Jorge de Sena
Opinião » 2016-12-01 » Jorge Carreira Maia"O que é notável em Sena é a qualidade geral da sua obra, a capacidade de rasgar caminhos com uma clara marca pessoal nas diversas áreas que o interessaram."
A vocação literária, talvez toda e qualquer vocação, possui sempre uma dimensão misteriosa, a qual está muito para além das aparências quotidianas. Jorge de Sena não foge a esta regra. É um dos intelectuais portugueses mais importantes do século XX, um dos escritores mais polifacetados e interessantes dessa época. O curioso é que se tornou escritor apesar da sua formação estar muito longe daquela que nos leva a pensar que a escrita é o caminho natural a seguir durante uma vida. Sena começa por ser um candidato frustrado a oficial da Marinha, tendo frequentado com insucesso a Escola Naval. Acabou por se licenciar em engenharia civil, que chegou a exercer.
A obra literária de Sena é ampla e complexa. Possui uma sólida obra poética, mas também escreveu ficção, drama e ensaio, sendo este centrado na literatura e, em especial, na poesia. O que é notável em Sena é a qualidade geral da sua obra, a capacidade de rasgar caminhos com uma clara marca pessoal nas diversas áreas que o interessaram. Uma obra vasta e complexa para alguém que morreu, em 1978, ainda antes de completar os 59 anos. Uma obra onde perpassam, também, as vicissitudes da vida em Portugal, tanto na época do salazarismo como na dos primeiros tempos da democracia portuguesa. Na verdade, Sena exilou-se em 1959, primeiro no Brasil e depois nos EUA, e nunca voltou a viver em Portugal, com cuja sociedade manteve uma tensa relação de amor-ódio.
O meu primeiro contacto com Jorge de Sena foi através da poesia. Foi um dos poetas que, juntamente com Eugénio de Andrade, mais li nos verdes anos. O que mais me marcou, porém, foi o seu romance Sinais de Fogo, uma obra inacabada e publicada postumamente em 1979. A acção desenrola-se entre Lisboa e a Figueira da Foz, tendo por pano de fundo a guerra civil de Espanha (1936-1939). É um extraordinário romance de formação, onde a transição para a idade adulta se tece sobre os efeitos de um dos conflitos mais negros do século XX. Apesar de inacabado, é, para mim, o romance português do século XX mais importante. Agora que caminhamos para o quadragésimo aniversário da morte de Sena, esperemos que isso não signifique a entrada na obscuridade de uma grande obra, nomeadamente na poesia e na ficção. Sena pertence por direito próprio ao cânone da nossa literatura.
Jorge de Sena
Opinião » 2016-12-01 » Jorge Carreira MaiaO que é notável em Sena é a qualidade geral da sua obra, a capacidade de rasgar caminhos com uma clara marca pessoal nas diversas áreas que o interessaram.
A vocação literária, talvez toda e qualquer vocação, possui sempre uma dimensão misteriosa, a qual está muito para além das aparências quotidianas. Jorge de Sena não foge a esta regra. É um dos intelectuais portugueses mais importantes do século XX, um dos escritores mais polifacetados e interessantes dessa época. O curioso é que se tornou escritor apesar da sua formação estar muito longe daquela que nos leva a pensar que a escrita é o caminho natural a seguir durante uma vida. Sena começa por ser um candidato frustrado a oficial da Marinha, tendo frequentado com insucesso a Escola Naval. Acabou por se licenciar em engenharia civil, que chegou a exercer.
A obra literária de Sena é ampla e complexa. Possui uma sólida obra poética, mas também escreveu ficção, drama e ensaio, sendo este centrado na literatura e, em especial, na poesia. O que é notável em Sena é a qualidade geral da sua obra, a capacidade de rasgar caminhos com uma clara marca pessoal nas diversas áreas que o interessaram. Uma obra vasta e complexa para alguém que morreu, em 1978, ainda antes de completar os 59 anos. Uma obra onde perpassam, também, as vicissitudes da vida em Portugal, tanto na época do salazarismo como na dos primeiros tempos da democracia portuguesa. Na verdade, Sena exilou-se em 1959, primeiro no Brasil e depois nos EUA, e nunca voltou a viver em Portugal, com cuja sociedade manteve uma tensa relação de amor-ódio.
