O porco
Opinião » 2019-04-20 » Inês Vidal
Sentei-me no café a tentar escrever este “vinte”. Erro. A ideia que trazia, rapidamente se confundiu com a voz que esganiçada me ecoava repetidamente ao ouvido, vinda de uma televisão em altos berros, a história do terror – muito terror – de um jovem, um homem e um cão.
Não consegui deixar de pensar no cão. Até que ponto seria importante para contextualizar aquela história. Não consegui concentrar-me no texto. Estávamos então a 19 de Abril de 2019.
E era exactamente sobre Abril que ia escrever quando me sentei no café e a história do rapaz, do cão, do predador e do terror me invadiram.
Para a semana comemoramos mais um ano sobre o 25 de Abril. Há uma linha que nos separa a todos quanto a este assunto. Uma questão que já é maior do que a meramente geracional que um dia foi. Aqueles que continuam a viver Abril de cravo em punho e Grândola na voz, os outros que o viveram mas já o arrumaram na mesma gaveta que à Instauração da República, ou os que por nunca o terem vivido ou não lhes ter sido transmitido o apreço dos primeiros, vivem o feriado como um bom dia para passear.
As celebrações da efeméride multiplicam-se pelos concelhos vizinhos. Música, desporto, exposições, descerrar de bandeiras, discursos que giram em torno de um Abril que falta cumprir, compõem os programas um pouco por todo o lado. Numa busca pela Internet rapidamente percebemos que no Entroncamento teremos Carlos Mendes, em Alcanena a Brigada Vítor Jara, na Barquinha há canções de Abril e em Abrantes um concerto dos UHF dedicado a Zeca Afonso.
Em Torres Novas, quando pesquisamos pelo programa das comemorações deste ano, aparece-nos o tempo em Abril, oferecido pelo Accuweather. Esmiuçando o assunto, percebemos que afinal também há um porco no espeto, assim como que para empurrar os discursos.
Assim se vive Abril em Torres Novas, entre shots de colesterol e palavras entregues, muitas vezes, ao vento. Mas o que importa isso quando há um porco e uma Cristina, que entre roncos e saltos agulha nos trazem a história do rapaz, do cão, do predador e do terror.
O porco
Opinião » 2019-04-20 » Inês VidalSentei-me no café a tentar escrever este “vinte”. Erro. A ideia que trazia, rapidamente se confundiu com a voz que esganiçada me ecoava repetidamente ao ouvido, vinda de uma televisão em altos berros, a história do terror – muito terror – de um jovem, um homem e um cão.
Não consegui deixar de pensar no cão. Até que ponto seria importante para contextualizar aquela história. Não consegui concentrar-me no texto. Estávamos então a 19 de Abril de 2019.
E era exactamente sobre Abril que ia escrever quando me sentei no café e a história do rapaz, do cão, do predador e do terror me invadiram.
Para a semana comemoramos mais um ano sobre o 25 de Abril. Há uma linha que nos separa a todos quanto a este assunto. Uma questão que já é maior do que a meramente geracional que um dia foi. Aqueles que continuam a viver Abril de cravo em punho e Grândola na voz, os outros que o viveram mas já o arrumaram na mesma gaveta que à Instauração da República, ou os que por nunca o terem vivido ou não lhes ter sido transmitido o apreço dos primeiros, vivem o feriado como um bom dia para passear.
As celebrações da efeméride multiplicam-se pelos concelhos vizinhos. Música, desporto, exposições, descerrar de bandeiras, discursos que giram em torno de um Abril que falta cumprir, compõem os programas um pouco por todo o lado. Numa busca pela Internet rapidamente percebemos que no Entroncamento teremos Carlos Mendes, em Alcanena a Brigada Vítor Jara, na Barquinha há canções de Abril e em Abrantes um concerto dos UHF dedicado a Zeca Afonso.
Em Torres Novas, quando pesquisamos pelo programa das comemorações deste ano, aparece-nos o tempo em Abril, oferecido pelo Accuweather. Esmiuçando o assunto, percebemos que afinal também há um porco no espeto, assim como que para empurrar os discursos.
Assim se vive Abril em Torres Novas, entre shots de colesterol e palavras entregues, muitas vezes, ao vento. Mas o que importa isso quando há um porco e uma Cristina, que entre roncos e saltos agulha nos trazem a história do rapaz, do cão, do predador e do terror.
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A carne e os ossos - pedro borges ferreira » 2024-03-08 » Pedro Ferreira Existe um paternalismo naqueles que desenvolvem uma compreensão do mundo extensiva que muitas vezes não lhes permite ver os outros, quiçá a si próprios, como realmente são. A opinião pública tem sido marcada por reflexões sobre a falta de memória histórica como justificação do novo mundo intolerante que está para vir, adivinho eu, devido à intenção de voto que se espera no CHEGA. |
O Flautista de Hamelin... » 2024-02-28 » Hélder Dias |
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» 2024-04-10
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