Com um brilhozinho nos olhos...
Opinião » 2015-09-02 » Adelino Pires"Já setenta Sérgio? E o Maio de 68 que parece que foi ontem e te apanhou com 23, na flor da esperança na Paris da “rive gauche”? A ti e ao Zé Mário que teimou em mudar as vontades, noutro tempo, noutros tempos. E os outros, tantos outros que te ouviram, te cantaram, se agitaram?"
Sérgio Godinho fez há dias setenta anos. Setenta? Sim, Rosalinda. Como diria o Fausto, companheiro nessas andanças, se tu fosses à praia, se tu fosses ver o mar, sabias que o Sérgio já por lá tinha andado há muitas luas. Por lá e por muito lado. Por aqui e por ali. Pelas suiças, franças e canadás. Pelas sete partidas do mundo.
Mestre nos trocadilhos e nos trocaderos, escritor de canções ou cantor de escritos, o Sérgio é inigualável. Com a sacola e a viola, come a frase, engole a sílaba e, por uma nesga, lá mete o rossio na betesga, sem que nunca nada fique por dizer. Fosse “À Queima-Roupa”, ou pelo “Canto da Boca”, qual “Sobrevivente”, soube bem cedo que “a paz, o pão, habitação, saúde, educação” eram, são e serão, não apenas um bom refrão.
Já setenta Sérgio? E o Maio de 68 que parece que foi ontem e te apanhou com 23, na flor da esperança na Paris da “rive gauche”? A ti e ao Zé Mário que teimou em mudar as vontades, noutro tempo, noutros tempos. E os outros, tantos outros que te ouviram, te cantaram, se agitaram?
Sabes Sérgio, não sei se este é o primeiro dia do resto das nossas vidas. Mas ao reler algumas das letras com que nos foste brindando ao longo de tantos anos, escrevo-te com um brilhozinho nos olhos, sabendo que nos teus setenta, tu fizeste a tua parte, mas muitos dos outros, cruzaram os braços e nunca poderiam ter escrito nenhum “Romance de um Dia na Estrada”.
Percebe-se bem porque razão a “Alice no País dos Matraquilhos” cuidaria de ter “Cuidado com as Imitações”.
E “Se a Vida é Feita de Pequenos Nadas”, já agora, não pares. Nunca pares de engolir as sílabas, trocadilhando como tu e só tu o consegue fazer.
Agora, Sérgio, desculpa, mas tenho que ir. O vinil acabou e apetece-me voltar a ouvi-lo. «Que Força é essa, Amigo»?
(Adelino Correia-Pires, Setembro 2015)
Com um brilhozinho nos olhos...
Opinião » 2015-09-02 » Adelino PiresJá setenta Sérgio? E o Maio de 68 que parece que foi ontem e te apanhou com 23, na flor da esperança na Paris da “rive gauche”? A ti e ao Zé Mário que teimou em mudar as vontades, noutro tempo, noutros tempos. E os outros, tantos outros que te ouviram, te cantaram, se agitaram?
Sérgio Godinho fez há dias setenta anos. Setenta? Sim, Rosalinda. Como diria o Fausto, companheiro nessas andanças, se tu fosses à praia, se tu fosses ver o mar, sabias que o Sérgio já por lá tinha andado há muitas luas. Por lá e por muito lado. Por aqui e por ali. Pelas suiças, franças e canadás. Pelas sete partidas do mundo.
Mestre nos trocadilhos e nos trocaderos, escritor de canções ou cantor de escritos, o Sérgio é inigualável. Com a sacola e a viola, come a frase, engole a sílaba e, por uma nesga, lá mete o rossio na betesga, sem que nunca nada fique por dizer. Fosse “À Queima-Roupa”, ou pelo “Canto da Boca”, qual “Sobrevivente”, soube bem cedo que “a paz, o pão, habitação, saúde, educação” eram, são e serão, não apenas um bom refrão.
Já setenta Sérgio? E o Maio de 68 que parece que foi ontem e te apanhou com 23, na flor da esperança na Paris da “rive gauche”? A ti e ao Zé Mário que teimou em mudar as vontades, noutro tempo, noutros tempos. E os outros, tantos outros que te ouviram, te cantaram, se agitaram?
Sabes Sérgio, não sei se este é o primeiro dia do resto das nossas vidas. Mas ao reler algumas das letras com que nos foste brindando ao longo de tantos anos, escrevo-te com um brilhozinho nos olhos, sabendo que nos teus setenta, tu fizeste a tua parte, mas muitos dos outros, cruzaram os braços e nunca poderiam ter escrito nenhum “Romance de um Dia na Estrada”.
Percebe-se bem porque razão a “Alice no País dos Matraquilhos” cuidaria de ter “Cuidado com as Imitações”.
E “Se a Vida é Feita de Pequenos Nadas”, já agora, não pares. Nunca pares de engolir as sílabas, trocadilhando como tu e só tu o consegue fazer.
Agora, Sérgio, desculpa, mas tenho que ir. O vinil acabou e apetece-me voltar a ouvi-lo. «Que Força é essa, Amigo»?
(Adelino Correia-Pires, Setembro 2015)
As eleições e o triunfo do pensamento mágico - jorge carreira maia » 2024-04-10 » Jorge Carreira Maia Existe, em Portugal, uma franja pequena do eleitorado que quer, deliberadamente, destruir a democracia, não suporta os regimes liberais, sonha com o retorno ao autoritarismo. Ao votar Chega, fá-lo racionalmente. Contudo, a explosão do eleitorado do partido de André Ventura não se explica por esse tipo de eleitores. |
Eleições "livres"... » 2024-03-18 » Hélder Dias |
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A carne e os ossos - pedro borges ferreira » 2024-03-08 » Pedro Ferreira Existe um paternalismo naqueles que desenvolvem uma compreensão do mundo extensiva que muitas vezes não lhes permite ver os outros, quiçá a si próprios, como realmente são. A opinião pública tem sido marcada por reflexões sobre a falta de memória histórica como justificação do novo mundo intolerante que está para vir, adivinho eu, devido à intenção de voto que se espera no CHEGA. |
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Avivar a memória - antónio gomes » 2024-02-22 » António Gomes Há dias atrás, no âmbito da pré-campanha eleitoral, visitei o lugar onde passei a maior parte da minha vida (47 anos), as oficinas da CP no Entroncamento. Não que tivesse saudades, mas o espaço, o cheiro e acima de tudo a oportunidade de rever alguns companheiros que ainda por lá se encontram, que ainda lá continuam a vender a sua força de trabalho, foi uma boa recompensa. |
» 2024-04-10
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