A fraude
Opinião » 2013-02-22 » Miguel Sentieiro
A reportagem sobre o BPN (a parte que consegui assistir com as pálpebras elevadas) relatou de forma fidedigna como todos nós teremos de pagar pelo alarve e despudorado roubo efectuado por inúmeras personalidades da nossa praça. ”E então? E então?… O que lhes aconteceu?... Nada!…”. Aí está a falta de concretização que tínhamos falado há pouco, aplicada a um acto criminoso. Um ladrão rouba uma ourivesaria. O Ourives é lesado. A polícia descobre quem é o ladrão. O ladrão é preso. Este seria o ciclo normal devidamente concretizado e que de alguma forma aliviaria a indignação da vítima. No caso do BPN, alguns gatunos foram identificados, entre eles, Oliveira e Costa, o cabecilha do gang que, depois de ter conseguido a proeza de com os amigos nos surripiar aquela bestialidade de dinheiro, cospe pedaços de sandes mastigadas e conta piadas numa audiência parlamentar sobre o assunto, para depois conseguir ser preso… à lareira da sua casa. E Então, e então… os amigos?... Nada!... Aliás, alguns amigos ainda andam por aí sem qualquer pudor. Um tipo que é agora conselheiro do primeiro ministro, e o outro, o tal recém-eleito secretário de estado que sabia, mas esperou que se torrassem mais uns milhões para depois sussurrar ao ouvido de alguém, que ouviu falar de uns dinheiritos que fugiram para umas contitas no estrangeiro. Agora percebi por que razão adormeci ao tentar ver a ”Fraude”; foi uma reacção de autoprotecção do meu organismo contra esta impunidade que apenas me faz mal. Esta falta de concretização aliviadora da punição da gatunagem deixa-me com gastrite. A sensação de se ficar a saber que nos roubaram, seguida do ”E então? E então?... Nada!” é a mesma daquela que se sente depois de uns carnais e efusivos preliminares amorosos, serem interrompidos por um ”é melhor ficarmos por aqui”. Vivemos no contraditório dilema Revolta / Resignação, onde após a indignação surge invariavelmente a impotência. Apetece-nos apertar o pescoço a toda essa bandidagem, mas os bandidos cospem sandes no parlamento entre risos e piadas e nós, nem um bananinho nas ventas conseguimos aplicar. É por isso que adormeço antes de constatar essas barbaridades. Se numa cirurgia à vesícula, é um bocado chato o paciente estar acordado enquanto lhes escarafuncham as vísceras, porque teremos nós de rejeitar a anestesia do sono, enquanto nos escarafuncham a paz interior? Ontem estava a ler uma crónica de Paulo Morais, onde denunciava a ladroagem das parcerias público-privadas, com a clara conivência do solícito ministro Gaspar. O pior de tudo, é que em nenhum momento da crónica, senti as pálpebras fraquejar e fui obrigado a manter o estado de consciência até ao final. ”E então? E então?... e perante esta constatação, o ministro faz alguma coisa?... nada… de muito especial! A não ser continuar a jorrar o nosso dinheiro para algibeiras mais ”necessitadas” e aconselhar o sono profundo como antídoto para todas as preocupações.
A fraude
Opinião » 2013-02-22 » Miguel SentieiroA reportagem sobre o BPN (a parte que consegui assistir com as pálpebras elevadas) relatou de forma fidedigna como todos nós teremos de pagar pelo alarve e despudorado roubo efectuado por inúmeras personalidades da nossa praça. ”E então? E então?… O que lhes aconteceu?... Nada!…”. Aí está a falta de concretização que tínhamos falado há pouco, aplicada a um acto criminoso. Um ladrão rouba uma ourivesaria. O Ourives é lesado. A polícia descobre quem é o ladrão. O ladrão é preso. Este seria o ciclo normal devidamente concretizado e que de alguma forma aliviaria a indignação da vítima. No caso do BPN, alguns gatunos foram identificados, entre eles, Oliveira e Costa, o cabecilha do gang que, depois de ter conseguido a proeza de com os amigos nos surripiar aquela bestialidade de dinheiro, cospe pedaços de sandes mastigadas e conta piadas numa audiência parlamentar sobre o assunto, para depois conseguir ser preso… à lareira da sua casa. E Então, e então… os amigos?... Nada!... Aliás, alguns amigos ainda andam por aí sem qualquer pudor. Um tipo que é agora conselheiro do primeiro ministro, e o outro, o tal recém-eleito secretário de estado que sabia, mas esperou que se torrassem mais uns milhões para depois sussurrar ao ouvido de alguém, que ouviu falar de uns dinheiritos que fugiram para umas contitas no estrangeiro. Agora percebi por que razão adormeci ao tentar ver a ”Fraude”; foi uma reacção de autoprotecção do meu organismo contra esta impunidade que apenas me faz mal. Esta falta de concretização aliviadora da punição da gatunagem deixa-me com gastrite. A sensação de se ficar a saber que nos roubaram, seguida do ”E então? E então?... Nada!” é a mesma daquela que se sente depois de uns carnais e efusivos preliminares amorosos, serem interrompidos por um ”é melhor ficarmos por aqui”. Vivemos no contraditório dilema Revolta / Resignação, onde após a indignação surge invariavelmente a impotência. Apetece-nos apertar o pescoço a toda essa bandidagem, mas os bandidos cospem sandes no parlamento entre risos e piadas e nós, nem um bananinho nas ventas conseguimos aplicar. É por isso que adormeço antes de constatar essas barbaridades. Se numa cirurgia à vesícula, é um bocado chato o paciente estar acordado enquanto lhes escarafuncham as vísceras, porque teremos nós de rejeitar a anestesia do sono, enquanto nos escarafuncham a paz interior? Ontem estava a ler uma crónica de Paulo Morais, onde denunciava a ladroagem das parcerias público-privadas, com a clara conivência do solícito ministro Gaspar. O pior de tudo, é que em nenhum momento da crónica, senti as pálpebras fraquejar e fui obrigado a manter o estado de consciência até ao final. ”E então? E então?... e perante esta constatação, o ministro faz alguma coisa?... nada… de muito especial! A não ser continuar a jorrar o nosso dinheiro para algibeiras mais ”necessitadas” e aconselhar o sono profundo como antídoto para todas as preocupações.