O meu primeiro contacto com Jorge de Sena foi através da poesia. Foi um dos poetas que, juntamente com Eugénio de Andrade, mais li nos verdes anos. O que mais me marcou, porém, foi o seu romance Sinais de Fogo, uma obra inacabada e publicada postumamente em 1979. A acção desenrola-se entre Lisboa e a Figueira da Foz, tendo por pano de fundo a guerra civil de Espanha (1936-1939). É um extraordinário romance de formação, onde a transição para a idade adulta se tece sobre os efeitos de um dos conflitos mais negros do século XX. Apesar de inacabado, é, para mim, o romance português do século XX mais importante. Agora que caminhamos para o quadragésimo aniversário da morte de Sena, esperemos que isso não signifique a entrada na obscuridade de uma grande obra, nomeadamente na poesia e na ficção. Sena pertence por direito próprio ao cânone da nossa literatura.
Caminho de Abril - maria augusta torcato » 2024-04-22 » Maria Augusta Torcato Olho para o meu caminho e fico contente. Acho mesmo que fiz o caminho de Abril. O caminho que Abril representa. No entanto, a realidade atual e os desafios diários levam-me a desejar muito que este caminho não seja esquecido, não por querer que ele se repita, mas para não nos darmos conta, quase sem tempo de manteiga nos dentes, que estamos, outra vez, lá muito atrás e há que fazer de novo o caminho com tudo o que isso implica e que hoje seria incompreensível e inaceitável. |
As eleições e o triunfo do pensamento mágico - jorge carreira maia » 2024-04-10 » Jorge Carreira Maia Existe, em Portugal, uma franja pequena do eleitorado que quer, deliberadamente, destruir a democracia, não suporta os regimes liberais, sonha com o retorno ao autoritarismo. Ao votar Chega, fá-lo racionalmente. Contudo, a explosão do eleitorado do partido de André Ventura não se explica por esse tipo de eleitores. |
Eleições "livres"... » 2024-03-18 » Hélder Dias |
Este é o meu único mundo! - antónio mário santos » 2024-03-08 » António Mário Santos Comentava João Carlos Lopes , no último Jornal Torrejano, de 16 de Fevereiro, sob o título Este Mundo e o Outro, partindo, quer do pessimismo nostálgico do Jorge Carreira Maia (Este não é o meu mundo), quer da importância da memória, em Maria Augusta Torcato, para resistir «à névoa que provoca o esquecimento e cegueira», quer «na militância política e cívica sempre empenhada», da minha autoria, num país do salve-se quem puder e do deixa andar, sempre à espera dum messias que resolva, por qualquer gesto milagreiro, a sua raiva abafada de nunca ser outra coisa que a imagem crónica de pobreza. |
Plantação intensiva: do corte à escovinha e tudo em fila aos horizontes metalificados - maria augusta torcato » 2024-03-08 » Maria Augusta Torcato Não sei se por causa das minhas origens ou simplesmente da minha natureza, há em mim algo, muito forte, que me liga a árvores, a plantas, a flores, a animais, a espaços verdes ou amarelos e amplos ou exíguos, a serras mais ou menos elevadas, de onde as neblinas se descolam e evolam pelos céus, a pedras, pequenas ou pedregulhos, espalhadas ou juntinhas e a regatos e fontes que jorram espontaneamente. |
A crise das democracias liberais - jorge carreira maia » 2024-03-08 » Jorge Carreira Maia A crise das democracias liberais, que tanto e a tantos atormenta, pode residir num conflito entre a natureza humana e o regime democrático-liberal. Num livro de 2008, Democratic Authority – a philosophical framework, o filósofo David. |
A carne e os ossos - pedro borges ferreira » 2024-03-08 » Pedro Ferreira Existe um paternalismo naqueles que desenvolvem uma compreensão do mundo extensiva que muitas vezes não lhes permite ver os outros, quiçá a si próprios, como realmente são. A opinião pública tem sido marcada por reflexões sobre a falta de memória histórica como justificação do novo mundo intolerante que está para vir, adivinho eu, devido à intenção de voto que se espera no CHEGA. |
O Flautista de Hamelin... » 2024-02-28 » Hélder Dias |
Este mundo e o outro - joão carlos lopes » 2024-02-22 Escreve Jorge Carreira Maia, nesta edição, ter a certeza de que este mundo já não é o seu e que o mundo a que chamou seu acabou. “Não sei bem qual foi a hora em que as coisas mudaram, em que a megera da História me deixou para trás”, vai ele dizendo na suas palavras sempre lúcidas e brilhantes, concluindo que “vivemos já num mundo tenebroso, onde os clowns ainda não estão no poder, mas este já espera por eles, para que a História satisfaça a sua insaciável sede de sangue e miséria”. |
2032: a redenção do Planeta - jorge cordeiro simões » 2024-02-22 » Jorge Cordeiro Simões
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» 2024-04-22
» Maria Augusta Torcato
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» 2024-04-10
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