Caixa, Marcelo, Venezuela e Papa
Opinião » 2019-02-08 » Jorge Carreira Maia"Se se quiser um exemplo da degradação moral da nossa vida política, o que aconteceu durante muitos anos na CGD é um dos principais candidatos."
1. CAIXA GERAL DE DEPÓSITOS. O que se tem vindo a saber da Caixa Geral de Depósitos dá razão aos que, na União Europeia, julgam ser necessário impor uma espécie de protectorado aos países do sul da Europa. O banco do Estado serviu de depósito a gente que vinha da política e ali encontrou um porto, bom e rico, onde lançar âncora. E não apenas aportaram confortavelmente como permitiram que a instituição quase fosse destruída, enquanto um número significativo de empreendedores se esquecia de liquidar os empréstimos ao banco. Se se quiser um exemplo da degradação moral da nossa vida política, o que aconteceu durante muitos anos na CGD é um dos principais candidatos.
2. MARCELO NO BAIRRO DA JAMAICA. O modo de fazer política de Marcelo tem muitos detractores, tanto na direita como na esquerda. Contudo, ele tem um papel fundamental no equilíbrio da sociedade portuguesa. A visita surpresa ao Bairro da Jamaica, no Seixal, e o compromisso de lá voltar para uma festa dos moradores são um novo sinal que o actual PR tem um instinto certeiro para apagar fogos. Ser bombeiro era uma possibilidade inscrita na função presidencial que só agora está a ser descoberta. Felizmente.
3. VENEZUELA. O actual problema da Venezuela não começou com Maduro. Começou com Chávez e a chamada revolução bolivariana. Enquanto o petróleo ajudou, as opções erradas foram sendo disfarçadas, dando a ilusão que se estava a tirar parte significativa da população da miséria. Quando a realidade mudou, as pessoas descobriram que a miséria é bem mais persistente do que pensavam. Descobriram também que não há passes de mágica que resolvam as grandes desigualdades sociais. Depois, como ensinou Bismarck, a política é a arte do possível. Quando, em nome do deslumbramento revolucionário, se acha que se pode ir para além do possível, o mais certo é a miséria estar do outro lado da porta.
4. O PAPA NO CENTRO DO ISLÃO. A visita do Papa Francisco à península arábica é um acontecimento da maior relevância. Tanto pela ida do Sumo Pontífice romano como pelo acolhimento das autoridades islâmicas, com destaque para o xeque Ahmed el-Tayeb. A conflitualidade religiosa é um dos principais problemas geopolíticos. Qualquer aproximação entre as diversas autoridades espirituais é um passo para a difícil pacificação das paixões religiosas. Ninguém imagina que essa paz está ao virar da esquina. No entanto, é melhor construir pontes entres os homens do que erguer muros. E o Papa Francisco, contra o desejo de muitos, tem-no feito.
Caixa, Marcelo, Venezuela e Papa
Opinião » 2019-02-08 » Jorge Carreira MaiaSe se quiser um exemplo da degradação moral da nossa vida política, o que aconteceu durante muitos anos na CGD é um dos principais candidatos.
1. CAIXA GERAL DE DEPÓSITOS. O que se tem vindo a saber da Caixa Geral de Depósitos dá razão aos que, na União Europeia, julgam ser necessário impor uma espécie de protectorado aos países do sul da Europa. O banco do Estado serviu de depósito a gente que vinha da política e ali encontrou um porto, bom e rico, onde lançar âncora. E não apenas aportaram confortavelmente como permitiram que a instituição quase fosse destruída, enquanto um número significativo de empreendedores se esquecia de liquidar os empréstimos ao banco. Se se quiser um exemplo da degradação moral da nossa vida política, o que aconteceu durante muitos anos na CGD é um dos principais candidatos.
2. MARCELO NO BAIRRO DA JAMAICA. O modo de fazer política de Marcelo tem muitos detractores, tanto na direita como na esquerda. Contudo, ele tem um papel fundamental no equilíbrio da sociedade portuguesa. A visita surpresa ao Bairro da Jamaica, no Seixal, e o compromisso de lá voltar para uma festa dos moradores são um novo sinal que o actual PR tem um instinto certeiro para apagar fogos. Ser bombeiro era uma possibilidade inscrita na função presidencial que só agora está a ser descoberta. Felizmente.
3. VENEZUELA. O actual problema da Venezuela não começou com Maduro. Começou com Chávez e a chamada revolução bolivariana. Enquanto o petróleo ajudou, as opções erradas foram sendo disfarçadas, dando a ilusão que se estava a tirar parte significativa da população da miséria. Quando a realidade mudou, as pessoas descobriram que a miséria é bem mais persistente do que pensavam. Descobriram também que não há passes de mágica que resolvam as grandes desigualdades sociais. Depois, como ensinou Bismarck, a política é a arte do possível. Quando, em nome do deslumbramento revolucionário, se acha que se pode ir para além do possível, o mais certo é a miséria estar do outro lado da porta.