Eleições "livres"... » 2024-03-18 » Hélder Dias |
Este é o meu único mundo! - antónio mário santos » 2024-03-08 » António Mário Santos Comentava João Carlos Lopes , no último Jornal Torrejano, de 16 de Fevereiro, sob o título Este Mundo e o Outro, partindo, quer do pessimismo nostálgico do Jorge Carreira Maia (Este não é o meu mundo), quer da importância da memória, em Maria Augusta Torcato, para resistir «à névoa que provoca o esquecimento e cegueira», quer «na militância política e cívica sempre empenhada», da minha autoria, num país do salve-se quem puder e do deixa andar, sempre à espera dum messias que resolva, por qualquer gesto milagreiro, a sua raiva abafada de nunca ser outra coisa que a imagem crónica de pobreza. |
Plantação intensiva: do corte à escovinha e tudo em fila aos horizontes metalificados - maria augusta torcato » 2024-03-08 » Maria Augusta Torcato Não sei se por causa das minhas origens ou simplesmente da minha natureza, há em mim algo, muito forte, que me liga a árvores, a plantas, a flores, a animais, a espaços verdes ou amarelos e amplos ou exíguos, a serras mais ou menos elevadas, de onde as neblinas se descolam e evolam pelos céus, a pedras, pequenas ou pedregulhos, espalhadas ou juntinhas e a regatos e fontes que jorram espontaneamente. |
A crise das democracias liberais - jorge carreira maia » 2024-03-08 » Jorge Carreira Maia A crise das democracias liberais, que tanto e a tantos atormenta, pode residir num conflito entre a natureza humana e o regime democrático-liberal. Num livro de 2008, Democratic Authority – a philosophical framework, o filósofo David. |
A carne e os ossos - pedro borges ferreira » 2024-03-08 » Pedro Ferreira Existe um paternalismo naqueles que desenvolvem uma compreensão do mundo extensiva que muitas vezes não lhes permite ver os outros, quiçá a si próprios, como realmente são. A opinião pública tem sido marcada por reflexões sobre a falta de memória histórica como justificação do novo mundo intolerante que está para vir, adivinho eu, devido à intenção de voto que se espera no CHEGA. |
O Flautista de Hamelin... » 2024-02-28 » Hélder Dias |
Este mundo e o outro - joão carlos lopes » 2024-02-22 Escreve Jorge Carreira Maia, nesta edição, ter a certeza de que este mundo já não é o seu e que o mundo a que chamou seu acabou. “Não sei bem qual foi a hora em que as coisas mudaram, em que a megera da História me deixou para trás”, vai ele dizendo na suas palavras sempre lúcidas e brilhantes, concluindo que “vivemos já num mundo tenebroso, onde os clowns ainda não estão no poder, mas este já espera por eles, para que a História satisfaça a sua insaciável sede de sangue e miséria”. |
2032: a redenção do Planeta - jorge cordeiro simões » 2024-02-22 » Jorge Cordeiro Simões
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Avivar a memória - antónio gomes » 2024-02-22 » António Gomes Há dias atrás, no âmbito da pré-campanha eleitoral, visitei o lugar onde passei a maior parte da minha vida (47 anos), as oficinas da CP no Entroncamento. Não que tivesse saudades, mas o espaço, o cheiro e acima de tudo a oportunidade de rever alguns companheiros que ainda por lá se encontram, que ainda lá continuam a vender a sua força de trabalho, foi uma boa recompensa. |
Eleições, para que vos quero! - antónio mário santos » 2024-02-22 Quando me aborreço, mudo de canal. Vou seguindo os debates eleitorais televisivos, mas, saturado, opto por um filme no SYFY, onde a Humanidade tenta salvar com seus heróis americanizados da Marvel o planeta Terra, em vez de gramar as notas e as opiniões dos comentadores profissionais e partidocratas que se esfalfam na crítica ou no elogio do seu candidato de estimação. |
» 2024-02-28
» Hélder Dias
O Flautista de Hamelin... |
» 2024-03-08
» Maria Augusta Torcato
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» Pedro Ferreira
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