A minha campanha
Opinião » 2015-08-29 » Adelino Pires"Seguirei o líder, passo a passo, onde quer que ele esteja, onde quer que ele vá. Dormirei com ele. Afinal quem é o líder, se não eu?"
Algum dia teria de ser. Fui adiando, empurrando, mas agora já não dava para mais desculpas.
Já não bastava fungar, criticar, escrevinhar por aí, mas continuar a assobiar para o lado.
Ponderei, dormi sobre o assunto e, como agora se diz, decidi assumir: vou avançar!
Desta vez convidei-me a mim próprio e resolvi aceitar. Espero não me desiludir.
Sinto-me preparado, mas ainda assim vou ler mais alguns manuais. Farei um retiro, um roteiro ou algo parecido com um estágio de pré-época para que a forma me não traia.
E depois, bem, depois estarei pronto para o que der e vier.
Para os debates e as arruadas, os comícios e as peixeiradas. Estarei preparado para tudo.
Falarei pelos cotovelos, punho erguido ou mão na anca.
Prescindirei de acessores e motoristas, juristas e massagistas, astrólogos e futurólogos.
Ensaiarei frente ao espelho, expressões, sorrisos e bocejos. Diz-me espelho meu, há algum pró-candidato melhor do que eu?
Colarei cartazes, mesmo que descolados no dia seguinte, por lapso dalguém do meu partido, unipessoal, culpa minha, mea culpa.
Seguirei o lider, passo a passo, onde quer que ele esteja, onde quer que ele vá. Dormirei com ele. Afinal quem é o líder, se não eu?
Vou baralhar as sondagens e as contas fazem-se no fim. Até posso vir a ser eleito. Tenho alguns votos contados. Como as favas que, apesar de indigestas, compensam o mal que fazem pelo bem que sabem.
Entrarei em campanha e vou ver se me aguento à bronca, com as broncas que se avizinham.
Decidi que vou avançar. No sofá. Sim, apenas no sofá que sofro de claustrofobia.
No final, após algum tempo de reflexão, decidirei se votarei.
Ao menos em mim. Porque nos outros, confesso, tenho mesmo muitas dúvidas.
A minha campanha
Opinião » 2015-08-29 » Adelino PiresSeguirei o líder, passo a passo, onde quer que ele esteja, onde quer que ele vá. Dormirei com ele. Afinal quem é o líder, se não eu?
Algum dia teria de ser. Fui adiando, empurrando, mas agora já não dava para mais desculpas.
Já não bastava fungar, criticar, escrevinhar por aí, mas continuar a assobiar para o lado.
Ponderei, dormi sobre o assunto e, como agora se diz, decidi assumir: vou avançar!
Desta vez convidei-me a mim próprio e resolvi aceitar. Espero não me desiludir.
Sinto-me preparado, mas ainda assim vou ler mais alguns manuais. Farei um retiro, um roteiro ou algo parecido com um estágio de pré-época para que a forma me não traia.
E depois, bem, depois estarei pronto para o que der e vier.
Para os debates e as arruadas, os comícios e as peixeiradas. Estarei preparado para tudo.
Falarei pelos cotovelos, punho erguido ou mão na anca.
Prescindirei de acessores e motoristas, juristas e massagistas, astrólogos e futurólogos.
Ensaiarei frente ao espelho, expressões, sorrisos e bocejos. Diz-me espelho meu, há algum pró-candidato melhor do que eu?
Colarei cartazes, mesmo que descolados no dia seguinte, por lapso dalguém do meu partido, unipessoal, culpa minha, mea culpa.
Seguirei o lider, passo a passo, onde quer que ele esteja, onde quer que ele vá. Dormirei com ele. Afinal quem é o líder, se não eu?
Vou baralhar as sondagens e as contas fazem-se no fim. Até posso vir a ser eleito. Tenho alguns votos contados. Como as favas que, apesar de indigestas, compensam o mal que fazem pelo bem que sabem.
Entrarei em campanha e vou ver se me aguento à bronca, com as broncas que se avizinham.
Decidi que vou avançar. No sofá. Sim, apenas no sofá que sofro de claustrofobia.
No final, após algum tempo de reflexão, decidirei se votarei.
Ao menos em mim. Porque nos outros, confesso, tenho mesmo muitas dúvidas.
Eleições "livres"... » 2024-03-18 » Hélder Dias |
Este é o meu único mundo! - antónio mário santos » 2024-03-08 » António Mário Santos Comentava João Carlos Lopes , no último Jornal Torrejano, de 16 de Fevereiro, sob o título Este Mundo e o Outro, partindo, quer do pessimismo nostálgico do Jorge Carreira Maia (Este não é o meu mundo), quer da importância da memória, em Maria Augusta Torcato, para resistir «à névoa que provoca o esquecimento e cegueira», quer «na militância política e cívica sempre empenhada», da minha autoria, num país do salve-se quem puder e do deixa andar, sempre à espera dum messias que resolva, por qualquer gesto milagreiro, a sua raiva abafada de nunca ser outra coisa que a imagem crónica de pobreza. |
Plantação intensiva: do corte à escovinha e tudo em fila aos horizontes metalificados - maria augusta torcato » 2024-03-08 » Maria Augusta Torcato Não sei se por causa das minhas origens ou simplesmente da minha natureza, há em mim algo, muito forte, que me liga a árvores, a plantas, a flores, a animais, a espaços verdes ou amarelos e amplos ou exíguos, a serras mais ou menos elevadas, de onde as neblinas se descolam e evolam pelos céus, a pedras, pequenas ou pedregulhos, espalhadas ou juntinhas e a regatos e fontes que jorram espontaneamente. |
A crise das democracias liberais - jorge carreira maia » 2024-03-08 » Jorge Carreira Maia A crise das democracias liberais, que tanto e a tantos atormenta, pode residir num conflito entre a natureza humana e o regime democrático-liberal. Num livro de 2008, Democratic Authority – a philosophical framework, o filósofo David. |
A carne e os ossos - pedro borges ferreira » 2024-03-08 » Pedro Ferreira Existe um paternalismo naqueles que desenvolvem uma compreensão do mundo extensiva que muitas vezes não lhes permite ver os outros, quiçá a si próprios, como realmente são. A opinião pública tem sido marcada por reflexões sobre a falta de memória histórica como justificação do novo mundo intolerante que está para vir, adivinho eu, devido à intenção de voto que se espera no CHEGA. |
O Flautista de Hamelin... » 2024-02-28 » Hélder Dias |
Este mundo e o outro - joão carlos lopes » 2024-02-22 Escreve Jorge Carreira Maia, nesta edição, ter a certeza de que este mundo já não é o seu e que o mundo a que chamou seu acabou. “Não sei bem qual foi a hora em que as coisas mudaram, em que a megera da História me deixou para trás”, vai ele dizendo na suas palavras sempre lúcidas e brilhantes, concluindo que “vivemos já num mundo tenebroso, onde os clowns ainda não estão no poder, mas este já espera por eles, para que a História satisfaça a sua insaciável sede de sangue e miséria”. |
2032: a redenção do Planeta - jorge cordeiro simões » 2024-02-22 » Jorge Cordeiro Simões
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Eleições, para que vos quero! - antónio mário santos » 2024-02-22 Quando me aborreço, mudo de canal. Vou seguindo os debates eleitorais televisivos, mas, saturado, opto por um filme no SYFY, onde a Humanidade tenta salvar com seus heróis americanizados da Marvel o planeta Terra, em vez de gramar as notas e as opiniões dos comentadores profissionais e partidocratas que se esfalfam na crítica ou no elogio do seu candidato de estimação. |
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