depois a pronúncia hebraica tinha pouca similitude com os ”prontos” do dialecto da Amadora; poderíamos tentar ir pelas semelhanças do discurso de Jesus Cristo nas suas palestras de evangelizaçã ”Deus não lhe dá mais do que pode carregar”. Jesus, o treinador riposta: ”Vocês os quatro, formem aí um triângulo!”… não me parece…
Finalmente descobri uma luz ao fundo do túnel. A luz apareceu depois das declarações de Jesus, o outro, no rescaldo da cena de pugilato com um polícia para libertar um adepto. Já que não conseguia comer pastilhas de boca fechada, falar dialecto hebraico, nem articular frases com algum sentido, decidiu ser verdadeiramente ambicioso e operar um milagre ao nível do seu ídolo. Tal como Jesus de Nazaré conseguiu devolver a visão ao cego de Jericó e transformar água em vinho, Jesus, o outro, decidiu também adoptar o seu próprio milagre da transformação. O milagre do vinho até lhe daria algum jeito, mas optou por outro de maior amplitude. Conseguiu transformar aquele personagem de cabelos brancos enraivecido, aos berros e aos murros a um polícia, num herói e guerreiro Viriato aos murros a um malfeitor polícia,…(mas não pode mandar murros no polícia?),… bom,… num arcanjo de cabelos celestiais passando suavemente a epiderme da palma da mão nos braços vigorosos do agente da autoridade. ”Mas Jesus, as imagens foram explícitas. Viu-se que o senhor espetou uns valentes selos no braço do polícia, que até lhe saltaram os óculos!”… ”Só lhe saltaram os óculos? Eu queria era que saltassem os olhos a esse filho da p***a do bófia!”. ”Mas sabe que pode ser punido na justiça?”... ”Bom, antes de mais não foi agressão (aqui está o milagre), foi apenas uma ligeira exaltação com o intuito de proteger o adepto (aqui está a solidariedade). Mas desde já peço desculpa ao senhor agente (aqui está o arrependimento cristão) se levou a mal as festinhas que lhe fiz”. Mas Jesus promete não ficar por aqui em questões de milagres e fazer jus ao nome que enverga. Já estão na forja outros, tais como deixar perder campeonatos nos últimos minutos, ou transformar pães em rosas… O quê,... Esses já foram realizados??...
Por falar em milagres no mundo do futebol, que poderão ajudar a entender melhor como se pode aspirar chegar ao nível de Jesus, o outro, eu próprio assisti a um milagre da transformação, que pela sua finura, não consigo deixar partilhar com os leitores. Ao acompanhar o meu filho a um dos seus jogos infantis, a equipa da casa, antes do início do jogo uniu-se para presentear os pais e espectadores com o seu grito colectivo. A disposição prometia algo de arrojado, e arrojada a coisa fluiu. O capitão gritava a palavra de ordem e a equipa iria atrás: ”Somos as malta da Pi**a de aço! Aço,aço,aço! Com os c***ões a marcar passo! passo, passo, passo!”. Quando a perplexidade me invadia o pensamento, no sentido de perceber quem tinha sido a besta que punha miúdos a gritar aquele asneiredo, olhei para o lado e, os pais, ao invés de indignados, aplaudiam de forma orgulhosa e efusiva os seus petizes. Eis o milagre sublime da transformaçã A conversão de miúdos malcriados, em crianças motivadas. Já haverá alguém a sugerir a Jesus que importe este tipo de milagre para a sua equipa. Obviamente ele responderá: ”não te esqueças que o meu nome é Jesus. Esse milagre é p’ra… meninos!!!”
Família tradicional e luta do bem contra o mal - jorge carreira maia » 2024-04-24 » Jorge Carreira Maia A publicação do livro Identidade e Família – Entre a Consistência da Tradição e os Desafios da Modernidade, apresentado por Passos Coelho, gerou uma inusitada efervescência, o que foi uma vitória para os organizadores desta obra colectiva. |
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Plantação intensiva: do corte à escovinha e tudo em fila aos horizontes metalificados - maria augusta torcato » 2024-03-08 » Maria Augusta Torcato Não sei se por causa das minhas origens ou simplesmente da minha natureza, há em mim algo, muito forte, que me liga a árvores, a plantas, a flores, a animais, a espaços verdes ou amarelos e amplos ou exíguos, a serras mais ou menos elevadas, de onde as neblinas se descolam e evolam pelos céus, a pedras, pequenas ou pedregulhos, espalhadas ou juntinhas e a regatos e fontes que jorram espontaneamente. |
A crise das democracias liberais - jorge carreira maia » 2024-03-08 » Jorge Carreira Maia A crise das democracias liberais, que tanto e a tantos atormenta, pode residir num conflito entre a natureza humana e o regime democrático-liberal. Num livro de 2008, Democratic Authority – a philosophical framework, o filósofo David. |
A carne e os ossos - pedro borges ferreira » 2024-03-08 » Pedro Ferreira Existe um paternalismo naqueles que desenvolvem uma compreensão do mundo extensiva que muitas vezes não lhes permite ver os outros, quiçá a si próprios, como realmente são. A opinião pública tem sido marcada por reflexões sobre a falta de memória histórica como justificação do novo mundo intolerante que está para vir, adivinho eu, devido à intenção de voto que se espera no CHEGA. |
O Flautista de Hamelin... » 2024-02-28 » Hélder Dias |
Este mundo e o outro - joão carlos lopes » 2024-02-22 Escreve Jorge Carreira Maia, nesta edição, ter a certeza de que este mundo já não é o seu e que o mundo a que chamou seu acabou. “Não sei bem qual foi a hora em que as coisas mudaram, em que a megera da História me deixou para trás”, vai ele dizendo na suas palavras sempre lúcidas e brilhantes, concluindo que “vivemos já num mundo tenebroso, onde os clowns ainda não estão no poder, mas este já espera por eles, para que a História satisfaça a sua insaciável sede de sangue e miséria”. |