4. O PAPA NO CENTRO DO ISLÃO. A visita do Papa Francisco à península arábica é um acontecimento da maior relevância. Tanto pela ida do Sumo Pontífice romano como pelo acolhimento das autoridades islâmicas, com destaque para o xeque Ahmed el-Tayeb. A conflitualidade religiosa é um dos principais problemas geopolíticos. Qualquer aproximação entre as diversas autoridades espirituais é um passo para a difícil pacificação das paixões religiosas. Ninguém imagina que essa paz está ao virar da esquina. No entanto, é melhor construir pontes entres os homens do que erguer muros. E o Papa Francisco, contra o desejo de muitos, tem-no feito.
Caminho de Abril - maria augusta torcato » 2024-04-22 » Maria Augusta Torcato Olho para o meu caminho e fico contente. Acho mesmo que fiz o caminho de Abril. O caminho que Abril representa. No entanto, a realidade atual e os desafios diários levam-me a desejar muito que este caminho não seja esquecido, não por querer que ele se repita, mas para não nos darmos conta, quase sem tempo de manteiga nos dentes, que estamos, outra vez, lá muito atrás e há que fazer de novo o caminho com tudo o que isso implica e que hoje seria incompreensível e inaceitável. |
As eleições e o triunfo do pensamento mágico - jorge carreira maia » 2024-04-10 » Jorge Carreira Maia Existe, em Portugal, uma franja pequena do eleitorado que quer, deliberadamente, destruir a democracia, não suporta os regimes liberais, sonha com o retorno ao autoritarismo. Ao votar Chega, fá-lo racionalmente. Contudo, a explosão do eleitorado do partido de André Ventura não se explica por esse tipo de eleitores. |
Eleições "livres"... » 2024-03-18 » Hélder Dias |
Este é o meu único mundo! - antónio mário santos » 2024-03-08 » António Mário Santos Comentava João Carlos Lopes , no último Jornal Torrejano, de 16 de Fevereiro, sob o título Este Mundo e o Outro, partindo, quer do pessimismo nostálgico do Jorge Carreira Maia (Este não é o meu mundo), quer da importância da memória, em Maria Augusta Torcato, para resistir «à névoa que provoca o esquecimento e cegueira», quer «na militância política e cívica sempre empenhada», da minha autoria, num país do salve-se quem puder e do deixa andar, sempre à espera dum messias que resolva, por qualquer gesto milagreiro, a sua raiva abafada de nunca ser outra coisa que a imagem crónica de pobreza. |
Plantação intensiva: do corte à escovinha e tudo em fila aos horizontes metalificados - maria augusta torcato » 2024-03-08 » Maria Augusta Torcato Não sei se por causa das minhas origens ou simplesmente da minha natureza, há em mim algo, muito forte, que me liga a árvores, a plantas, a flores, a animais, a espaços verdes ou amarelos e amplos ou exíguos, a serras mais ou menos elevadas, de onde as neblinas se descolam e evolam pelos céus, a pedras, pequenas ou pedregulhos, espalhadas ou juntinhas e a regatos e fontes que jorram espontaneamente. |
A crise das democracias liberais - jorge carreira maia » 2024-03-08 » Jorge Carreira Maia A crise das democracias liberais, que tanto e a tantos atormenta, pode residir num conflito entre a natureza humana e o regime democrático-liberal. Num livro de 2008, Democratic Authority – a philosophical framework, o filósofo David. |
A carne e os ossos - pedro borges ferreira » 2024-03-08 » Pedro Ferreira Existe um paternalismo naqueles que desenvolvem uma compreensão do mundo extensiva que muitas vezes não lhes permite ver os outros, quiçá a si próprios, como realmente são. A opinião pública tem sido marcada por reflexões sobre a falta de memória histórica como justificação do novo mundo intolerante que está para vir, adivinho eu, devido à intenção de voto que se espera no CHEGA. |
O Flautista de Hamelin... » 2024-02-28 » Hélder Dias |
Este mundo e o outro - joão carlos lopes » 2024-02-22 Escreve Jorge Carreira Maia, nesta edição, ter a certeza de que este mundo já não é o seu e que o mundo a que chamou seu acabou. “Não sei bem qual foi a hora em que as coisas mudaram, em que a megera da História me deixou para trás”, vai ele dizendo na suas palavras sempre lúcidas e brilhantes, concluindo que “vivemos já num mundo tenebroso, onde os clowns ainda não estão no poder, mas este já espera por eles, para que a História satisfaça a sua insaciável sede de sangue e miséria”. |
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» 2024-04-22
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